A CNseg (Confederação Nacional de Seguradoras) fez um resumo sobre a situação das seguradoras brasileiras em 2020, ressaltando que as empresas devem sofrer menos por conta do forte crescimento do mercado de seguros nacional no ano passado.
Já a GFIA (Federação Global de Associações de Seguros, sigla em inglês) tem uma previsão mais crítica. Em seu último relatório, os analistas da GFIA alertaram que as perdas no mercado de seguros devem ser severas. O risco para as seguradoras é que os ritmos de novas contratações caíam e que as receitas comecem a diminuir bruscamente no segundo semestre de 2020.
Se você pretende investir em seguro de vida, residencial ou de qualquer outro tipo, ou pensa em investir em planos de previdência privada como VGBL, será que vale a pena neste momento? É preciso entender a situação e as previsões do mercado.
Crescimento superlativo em 2019 deve segurar o setor de seguros no primeiro semestre
De acordo com a CNseg, as seguradoras não devem sentir um impacto negativo tão forte nesse primeiro momento de pandemia. Devido ao forte crescimento em 2019, a expectativa é que a arrecadação seja mantida em níveis que podem diminuir os impactos das quedas em novas contratações, pelo menos no primeiro semestre.
Marcio Coriolano, presidente da CNseg, explicou que o bom desempenho do setor em 2019 ajudará a diminuir os impactos da crise. O executivo ressaltou que o bom número de contratos em vigência deve abrandar a queda de receita nos próximos meses.
Entre outros fatores, Coriolano também ressaltou que a baixa na sinistralidade de alguns tipos de seguros, impulsionada pela menor circulação de pessoas também será favorável ao setor na reabertura econômica e no pós-pandemia. Segundo Coriolano, a tendência é que o número de roubos e furtos, colisões de veículos e outros tipos de assistência diminuam neste período.
Perda do setor de seguros deve chegar a US$ 203 bilhões
Segundo a previsão da seguradora britânica Lloyd’s, o setor de seguros deve perder cerca de US$ 203 bilhões por conta da pandemia de coronavírus. Em comunicados, as empresas londrinas ressaltaram que o impacto negativo da pandemia é comparável ao furacão Katrina, um dos grandes desastres naturais do século.
A previsão da Lloyd’s é que haja um gasto de US$ 107 bilhões em indenizações, por conta do cancelamento de eventos e viagens. Também se estima que o setor de seguros deve perder US$ 96 bilhões por conta da recessão econômica global, que deve resultar em perda do valor de mercado das empresas do ramo.
Seguindo a previsão da Lloyd’s, em maio a IAG, a principal seguradora americana, já havia alertado que a pandemia de coronavírus pode ser a maior catástrofe que o setor de seguros já enfrentou. A empresa americana já reservou cerca de US$ 419 milhões no primeiro trimestre deste ano visando cobrir novas apólices de seguros relacionadas à COVID-19.
Outra gigante do mercado, a seguradora suíça Zurich estima custos de US$ 750 milhões em seguros durante a pandemia de coronavírus.
É importante frisar que a previsão da Lloyd’s levou em consideração que a maior parte das medidas de isolamento social foram mantidas até o fim de junho e que a reabertura econômica deve ser feita em uma flexibilização progressiva das atividades durante o segundo semestre de 2020.
Aumento do desemprego e diminuição de renda deve impactar receitas
O boletim da CNseg também aponta que com a expectativa de aumento do desemprego e a compressão de renda, as receitas das seguradoras deve ser impactada, assim como as taxas de sinistralidade dos seguros, que deve aumentar durante o período.
A expectativa é que a retração mercados tradicionais para o setor como o de automóveis e o de riscos industriais aprofunde no segundo semestre, fazendo uma pressão nas seguradoras. A pandemia também deve impactar os valores de seguros de pessoas e de saúde.
Pós-pandemia: recuperação mais rápida do setor de seguros no Brasil pode surpreender
Para Marcio Coriolano está claro que o Brasil deve enfrentar uma nova recessão econômica no pós-pandemia, mas o executivo afirmou que isso não deve desanimar as seguradoras nacionais.
Segundo o executivo, o setor industrial é o mais afetado pela pandemia, e é neste segmento que as seguranças mas devem perder receita, já que diversos contratantes da indústria podem romper ou não renovar apólices de seguros por falência ou contenção financeira.
Por outro lado, a CNseg aponta que outras categorias devem ganhar espaço num cenário de retomada. As ações do governo para mitigar a crise podem ser fundamentais para o aumento nas contratações de alguns tipos de seguros como: seguros de obras, seguros residenciais, seguros de vida, entre outros.
A expectativa da instituição é que o setor de seguros brasileiros possa surpreender com uma recuperação mais rápida do que em outros países e outros setores importantes da economia mundial em 2021.