A Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio do Núcleo de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/Aids), marcou o “Dia Estadual de Luta contra o HTLV” – celebrado neste dia 10 de julho por iniciativa do Governo da Paraíba – com a realização da “Oficina HTLV: Saindo da Invisibilidade”. O evento, que contou com as presenças de representantes do Ministério da Saúde, Fiocruz, Centro de Testagem e Aconselhamento e Serviço de Assistência Especializada em HIV/AIDS, Laboratório Central da Paraíba (Lacen-PB), Hemocentro, ONGs e várias organizações da sociedade civil (indígenas, quilombolas e prostitutas), aconteceu no auditório da Faepa, em João Pessoa, das 8h30 às 17h.
A oficina teve como objetivo dar visibilidade à população e aos profissionais de saúde sobre a infecção causada por um vírus ainda pouco conhecido, que não tem cura e nem tratamento, mas tem prevenção. O HTLV é um vírus da mesma família do HIV (Aids), que pode causar doenças graves, como câncer e desordens neurológicas. Apesar da gravidade, o tema vem sendo negligenciado, há muitos anos, em todo mundo. A Paraíba tem trazido o assunto como prioridade para as agendas de saúde e já tem ações desenvolvidas.
De acordo com a chefe do Núcleo de IST/Aids, da SES, Joanna Ramalho, além da instituição do Dia Estadual, o Lacen-PB vem desenvolvendo um projeto piloto – com a aquisição dos exames para diagnósticos – por meio do qual já está sendo feita a coleta de amostras em doadores de sangue do Hemocentro e em gestantes de alto risco atendidas na Maternidade Frei Damião. “Em menos de um ano de implantação do projeto, já foram diagnosticadas 15 pessoas com HTLV na Paraíba, entre elas, uma gestante que vem sendo acompanhada por uma equipe multiprofissional”, revelou.
Uma das palestrantes do evento é Adijeane Oliveira de Jesus. Ela é uma das 600 pessoas portadoras do vírus HTLV que integram a “Associação HTLVida”, da Bahia. Somente na família dela tem seis pessoas com o vírus. Além dela, os pais e três irmãos. Dos seis, somente ela e o irmão apresentaram sintomas graves. Ela está de cadeira de rodas e o irmão morreu com leucemia decorrente do vírus. “A nossa associação existe há 14 anos com o objetivo primordial de cuidar das pessoas com o vírus e lutar para estabelecer políticas públicas eficientes, a fim de erradicar o HTLV em todo país”, disse.
Sobre políticas públicas já existentes no país, quanto ao HTLV, quem falou no evento foi a médica e referência do Ministério da Saúde no tema, Mayra Aragon. “O Ministério da Saúde está em processo de implementação, em todo país, da testagem de todas as gestantes pelo SUS, já que uma forma de transmissão do vírus é durante a gravidez – da mãe para o filho. Se a gestante for confirmada com HTLV, não pode amamentar e vai ter direito a ganhar fórmula infantil. Além disso, saiu a Portaria, no início deste ano, colocando o HTLV como uma doença de notificação compulsória (obrigatória)”, esclareceu.
Para a representante da saúde indígena, Cida Potiguara, a oficina é um evento de extrema importância. “Como é uma doença antiga, mas só hoje estamos tendo essa visibilidade e a gente sabe que a população indígena é carente e está dentro da população prioritária para essa doença, então a gente tem interesse em estar conhecendo, saber quais as ações e as políticas públicas pra gente entrar em ação e combater essa doença”, falou.
De acordo com a presidente da Associação das Prostitutas da Paraíba (Apros), Luza Maria, é de suma importância participar do evento. “Isso é motivo de dar os parabéns ao governo por estar se preocupando em trazer informações e políticas públicas sobre o HTLV para a sociedade civil. Espero que esses conhecimentos sejam ofertados dentro das unidades de saúde, para que a população possa fazer testagem e todo o tratamento como tem com a Aids, por exemplo”, pontuou.
Segundo Jair Brandão, do Ministério da Saúde, é de extrema importância o diálogo com os profissionais de saúde e a sociedade civil para que o tema entre em suas agendas de trabalho e discussões. “A Paraíba é o terceiro estado a promover a oficina. A 1ª foi no Maranhão, em agosto de 2023; a 2ª no Pará, em junho deste ano de 2024, e estão agendadas para agosto próximo Piauí e Rio Grande do Norte e, em setembro, Pernambuco”, informou.
Como se prevenir contra o HTLV – Como se trata de uma infecção sexualmente transmissível (IST), a melhor prevenção é o uso de preservativos; fazer exames no Centro de Testagem e Aconselhamento e Serviço de Assistência Especializada em HIV/AIDS; não compartilhar materiais e utensílios perfurocortantes, como seringas e agulhas e mães vivendo com HTLV não podem amamentar, uma vez que a doença também é transmitida de forma vertical, ou seja, da mãe para o filho, durante a gestação.