O tempo fechou no PSOL após reunião de alguns dirigentes com o deputado Luciano Cartaxo, sinalizando apoio à sua candidatura. Uma ala expressiva do partido emitiu nota, nessa quinta (27/06), não apenas contestando apoio a Cartaxo, mas especialmente reafirmando a necessidade do partido ter candidatura própria. O pré-candidato do partido é Celso Batista.
De acordo com esta matéria publicada pelo blog do Helder Moura, na nota, os filiados advertem: “Quem está à frente destas negociações não possui autorização do partido para celebrar este tipo de composição, quando muito, promover diálogos, mas nada além disso. Não há decisão interna no âmbito do PSOL que referende o apoio à candidatura de Luciano Cartaxo.” E ainda: “Reafirmamos o nosso compromisso com a pré-candidatura do companheiro Celso Batista como legítimo representante do PSol.”
Quem manteve entendimento com Luciano Cartaxo foi o ex-candidato Tárcio Teixeira.
CONFIRA ÍNTEGRA DA CARTA…
As eleições para prefeito e vereadores de João Pessoa, capital do Estado, são de grande importância para o PSOL na Paraíba. Os erros e acertos do partido na capital repercutirão em todo o Estado.
Pensando nisso, e preocupados(as) com a repercussão negativa do que foi publicado na imprensa da capital nesta semana, sobre as tratativas de alguns dirigentes do partido com a candidatura de Luciano Cartaxo (PT) para prefeito de João Pessoa sem a devida discussão e construção coletiva interna, em detrimento da pré-candidatura do companheiro Celso Batista, legitimamente referendada pelo PSOL desde fevereiro de 2024, nós, filiados(as), simpatizantes e dirigentes do PSOL na capital e na Paraíba, resolvemos tornar público a divergência no âmbito do partido em relação ao fato acima mencionado, que ao nosso sentir, representa um erro, além de impor ao PSOL um custo político e eleitoral sem precedentes na capital paraibana, motivo pelo qual, trazemos à público nesse instante, a existência de um posicionamento político divergente no âmbito do partido, que por sua vez, encontra-se ancorado nos seguintes elementos:
01 – O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) é amplamente reconhecido por seu compromisso com a democracia interna e a participação ativa de seus filiados nas decisões partidárias. Este princípio está profundamente enraizado na gênese e na filosofia do partido, que valoriza a transparência, a horizontalidade e a participação coletiva como pilares fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
02 – No contexto das eleições municipais, a escolha de um candidato a prefeito é sempre uma decisão de grande importância e impacto para um partido como o PSOL. A memória e o fantasma do erro político praticado na construção da candidatura majoritária do PSOL em 2020 na capital, que precisou ser substituída no curso das eleições, devem indicar de forma concreta o tamanho da responsabilidade que recai sobre o partido para uma decisão dessa magnitude.
03 – Seguindo princípios democráticos basilares, é de se esperar que o PSOL defina sobre a candidatura majoritária de forma coletiva, envolvendo a maioria dos filiados e filiadas no município, e não apenas um pequeno grupo de dirigentes. Essa prática garante que o caminho a ser trilhado pelo PSOL em João Pessoa, aponte para uma candidatura que represente verdadeiramente os interesses e aspirações da base do partido, evitando a concentração de poder ou decisões unilaterais e açodadas, que inevitavelmente, afastam o partido de suas raízes democráticas e populares.
04 – O cenário eleitoral em João Pessoa demanda uma análise criteriosa e honesta por parte do partido. O exercício de olhar para as contradições e para as desigualdades que se aprofundam em nossa realidade, fazendo um recorte dos últimos 12 anos, irão nos colocar em um contexto em que as últimas gestões, Cartaxo e Cícero, se encarregaram de dar vazão a um mesmo projeto político de cidade, que por sua vez exponenciou o abismo social, tornando João Pessoa uma das capitais com maior índice de desigualdade social no país.
05 – Diante deste contexto, uma candidatura de esquerda, que tenha coragem de enfrentar os desafios postos, é imperativa para um partido como o PSOL. É fundamental também que o debate político sobre essa realidade, se mantenha e se oriente por parâmetros fundados na transparência e lastreados em fatos reais. A prática de inventar polarizações artificiais apenas para favorecer certos interesses eleitorais desvirtua o processo democrático, borra a cena política, confunde a percepção da realidade, prejudicando a escolha consciente e informada dos eleitores. Por isso, cabe ao PSOL lançar luzes no debate político da cidade, e não subvertê-lo.
06 – Querer justificar alianças políticas com base na conveniência eleitoral, se apoiando no cenário nacional, sem considerar a realidade local, desprezando o acúmulo histórico das lutas do PSOL em João Pessoa e a conduta ética das partes envolvidas, é uma prática perigosa e injustificável. Quando as alianças são realizadas em bases oportunistas, meramente pragmáticas e não programáticas, tais alianças não apenas traem os princípios de transparência e honestidade, mas também levam a administrações municipais ineficientes e corruptas, prejudicando gravemente a população.
