A Comissão de Enfrentamento ao Coronavírus do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) esteve na noite desta quinta-feira (16) no Hospital Regional Deputado Janduhy Carneiro, na cidade de Patos, no Sertão paraibano, e constatou que faltam medicamentos essenciais para a manutenção da vida dos pacientes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Médicos do hospital denunciaram ao Conselho que, além da falta de remédios, há cerca de um mês, o gasômetro da unidade de saúde está quebrado ou sem reagente e, portanto, não está sendo realizado o exame de gasometria arterial ou venosa, necessário para a condução adequada do paciente grave ou com ventilação mecânica.
Patos é quarta cidade do estado com o maior número de casos registrados de Covid-19. Conforme dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES) desta quinta-feira (16), o município já registrou 2.109 casos e 62 óbitos pela doença. O Hospital Regional é uma das unidades de referência para o tratamento da infecção pelo novo coronavírus no Sertão paraibano. Possui 18 leitos de UTI e, no momento da vistoria, havia nove pacientes internados e mais dois pacientes já estavam sendo aguardados para chegar, encaminhados pelos municípios de Coremas e São Bento.
“Sabemos que há um desabastecimento mundial de determinados medicamentos usados por pacientes que estão intubados. No entanto, o CRM-PB vem fazendo visitas constantes em hospitais paraibanos e tem encontrado situação satisfatória no estoque de medicamentos de unidades de saúde estaduais, inclusive. Os hospitais de Piancó, Itaporanga e Pombal, por exemplo, possuem essas drogas. Além disso, em Patos, não estão faltando apenas medicamentos sedativos e vasoativos, faltam remédios básicos como analgésicos e antibióticos”, ressaltou o presidente do CRM-PB, Roberto Magliano de Morais.
De acordo com o conselheiro e membro da Comissão do CRM-PB que esteve no hospital de Patos, Bruno Leandro de Souza, faltam drogas vasoativas (responsáveis por manter o equilíbrio hemodinâmico em pacientes críticos), sedativos e analgésicos (indispensáveis para o conforto do paciente intubado), além de antibióticos, diuréticos e anti-hipertensivos. “Observamos que havia pacientes com necessidade iminente de drogas vasoativas, com risco real de óbito. A falta desses insumos pode ter um resultado desfavorável para esses pacientes”, explicou Bruno Leandro. O conselheiro Jânio Rolim, que também participou da vistoria, ressaltou que é preciso voltar a realiza r o exame de gasometria com urgência. “O paciente que está em gravidade clínica precisa de medicamentos e exames adequados para evoluir satisfatoriamente”, disse Jânio.
O presidente do CRM-PB ainda acrescentou que, apesar dos gestores argumentarem que os trâmites burocráticos atrasam o processo de aquisição de insumos e conserto de equipamentos, com a pandemia e o decreto de calamidade pública, esses trâmites podem ser agilizados. “São vidas que precisam ser salvas com a maior agilidade possível. Há casos em que não podemos esperar, as soluções tem que ser encontradas imediatamente. O número de leitos de UTI dos hospitais vem aumentando consideravelmente, mas a quantidade de insumos, equipamentos e profissionais precisa acompanhar esse crescimento”, completou Roberto Magliano.
O relatório do CRM-PB com o resultado da vistoria e apuração dos dados, com a ratificação de que há falta de medicamentos essenciais para os pacientes em UTI e não há providências com planejamento adequado, já foi enviado, na manhã desta sexta-feira (17) ao Ministério Público, à Secretaria Estadual de Saúde e à direção técnica do hospital.