As perspectivas climáticas para o Nordeste foram apresentadas, na manhã desta quarta-feira (8), em João Pessoa, na 3ª reunião do grupo Acompanhamento do Nordeste para Garantia da Segurança Hídrica da Agência Nacional das Águas (ANA). As chuvas devem variar entre normal e a acima da média histórica no litoral nordestino nos próximos meses, de acordo com a exposição realizada pela Agência Executiva e Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa).
O fenômeno meteorológico La Niña, que é o resfriamento das águas do oceano Pacífico, deve ser o maior responsável pelas precipitações nos meses de maio, junho e julho na faixa leste do Nordeste, segundo o gerente de Monitoramento e Hidrometria da Aesa, Alexandre Magno Teodósio de Medeiros.
“As principais modelagens do clima, praticamente 90% dos modelos mais conceituados, dão um prognóstico de probabilidades de chuva de normais a acima da média no trimestre. Os principais estudos indicam que a influência da La Niña pode, inclusive, se estender ao longo de todo o ano”, explicou.
Além da previsão climática, durante a reunião do grupo técnico também foi ressaltada a importância dos instrumentos de gestão compartilhada, com destaque para o Termo de Alocação Negociada, empregado para disciplinar o uso da água em regiões de conflitos.
“Tivemos o privilégio de acompanhar a primeira alocação em 2014, numa época onde os ânimos estavam acirrados, muito porque os usuários não tinham clareza da informação, de como aquela água seria distribuída. Após dez anos melhorando a aplicação dos termos, as reclamações e descumprimentos das regras são raríssimos. Hoje, quando somos questionados pelos órgãos fiscalizadores do porquê de uma comporta estar aberta ou fechada, nós enviamos o Termo de Alocação mostrando o documento feito com a participação dos usuários de água e apresentamos nossos boletins de acompanhamento dos reservatórios da região”, destacou o diretor-presidente da Aesa, Porfírio Catão Cartaxo Loureiro.
Para o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte, Paulo Lopes Varella Neto, o uso do termos de alocação deve ser incentivado em todo o país. “A alocação negociada de água sintetiza todos os instrumentos de gestão participativa. É como se nós estivéssemos traduzindo as normas técnicas para um português simples, a fim de que o usuário compreenda a quantidade de água que ele terá à disposição. Essa é uma ferramenta democrática por essência que tem trazido paz para a distribuição dos recursos hídricos”, ressaltou.