O prefeito afastado Berg Lima, de Bayeux, município da região metropolitana de João Pessoa, oficializou renúncia ao cargo na manhã desta terça-feira (14).
Berg Lima afirma que questões familiares, pessoais, bem como o excesso de traições e perseguições o incentivaram na tomada final da decisão.
Apesar de ter decidido se retirar oficialmente do cargo de prefeito ontem, o presidente interino da Câmara Municipal de Bayeux, Inaldo Andrade (PL), não aceitou o pedido de renúncia porque Berg Lima havia chegado com o documento oficial após o fim do horário de expediente e, por isso, apenas hoje, foi possível a oficialização.
Atualmente o município de Bayeux é administrado pelo presidente da Câmara, Jefferson Kita (Cidadania), mas, com a saída oficial do gestor, uma nova eleição para prefeito e vice podem ser realizadas em Bayeux dentro de um prazo de trinta dias.
Berg Lima, agora ex-prefeito, enfrenta uma série de problemas judiciais relacionadas a supostas irregularidades cometidas durante a sua gestão, dentre elas a contratação de servidores fantasmas para a Prefeitura ainda no ano de 2017, recebimento de propina e aplicação indevida de verbas públicas.
Confira abaixo a íntegra da carta renúncia de Berg Lima:
“Tive a honra e a felicidade de ser escolhido pelo povo de Bayeux para servir minha cidade na condição de prefeito. Por outro lado, desde então, as forças e os poderes que sempre tiveram interesses e dominaram a cidade sem cuidar do povo não se conformaram com a legítima decisão que cada cidadão e cidadã de Bayeux tomou nas urnas.
Vitima de uma armação jamais vista, fui afastado, perseguido, passei por uma verdadeira provação ao lado da minha família e dos poucos que querem realmente o bem da nossa cidade e da nossa gente. O justo prevaleceu e retornei à missão que me foi confiada pelo povo de Bayeux. Trabalhei dia e noite para honrar a confiança de cada cidadão, ainda mais quando tivemos que enfrentar bravamente uma pandemia sem precedentes.
Entretanto, ver Bayeux bem cuidada e no caminho certo incomoda muita gente, ainda mais em ano eleitoral. Arrumaram qualquer motivo para, numa clara perseguição pessoal, me afastarem mais uma vez e entregar a cidade na mão dos meus oportunistas algozes, verdadeiros tiranos que não guardam qualquer compromisso com nossa gente, numa trama medíocre e repugnante.
Não resta qualquer dúvida que há uma cruzada contra a minha pessoa e que essas pessoas não descansarão enquanto não tirarem da mão do povo o direito de escolher seu prefeito.
Não temo qualquer um deles, tampouco me acovardo na luta, mas minha missão maior sempre foi com o povo da minha amada Bayeux. Essa perseguição injusta e covarde já causou muito mais mal à nossa cidade até que a mim mesmo.
Sendo assim, para tentar dar à minha amada Bayeux uma última esperança de ter paz e poder seguir caminhos melhores, renuncio, em caráter irrevogável e irretratável, com muita dor, ao cargo que com muita honra recebi do povo para que o alvo passe a ser apenas eu e nosso povo e nossa cidade possam ter tempos melhores.
Cristão convicto, relevo as injustas acusações e perseguições assacadas contra mim, entregando nas mãos do Nosso Pai Celestial o Julgamento Maior e Final.
Bayeux- PB, 13 de julho de 2020.
GUTEMBERG DE LIMA DAVI”.