A Fundação Casa de José Américo (FCJA) realiza, nesta sexta-feira (15), a partir das 9h30, no Auditório do Centro Cultural Ariano Suassuna, em João Pessoa, a solenidade de lançamento de publicações comemorativas à obra literária magna do escritor paraibano José Américo de Almeida, ‘A Paraíba e Seus Problemas’, além de um seminário. O evento integra as comemorações do centenário do lançamento do livro, iniciadas no ano passado.
Em parceria com a Academia Paraibana de Letras (APL), o Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP) e o Senado Federal, a solenidade promovida pela FCJA irá marcar o lançamento de dois livros: a sexta edição revisada de ‘A Paraíba e Seus Problemas’, que traz apresentação do acadêmico e ex-presidente da República José Sarney, integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL); e o segundo volume do ‘Fortuna Crítica’, com diversos ensaístas que analisam a obra centenária de José Américo em diferentes abordagens: geográficas, históricas, sociológicas e literárias.
As duas obras foram editadas e impressas na Gráfica do Senado Federal. O ‘Fortuna Crítica’ tem como organizador o professor e economista Marcos Formiga, da Universidade de Brasília (UnB). “O lançamento desses dois livros é um feito institucional, marcando assim um momento de alta relevância nas comemorações do centenário do lançamento de ‘A Paraíba e Seus Problemas’. É um momento especial”, avalia o presidente da FCJA, Fernando Moura, ressaltando que as comemorações se iniciaram em 2023, mas terão sequência por todo este ano de 2024.
Ainda destaca Fernando Moura: “É um material que vai se somar às comemorações que foram iniciadas no ano passado, com o lançamento de uma primeira ‘Fortuna Crítica’, em parceria com a Universidade Estadual da Paraíba. Agora, a FCJA lança mais uma ‘Fortuna Crítica’, desta vez em parceria com a APL, o IHGP e o Senado Federal, além da reedição do ‘A Paraíba e Seus Problemas’. É um marco que deixa para as gerações atuais e futuras um material relevante para estudos, análise e, até mesmo, para o deleite de quem gosta de literatura”.
“Essa iniciativa das instituições”, explica Ramalho Leite, presidente da APL, “objetiva fazer justiça ou corrigir a injustiça com uma das principais obras que edificaram a concepção e pensamento do Nordeste e do Brasil como país”. Enfatiza o acadêmico: “Este evento de 15 de março se revestirá da maior importância para o momento cultural da Paraíba, objetivando disseminar entre a juventude atual a obra sociológica, antropológica e histórica de José Américo de Almeida”.
“É uma grande honra para a nossa instituição fazer parte desse projeto coordenado pelo professor Marcos Formiga, no tocante à reedição da obra ‘A Paraíba e Seus Problemas”, diz o presidente do IHGP, Jean Patrício. “José Américo de Almeida, que foi nosso confrade, um grande entusiasta do IHGP e é, atualmente, patrono da Cadeira 50, foi um ativo sócio e um dos grandes incentivadores, inclusive da construção da nossa sede em 1955”. O Instituto Histórico e Geográfico Paraibano é a instituição cultural mais antiga em funcionamento do estado da Paraíba. Ela foi fundada no dia 7 de setembro de 1905.
Já o professor Marcos Formiga aponta: “A solenidade da celebração do centenário e a homenagem ao seu autor têm um duplo propósito: disseminar o conjunto ímpar de obras de José Américo, a partir daquela que o autor considerava como a sua preferida; e um apelo aos jovens, pois a juventude brasileira, especialmente a nordestina, precisa ler e conhecer o estado da Paraíba”.
Integrante da APL e do IHGP, Francisco de Sales Gaudêncio foi o terceiro presidente da FCJA, no período de junho de 1987 a setembro de 1991. E ele avalia: “A solenidade e o relançamento da obra de José Américo de Almeida têm relevância muito grande para a Paraíba, à cultura, à classe dos intelectuais e escritores e para os jovens que estão na caminhada pelo conhecimento da obra de José Américo, o político, o literato, o antropólogo…”.
