O pré-candidato à Presidência e deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) afirmou nesta segunda-feira (27) que conversa com o economista Paulo Guedes para ser o seu ministro da Fazenda, caso seja eleito em 2018, é o que informa reportagem de Joelmir Tavares, Renan Marra e Thaiza Pauluze, da Folha.
“Comecei a sondar o mercado sobre quem eu poderia convidar [ao cargo de ministro] e, uma vez sendo convidado, aceitaria o convite. Busquei quem foi crítico a planos econômicos, como o Cruzado, o Real…Essa pessoa eu procurei, tivemos duas conversas, no total de oito horas. É o professor e economista Paulo Guedes.”
A declaração foi dada em um evento da revista “Veja”, em São Paulo, após ele ser questionado sobre seus planos para a pasta, caso eleito.
“Ainda não existe um noivado entre nós, mas um namoro”, disse. “Se a gente teve um segundo encontro é porque houve uma certa simpatia.”
Ele e Guedes conversaram sobre a Previdência, como arrecadar mais com menos impostos e diminuir a dívida pública, entre outros assuntos. O economista é um dos fundadores do banco Pactual e do grupo financeiro BR Investimentos.
Ainda sobre economia, o deputado afirmou que terá como prioridade a manutenção do tripé econômico (regimes de metas de inflação, fiscal e câmbio flutuante).
‘NÃO É POLICIAL’
Com discurso mais liberal adotado nos últimos dias, o pré-candidato não deixou as polêmicas de lado nesta segunda. Ele defendeu, por exemplo, a participação dos 20 policiais que estão envolvidos na morte de 356 pessoas no Rio de Janeiro.
“Policial que não mata não é policial”, disse Bolsonaro ao comentar reportagem publicada pelo jornal “O Globo”. Segundo ele, esses policiais devem ser condecorados.
Questionado por um espectador se criaria uma “bolsa-fuzil”, o pré-candidato respondeu que essa seria uma boa ideia.
Quando perguntado se iria entregar metade dos ministérios aos militares, Bolsonaro ironizou. “Até pouco tempo, durante o governo PT, tínhamos ministros corruptos e guerrilheiros e ninguém falava nada”, disse, arrancando risos e aplausos da plateia.
Segundo ele, o atual ministro da Defesa, Raul Jungmann, é desarmamentista, um fato que, segundo ele, é “inaceitável”. “É a mesma coisa que você colocar em uma cirurgia um médico que tem nojinho de sangue”.
QUESTÃO DE MOMENTO
O pré-candidato comentou também declarações antigas que, à época, tiveram grande repercussão, como por exemplo a afirmação de que, para se mudar a situação do país, é necessário “uma guerra civil”, além de matar “uns 30 mil”, incluindo inocentes e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Para Bolsonaro, entretanto, tudo foi “uma questão de momento”.
“Se o [ditador norte-coreano] Kim Jong-Un lançasse uma bomba H em Brasília e só atingisse o Parlamento, você acha que alguém iria chorar?”, justificou, provocando mais risos e aplausos do público.
Em relação ao fim do foro privilegiado, Bolsonaro afirmou o projeto é um “engodo” e que pretende votar a favor do privilégio aos políticos. Segundo ele, com o fim do foro, os parlamentares, ao recorrerem de seus processos em primeira instância, poderiam ganhar tempo até que se tenha uma decisão final.
Sobre política externa, Bolsonaro criticou a relação do Brasil com a China dizendo que o que existe não é amizade, mas sim interesse. “A China não está comprando no Brasil, mas sim o Brasil”.
Para se eleger em 2018, Bolsonaro disse que tem como premissas a verdade acima de tudo, o patriotismo e a honestidade, além de “Deus no coração”.