07 – Para o processo eleitoral que se avizinha, é essencial que o PSOL em João Pessoa mantenha seu compromisso com a ética e a transparência, rejeitando alianças que comprometam os valores democráticos e a imprescindível construção coletiva interna. Além disso, é fundamental que o PSOL não abdique de promover um amplo debate público, às claras, sobre o que queremos para João Pessoa nos próximos 04 anos, e isso se faz por meio de escuta às bases do partido.
08 – A resolução eleitoral de 2024 do PSOL no município de João Pessoa, quando orienta para que o partido empreenda esforços para formação de uma frente, composta com os partidos de esquerda para uma possível candidatura única do bloco na capital, reflete antes de tudo intenções, projeções de cenários futuros desejados, mas que por óbvio, não retira, não compromete (e nem poderia) a capacidade do partido de promover, no tempo devido, a análise da conjuntura política e eleitoral do momento.
09 – Portanto, um eventual movimento de retirada da pré-candidatura do companheiro Celso Batista, sempre foi, nos termos da dita resolução, apenas uma opção partidária, diante do contexto e da conjuntura local do momento, e não uma sentença que vinculasse uma posição definitiva do PSOL em João Pessoa, independentemente do cenário político que viesse a se consolidar. Querer amarrar ou esvaziar o senso crítico sobre a conjuntura política em João Pessoa nesse momento, querer amordaçar a militância do PSOL sobre o que deseja para a cidade, sem a ampliação do debate interno, é algo que fragiliza o partido.
10 – Esta carta dirigida aos filiados e simpatizantes do PSOL em João Pessoa e na Paraíba, serve exatamente para esse propósito. Dizer em alto e bom som que a posição de alguns dirigentes partidários em avançar nas tratativas com a candidatura de Luciano Cartaxo (PT), sem a promoção de um devido e amplo debate público, não encontra ressonância no conjunto do partido. Quem está à frente destas negociações não possui autorização do partido para celebrar este tipo de composição, quando muito, promover diálogos, mas nada além disso. Não há decisão interna no âmbito do PSOL que referende o apoio à candidatura de Luciano Cartaxo (PT), a quem, diga-se de passagem, o PSOL em João Pessoa, promoveu intensa, combativa e sistemática oposição, durante o seu ciclo de gestão à frente da prefeitura nos períodos (2013/2016 – 2017/2020).
11 – Por fim, reafirmamos, diante desse contexto, a necessidade de defesa de uma candidatura própria do PSOL para prefeitura de João Pessoa, que por sua vez irá apresentar e defender um programa de governo ousado para nossa capital, que seja capaz de romper com o continuísmo do ciclo governamental Cartaxo / Cícero, e que seja capaz também de potencializar nossa pré-candidaturas para vereadoras e vereadores. Defendemos uma pré-candidatura que enfrente os desafios políticos, sociais, ambientais, climáticos e econômicos que estão colocados na nossa realidade. Defendemos o programa “Direito ao Futuro: Cidades”, que por sua vez, apresentará respostas para os problemas enfrentados por uma capital que já superou 800 mil habitantes.
12 – Nesse sentido, sem prescindir do debate no sentido da construção de uma frente progressista, reafirmamos o nosso compromisso com a pré-candidatura do companheiro Celso Batista como legítimo representante do PSOL nas eleições de 2024, que por sua vez contribuirá na organização da nossa chapa de vereadores(as) em João Pessoa, de forma a obter o melhor resultado político nas próximas eleições.
João Pessoa – PB, em 27 de junho de 2024.
Adjany Simplício – Pré-candidata a Vereadora em João Pessoa, Secretária de Comunicação do Diretório Estadual do PSOL-PB, membro da Setorial de Mulheres do PSOL-PB
Andrea Miranda – Presidenta do Diretório Municipal do PSOL em Cabedelo
Alexandre Soares – Pré-candidato à Vereador em João Pessoa e membro do Diretório Municipal do PSOL/JP
Aldo Branquinho – militante do PSOL/CG e da corrente Primavera Socialista Avenzoar Arruda – Filiado ao PSOL
Cleyton Ferrer – Filiado ao PSOL de Santa Rita
Marcos Patrício – Membro da executiva municipal do PSOL em Cabedelo. Ex-membro da executiva estadual do PSOL/PB
Olímpio Rocha – Filiado ao PSOL de Campina Grande
Profa. Kakau Souto – Vice-Presidenta do PSOL de Cabedelo
Prof. Wilton – Membro do Diretório Municipal do PSOL em Cabedelo e integrante da Primavera Socialista
Prof. Rogério Bezerra – Pré-candidato a prefeito pelo PSOL em Cabedelo”