Para Sales Gaudêncio, o evento de sexta-feira tem que ser enaltecido: “Isso traz uma relevância enorme para ‘A Paraíba e Seus Problemas’, importante obra de José Américo e que ficou à margem de ‘A Bagaceira’, também de extrema importância para o regionalismo e o modernismo brasileiro”.
Jean Patrício ainda aponta: “A participação do IHGP neste projeto é de grande alegria, porque na própria obra ‘A Paraíba e Seus Problemas’ você vai encontrar várias fontes de pesquisa que foram realizadas no próprio Instituto Histórico e Geográfico Paraibano. Inclusive relacionadas à revista do Instituto Histórico, como também de vários autores da ‘Fortuna Crítica’ que fazem parte do IHGP, como os confrades José Octávio de Arruda Melo e Flávio Ramalho de Brito; e outros tantos companheiros. Então, para a gente, é de suma importância, porque a redação dessa obra representa um marco na cultura sociopolítica do nosso estado”.
Concretização da reedição
O presidente da Academia Paraibana de Letras, Ramalho Leite, informa que a concretização do projeto de reedição da obra de José Américo nasce numa articulação do vice-presidente da APL, Sales Gaudêncio, com o professor e economista paraibano Manoel Marcos Maciel Formiga e o sociólogo maranhense Rossini Corrêa. “O projeto foi desenvolvido com a efetiva participação institucional do IHGP e da Fundação Casa de José Américo”.
Para o ‘Fortuna Crítica’, foram feitos convites a vários intelectuais paraibanos e do Brasil para externarem suas avaliações e críticas sobre a obra pioneira e interdisciplinar sobre o estado da Paraíba, a exemplo do ex-presidente da República e acadêmico José Sarney, e com ele, Fernando Moura, Hidelberto Barbosa Filho, Irene Rodrigues, Janete Lins Rodrigues, Flávio Ramalho de Brito, Jean Patrício da Silva, José Nêumanne Pinto, Marcos Formiga, Cristina Cavalcanti, José Octávio de Arruda Melo, Neide Medeiros, Rossini Corrêa, Vamireh Chacon e Maria do Socorro Silva de Aragão.
Marcos Formiga também lembra que, com três anos de antecedência, a APL, o IHGP e a FCJA se mobilizaram para marcar a passagem do centenário da obra magna de Jose Américo. “Um esforço coletivo visando melhor divulgar a notável análise e interpretação do mais abrangente e completo compêndio, com claro perfil enciclopédico sobre um estado do Brasil”, destaca o professor.
A obra ‘A Paraíba e Seus Problemas’, para Marcos Formiga, multiplicou sua influência em gerações de escritores brasileiros e regionais, como Raquel de Queiroz, Gilberto Freyre, José Lins do Rêgo, Josué de Castro, Jorge Amado, Sérgio Buarque de Holanda, Graciliano Ramos, Guimaraes Rosa e tantos outros. “Com ideias germinativas advindas do escritor paraibano, uma plêiade de intelectuais que o conhecem e admiram sua referenciada obra”.
Da ‘Fortuna Crítica’, o economista ressalta que merece citar a obra como “rica contribuição aos leitores, ao disponibilizar um glossário de ‘A Paraíba e seus Problemas’… Justificada necessidade pela profusão de termos técnicos utilizados por José Américo em sua análise inter e multidisciplinar para explicar e compreender a Paraíba e o Nordeste”.
Segundo Marcos Formiga, José Américo, ao focar seu estado, descreveu a extensa Caatinga e toda a Região Semiárida, que abrange a quase totalidade da área do Nordeste, e chega a abranger dois estados do Sudeste. E ele dá a receita: “Se o jovem preferir fazer uma leitura compacta da obra em questão, deve começar por dois fundamentais capítulos: ‘O Martírio’ e ‘O Abandono’. Neles concentram a compreensão de toda a complexidade da Região Nordeste e a gênese do problema socioeconômico da seca”.
Por fim, o acadêmico Sales Gaudêncio, dá o recado: “Como integrante da APL e do IHGP, ressalto o evento da FCJA, que vai reunir grandes figuras da intelectualidade brasileira para debater, na visão deles, quem foi José Américo para a Paraíba. Um grupo de intelectuais de destaque, debatendo e divulgando a figura de José Américo de Almeida”.