O Hospital de Clínicas de Campina Grande, unidade integrante da rede hospitalar do Governo da Paraíba, encontrou uma forma diferente de acolher as crianças submetidas a cirurgias. Por meio da equipe multidisciplinar, envolvendo profissionais de psicologia, serviço social, nutrição, fisioterapia e enfermagem, é realizado um acolhimento humanizado, com a realização de brincadeiras e animações.
A ação acontece sempre aos finais de semana, quando existe um maior volume de cirurgias pediátricas no hospital. A humanização começa desde a chegada dos pacientes. O diferencial passa pelos detalhes, como a decoração dos corredores e enfermarias com balões e personagens infantis, uso momentâneo de adornos com motivos infantis pelos profissionais de saúde, sala com ambiente lúdico, além de um tratamento sutil e cortês, para que os pequenos fiquem à vontade.
Enquanto as crianças esperam o horário de ir para o bloco cirúrgico, a equipe multi segue de enfermaria em enfermaria, cantando, fazendo coreografias, e convidando os pequenos para um momento de brincadeira na brinquedoteca. Eles desenham, pintam, dançam e se divertem. Na hora de fazer o acesso venoso, normalmente acompanhado de medo e choro, as enfermeiras fazem balões com luvas e desenhos nos esparadrapos, aliviando a tensão e trocando a lágrima pelo sorriso.
O coordenador de Psicologia do hospital, Vimário Lacerda, diz que a quebra de tensão pode ser explicada, do ponto de vista da psicologia. De acordo com ele, a realização de algum procedimento hospitalar é um desafio para as crianças, e o acolhimento humanizado faz grande diferença nesse momento.
“A hospitalização, por si só, é um evento angustiante para as crianças, um ambiente desconhecido, onde elas vivenciam momentos dolorosos, como a colocação de acesso, a tomada de anestesia, e ainda precisam lidar com a quebra de rotina. Portanto é natural a alteração de comportamento e a ansiedade. Então a intervenção humanizada, adotada aqui no HC com o uso de musicoterapia, arteterapia, contação de histórias e outras iniciativas, ajuda justamente a reduzir a ansiedade e o medo, tornando a criança mais calma e colaborativa, além de ser positivo também para os pais,” explica o psicólogo.
Ainda dentro da proposta de humanização, os pais seguem com os filhos até o momento da sedação, promovendo assim, mais tranquilidade para todos.
Raquel Moreira é mãe de Nicolas Matheus, de 12 anos, que passou por cirurgia de adenoidectomia e amigdalectomia, e fala sobre a experiência. Eu não sabia que aqui tinha essa possibilidade e já tinha até pedido ao médico para entrar e acompanhar o momento da sedação devido ele ter ansiedade. Poder entrar com ele, passa tranquilidade pra gente e pra eles, que se sentem mais seguros. Isso é ótimo”, opinou.
Após as cirurgias, a equipe multidisciplinar ainda promove uma sessão de cinema, com a projeção de filmes infantis, teatro de fantoches e contação de histórias. O diretor-geral do hospital, Thyago Morais, comenta que o acolhimento humanizado já virou uma marca do atendimento na unidade. “O cuidado e zelo com cada paciente que chega aqui no HC vem desde o tempo da covid, e essa herança tornou o hospital reconhecido por isso. Cuidamos do outro como gostaríamos que cuidassem dos nossos. Não tem segredo,” pontua.
De janeiro a julho, o Hospital de Clínicas já realizou mais de 9 mil cirurgias eletivas, através do programa Opera Paraíba e mais de 36 mil atendimentos ambulatoriais. Para ter acesso à realização de cirurgias, é necessário realizar o cadastro no programa Opera Paraíba, através da secretaria de saúde de cada município ou através do endereço eletrônico operaparaiba.pb.gov.br.