A Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) e a Associação Paraibana de Autismo (APA), em parceria com a Clínica Viviane Lopes (CVL), realizaram, neste sábado (2), um curso voltado para os pais de crianças autistas. O encontro aconteceu no Espaço Cultural José Lins do Rego e reuniu cerca de 300 pessoas.
“Esta é uma ação muito importante que estamos fazendo com pais e mães de crianças autistas em parceria com a Clínica Viviane Lopes. Entendemos que é preciso orientar e cuidar daquelas pessoas que mais cuidam das crianças autistas que são os seus pais, suas mães, suas famílias. Então, reservamos um momento de acolhida para essas famílias, de forma que possamos, com a ajuda de especialistas, orientar e prover essas famílias de mais instrumentos para melhorar os cuidados com os seus filhos”, analisa o diretor executivo da Funjope, Marcus Alves.
Ele lembra que a Fundação, junto com a APA e Turma Tá Blz, já desenvolve, há mais de dois anos, a Tardezinha Inclusiva, projeto de inclusão social pela arte. “Sentimos essa necessidade de termos um olhar muito especial para as famílias. Esta é uma orientação do nosso prefeito Cícero Lucena e eu acho que estamos dando forma, a partir desse curso de capacitação de ABA, que é uma ciência voltada para o tratamento e os cuidados com as crianças autistas”, acrescenta.
O curso, que é gratuito, faz parte de um projeto da APA, com apoio da Prefeitura, chamado ‘Cuidando de Quem Cuida’. “Nós cuidamos dos nossos autistas, mas também cuidamos das famílias, daqueles que vão ensinar. É o primeiro curso para pais, uma ideia nossa, junto com a Clínica Viviane Lopes, que acolheu nossa ideia, e outras clínicas vieram acolher nosso projeto. Não será apenas este módulo. Agora foi só um primeiro momento”, explica a presidente da APA, Hosana Carneiro.
“Este é o início de uma jornada na qual os pais vão sentir e entender que também nos preocupamos com a pessoa que cuida. O projeto ‘Cuidando de Quem Cuida’ foi abraçado pela Funjope, pelo diretor Marcus Alves. Ele entende que podemos fazer mais e melhor através da cultura, junto com o prefeito Cícero Lucena”, emendou.
Para Hosana, essa junção do poder público com o setor privado dá uma esperança e uma ideia de que realmente existe uma gestão que cuida. Ela reforçou que virão outros momentos como este com clínicas parceiras que não cobram para fazer o curso. É um trabalho voluntário. “Nos sentimos muito felizes neste momento e quero agradecer à Prefeitura por sempre estar junto conosco”.
“Precisamos conhecer, cada vez mais, como lidar no dia a dia com as crises, deixando mais leve o cuidar dos nossos filhos. Esse curso é necessário e tinha que ser uma lição básica para todas as mães. Nós, mães de autistas, não sabemos o que fazer ao descobrir que um filho é autista. Muitas que estiveram no curso ainda têm filhos pequenos e não sabem como lidar. Esse curso veio ser uma estrelinha no final do túnel para essas mães, porque não podemos exigir só dos profissionais. O curso foi uma pequena amostra de como lidar com um filho com autismo, como outras deficiências”, avaliou Nik Fernandes, mãe de autista e uma das organizadoras da Tardezinha Inclusiva.
Viviane Lopes também ressalta a importância desse trabalho. “O workshop em ABA foi pensado para levar conhecimento teórico e prático para pais e profissionais acerca do Transtorno do Espectro Autista e a Análise do Comportamento Aplicada (ABA). Esse é um projeto que a Clínica Viviane Lopes já realiza há alguns anos em Natal (RN) e, com nossa vinda para João Pessoa, através da parceria com a Associação Paraibana de Autismo, foi possível ampliar. Um dos grandes objetivos em comum da APA e da CVL é cuidar de quem cuida”, destaca.
Famílias – Muitas famílias de autistas participaram deste primeiro curso e afirmam que foi um momento muito importante, no qual constaram que sempre há mais para aprender para lidar melhor com seus filhos.
A dona de casa Maria Betânia Mendonça da Silva é mãe de Ana Beatriz, de 18 anos, que é autista. Ela não pensou duas vezes quando soube que teria essa oportunidade. “Estou achando maravilhoso. É bem interessante e estou gostando muito. Muitas coisas que falaram eu não sabia”, enfatizou.
Para a dona de casa Renata da Conceição da Silva, mãe de David, de 13 anos, que é autista, e de Miguel, 4 anos, que é autista e também foi diagnosticado com TDAH, esse curso está trazendo conhecimentos fundamentais para cuidar dos filhos com suas particularidades.
“Com Miguel, está sendo tudo mais desafiador. Por isso, quando soube do curso, fiz logo a inscrição. Não se trata apenas de olhar para meus filhos, mas também para os filhos das outras pessoas que não são compreendidos, que são tratados como mal educados”, comentou.
Ela conta que o curso é muito interessante. “Tirei todas as dúvidas que tinha sobre como lidar com as crianças, independentemente de ser autista. Eu não sabia lidar com a situação que estava passando com meus filhos. O mais novo estressado. Eu achava que era birra, mas, na verdade, ele estava sofrendo. Para mim, o curso está sendo bem produtivo”, elogiou.
Renata ressaltou que o curso foi muito positivo. “Nos emocionamos porque, como mães, nós erramos também. Às vezes, as crianças estão sofrendo e não sabemos lidar, e acabamos fazendo esse sofrimento aumentar”, completou.