Embora o STF (Supremo Tribunal Federal) tenha decidido na semana passada pela legalidade do inquérito das fake news, a entidade que representa integrantes do Ministério Público Federal mantém o posicionamento de que as provas coletadas estão “contaminadas”.
A justificativa da entidade é pelo fato de a investigação não ter sido aberta da maneira usual. O inquérito foi instaurado de ofício, ou seja, sem provocação da PGR (Procuradoria-Geral da República), e o relator, Alexandre de Moraes, foi designado pelo presidente Dias Toffoli, e não sorteado.
Em entrevista à Folha, o presidente da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), o procurador regional Fábio George Cruz da Nóbrega, 49, afirma que esse “vício de origem” comprometeu a investigação e pode invalidá-la.
Nóbrega defende que haja investigação sobre os ataques a autoridades e repudia ofensas ao Supremo, mas discorda da condução do inquérito. “Os ministros não podem concentrar diversos papéis, de vítima, investigador e julgador, porque isso quebra a imparcialidade do julgamento”, diz Nóbrega.
Na entrevista, ele também critica insinuações que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem feito sobre uma suposta aproximação com o procurador-geral da República, Augusto Aras.
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Fábio George Cruz da Nóbrega, 49, é procurador regional da República na 5ª Região (que envolve seis estados do Nordeste) e presidente da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) no biênio 2019-2021. Formado em direito pela Universidade Federal da Paraíba, foi conselheiro do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) entre 2014 e 2018.