“Ser professor é vender a possibilidade de sonhar. Não um sonho distante, fora da realidade. Mas um sonho possível que transforma contextos sociais por meio do conhecimento e do senso crítico. Ser professor é uma atividade de bastante orgulho e de muita responsabilidade”. A fala é do professor João Justino Barbosa, que dá aula de Ciências na Escola Municipal José Américo de Almeida, localizada no bairro de José Américo.
Neste dia 15 de outubro, data especial em que homenageamos nossos mestres, reunimos algumas histórias de professores que atuam na rede municipal de ensino. Eles compartilham as alegrias, lembranças e os desafios de sua profissão.
O professor João Justino Barbosa leciona há mais de 15 anos. Ele fez licenciatura em Química por influência do tio, que também é professor. Para ele, não há dúvidas de que lecionar é a profissão mais importante do mundo. “Sem o professor não existiria a ideia de sociedade ou o senso de bem comum”, ressalta.
João Justino acrescenta que o professor é o agente que atua próximo às pautas sociais e, hoje, o maior desafio é conscientizar alunos, pais e a sociedade como um todo sobre os limites das atribuições da sua profissão.
“No contexto atual, estamos vendo uma escalada de pessoas nas redes sociais que negam a importância do currículo formal. Um discurso, muitas vezes, propagado por pessoas da elite e sendo replicado por pessoas das camadas mais pobres. Isso é preocupante”, comenta.
“Por isso, minha maior realização profissional é conseguir ver a ascensão da mobilidade social e a tomada de consciência por parte dos meus educandos. É ver crianças e adolescentes de diferentes bairros, muitos em realidades carentes, com dificuldades, conseguindo essa ascensão e tomada de consciência através do conhecimento”, finaliza.
Para o professor André Castro, que ministra aulas de Ciências na Escola Municipal Índio Piragibe, em Mangabeira VII, o desafio em sala de aula é planejar o aprendizado de forma individualizada, compreendendo e respeitando que cada aluno tem sua forma de aprender.
“A Escola Índio Piragibe é referência no ensino para pessoas com deficiência. Então, nós precisamos ter esse olhar individualizado. Pensar um planejamento que possa alcançar cada um deles. E isso é desafiador, demanda tempo e muito trabalho”, ressalta.
Mas, o que é desafiador para André, é também o que causa maior alegria na profissão. “Tem aluno que chega e diz ‘professor, eu acho sua matéria difícil, mas gosto do senhor, e isso me faz ter vontade de vir para a escola, de assistir sua aula’. Isso enche o processo de alegria”, acrescenta.
Para Manoel Messias, que dá aulas de Português na Escola Municipal Padre Pedro Serrão, localizada no bairro do Cristo, o professor tem o caráter de transformar realidades, de ser agente de mudança. “Minha vida foi transformada pelo estudo, e eu quero que meus educandos compreendam isso. Desejo que eles revolucionem a vida deles, assim como eu revolucionei a minha. Então, isso contribui para que eu permaneça firme na profissão, de cabeça erguida e acreditando que foi a escolha certa que eu fiz”, disse.
Isso porque, de forma indireta, o professor também passa por esse aspecto afetivo e emocional, em compreender o contexto social em que os alunos vivem, suas limitações, seus anseios e seus sonhos. “Não é só chegar em sala de aula, compartilhar o conteúdo e pronto. É preciso um olhar humanizado para o aluno. Ser professor é dialogar, é compartilhar exemplos, é ser exemplo, é ser forte, é insistir, ser resiliente diante do sistema, é ser agente transformador de vidas”, finaliza.