Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) decola de Natal (RN) neste domingo (8) com destino a Roma, na Itália, para repatriar os brasileiros que tentam sair da Palestina ou de Israel devido ao conflito iniciado neste final de semana. A expectativa da FAB é que o avião siga da Itália e pouse em Tel Aviv na tarde de segunda-feira (9) ou na terça-feira (10) para a primeira repatriação de brasileiros. Os ataques do grupo terrorista Hamas, neste sábado (7), espalhou uma onda de medo pelo país, elevado com a contra-ofensiva de Israel.
O vice-prefeito de Sousa, no Sertão da Paraíba, Zenildo Oliveira, conforme conta o blog do Suetoni, se encontrava no país no momento dos ataques. Ele participava de uma peregrição ao lado da mulher, Yohana Silveira. Ambos estavam em Jerusalém e relataram momentos de medo e terror. “Fomos acordados hoje às 6h da manhã com as sirenes de alarme na cidade de Jerusalém. Houve momentos de tensão na cidade. O hotel [onde o casal estava hospedado] não estava permitindo a saída”, disse Zenildo em entrevista ao G1 Paraíba. Ele conseguiu deixar o país logo nas primeiras horas, graças à ajuda do intérprete.
A situação do gestor paraibano é parecida com a de outros brasileiros que estão em Israel ou na Palestina. O governo reservou seis aeronaves para a repatriação. São dois KC-30, com capacidade para 230 passageiros cada, além de dois KC-390, com capacidade para 80 passageiros cada, e duas aeronaves cedidas pela Presidência da República, com capacidade de 40 passageiros cada. Inicialmente, um KC-30 segue hoje para Itália com objetivo de ficar mais próximo do conflito, enquanto as embaixadas finalizam a primeira lista para repatriação. Médicos e psicólogos estão na equipe que seguirá para a região para auxiliar os brasileiros.
“Nós vamos adequando o tamanho da missão em função das necessidades alocadas pelos nossos ministérios. Estamos com um brigadeiro lá na embaixada (de Israel) ajudando nessa consolidação de todos os brasileiros, de todas as embaixadas da região, Egito, Jordânia e Israel, para que possamos trazer todos os brasileiros que estão na região, logicamente aqueles que desejarem. Importante dizer que vários também já estão se colocando em aeronaves comerciais”, informou o comandante da FAB, tenente-brigadeiro do Ar Marcelo Damasceno.
Ele participou na manhã de hoje de uma reunião no Palácio do Itamaraty, acompanhado do ministro da Defesa, José Múcio, convocada para analisar o conflito em Israel e na Palestina.
O comandante da FAB informou ainda que a primeira lista com os brasileiros que devem ser repatriados deve ficar pronta na manhã desta segunda-feira (8). Além de Tel Aviv, os aviões do governo brasileiro podem usar aeroportos de outros países que fazem fronteira com Israel e Palestina.
“Tel-Aviv é o aeroporto que vai repatriar os brasileiros ligados a comunidade israelense. Estamos analisando os outros países e quais aeroportos que nós faremos os resgates da parcela ligada ao Oriente Médio como um todo”, destacou Damasceno.
Os aviões devem buscar os brasileiros sempre no período da tarde para facilitar os deslocamentos internos até os aeroportos. “No momento de crise como esse os transportes terrestres ficam mais difíceis. Então nós damos chance para que durante as manhãs de cada dia de repatriação eles possam se deslocar até o aeroporto”, explicou.
O Itamaraty tem monitorado os brasileiros na região e vem identificando aqueles que querem voltar ao Brasil. São estimados 14 mil brasileiros residentes em Israel e 6 mil brasileiros na Palestina, a grande maioria fora da área afetada pelos ataques.
Até o momento, um brasileiro encontra-se ferido e três estão desaparecidos. Eles estavam participando de um festival de música em Israel.
Também neste domingo (8), será realizada uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), na sede da entidade em Nova Iorque. A convocação extraordinária foi definida pelo Brasil, que ocupa a presidência do órgão. Serão tomadas decisões, no âmbito do organismo, sobre os ataques.
Contatos
O Governo brasileiro montou no Itamaraty estrutura para o acompanhamento da situação dos brasileiros na região. Os plantões consulares da Embaixada em Tel Aviv (+972 (54) 803 5858) e do Escritório de Representação em Ramala (+972 (59) 205 5510), com Whatsapp, permanecem em funcionamento para atender nacionais em situação de emergência.
O plantão consular geral do Itamaraty também pode ser contatado por meio do telefone +55 (61) 98260-0610.
Ao g1, Zenildo informou que o casal estava há cerca de sete dias em Israel, quando, por volta das 6h (horário de Jerusalém), foram acordados por sirenes de alarme de guerra na cidade de Jerusalém, onde estavam hospedados em um hotel da cidade. Os alarmes tocaram por cerca de duas horas seguidas, e, durante esse tempo, o casal tentava sair da cidade para voltar ao Brasil.
Para sair do hotel em Jerusalém, o casal contou com a ajuda de um intérprete que estava junto com o grupo de turistas, o qual o casal de paraibanos fazia parte, e após diálogo entre o intérprete e a direção do hotel foram liberados para sair. Do trajeto entre o hotel e o aeroporto de Jerusalém, Zenildo explica que era possível ver militares nas ruas e o clima de tensão crescer na capital israelita.
“Muito exército nas ruas e bloqueio nas estradas até o aeroporto. Estava proibido qualquer tipo de foto [na cidade]. Era a recomendação para evitar problemas nos bloqueios. Não sabemos se poderia acontecer [revista dos aparelhos celulares], mas era a recomendação dos nossos guias para evitar problemas. Tudo aconteceu muito rápido e só tínhamos uma visão de chegar rápido no aeroporto antes que ele fosse fechado novamente”, explicou Zenildo.