O Tribunal de Contas da União (TCU) julgou, nesta quarta-feira (18/10), o processo que analisa a gestão de obras paralisadas que envolvem recursos do Orçamento Geral da União (OGU). Atualmente, o Brasil tem 8,6 mil empreendimentos paralisados, de um total de 21 mil obras existentes. Os dados estão disponíveis no painel de obras do TCU.
Em comparação aos últimos três anos, a porcentagem de obras paralisadas aumentou de 29%, em 2020, para 41% em 2023. Vale observar que, no mesmo período, a quantidade total de obras diminuiu significativamente (6.119 obras a menos), apesar do aumento do investimento previsto. O valor total de recursos investidos passou de R$ 75,95 bilhões em 2020, para R$ 113,65 bilhões em 2023.
A análise do TCU concluiu que o cenário é reflexo da fragmentação e insuficiência na coordenação, planejamento, priorização, monitoramento e avaliação da gestão das carteiras de obras paralisadas por parte dos órgãos do Centro de Governo no período de 2019 a 2022. A avaliação é que falta uma visão global e estratégica para o problema. O volume de recursos fiscalizados foi de R$ 27,22 bilhões, resultado da soma dos contratos de investimento no período.
O ministro relator do processo, paraibano Vital do Rêgo, enfatizou o impacto da paralisação das obras para a sociedade e o papel do TCU. “Esses problemas têm gerado impactos diretos e indiretos na população. Afinal, além do desperdício dos recursos públicos investidos, a paralisação impede a população de usufruir benefícios de cada bem público não concluído. O TCU vai monitorar o cumprimento das determinações do acórdão e continuar atento para contribuir com a construção de soluções para essa questão tão sensível à sociedade brasileira”, afirmou durante a leitura do voto.
Ano |
2020 |
2023 |
Obras existentes |
27.126 |
21.007 |
Em execução: |
19.264 |
12.404 |
Paralisadas |
7.862 |
8.603 |
Investimento |
R$ 75,9 bilhões |
R$ 113,6 bilhões |
As obras paralisadas incluem a construção e ampliação de escolas, estradas e hospitais, entre outros. Entre os setores, o mais prejudicado é o da educação básica, com 3.580 obras paralisadas. Em seguida, o de infraestrutura e mobilidade urbana, com 1.854 empreendimentos parados. Na saúde, são 318 obras inacabadas. A finalidade do levantamento do TCU é a melhoria das políticas públicas por meio da retomada das obras, medida essencial para a prestação de serviços ao cidadão.
Além das ações adotadas pela Casa Civil da Presidência da República, a auditoria também analisou as medidas do Ministério da Educação, Ministério da Saúde e do extinto Ministério do Desenvolvimento Regional.
Unidade da Federação |
Obras paralisadas (%) |
Total de obras paralisadas |
Amazonas |
47,1% |
304 |
Pará |
59,1% |
674 |
Acre |
42% |
94 |
Roraima |
28,1% |
57 |
Rondônia |
35,9% |
107 |
Amapá |
45,6% |
104 |
Tocantins |
52,6% |
291 |
Alagoas |
44,8% |
209 |
Bahia |
46,9% |
840 |
Ceará |
41,3% |
574 |
Maranhão |
48,8% |
879 |
Paraíba |
59,1% |
406 |
Pernambuco |
39,9% |
405 |
Piauí |
36,2% |
337 |
Rio Grande do Norte |
44,5% |
336 |
Sergipe |
48,6% |
185 |
Goiás |
52,5% |
458 |
Mato Grosso |
36,3% |
178 |
Mato Grosso do Sul |
34,5% |
152 |
Distrito Federal |
9,4% |
21 |
Espírito Santo |
27,9¨% |
86 |
Minas Gerais |
36,9% |
628 |
Rio de Janeiro |
38,5% |
200 |
São Paulo |
32,2% |
345 |
Paraná |
28,1% |
210 |
Santa Catarina |
38,9% |
176 |
Rio Grande do Sul |
28,5% |
347 |
Brasil |
41% |
8.603 |
O relator do processo é o ministro Vital do Rêgo. A unidade técnica do TCU responsável pela fiscalização foi a Unidade de Auditoria Especializada em Infraestrutura Urbana e Hídrica (AudUrbana), vinculada à Secretaria de Controle Externo de Infraestrutura (SecexInfra). O trabalho contou com a contribuição de 19 tribunais de contas locais.