Ano 2000. No sertão da Paraíba, a urna eletrônica chegava pela primeira vez no município de Boa Ventura. A hoje professora de educação infantil Damiana Alves de Sousa, 41 anos, lembra-se exatamente do momento exato em que tudo começou. Ela tinha 16 anos quando tirou o título de eleitor e, já na sua primeira eleição, foi convocada para ser mesária e presidente de seção. Essa história de trabalho e colaboração com a Justiça Eleitoral já dura 23 anos e rendeu, como reconhecimento em 2022, uma merecida homenagem do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) pelos serviços prestados.
“De início, já fui colocada no cargo de presidente de seção. Naquele ano que comecei, foi também o início do uso da urna eletrônica na minha cidade. Foi bastante difícil e uma experiência bem marcante, porque eu era muito jovem, tinha que lidar com aquela novidade da urna eletrônica, tinha que auxiliar os eleitores e os meus colegas de mesa receptora. Daí em diante, as pessoas se acostumaram e tudo ficou mais fácil”, conta Damiana.
Nascida em Curral Velho (PB), mãe de uma filha de 11 anos, a professora dá aulas numa cidade próxima. Ela diz que Boa Ventura, localizada no interior do estado, tem um eleitorado, inclusive de idosos, que faz questão de exercer o direito de votar. E que sua prática como professora tem papel fundamental para orientação e ajuda uma grande parcela de votantes que, muitas vezes, não sabem ler.
“Nós, professores, temos uma sensibilidade maior para lidar com pessoas que têm dificuldade. Nós moramos no interior da Paraíba, no sertão mesmo. As pessoas em sua maioria são leigas, não alfabetizadas, idosas. Tem muito isso nas seções eleitorais e, aqui, os idosos fazem muita questão de votar. Eu, como professora, tenho a maior sensibilidade para conversar, para explicar o processo eleitoral e o que eles têm que fazer, de dar orientação às pessoas”, garante Damiana.
Assista à entrevista no canal do TSE no YouTube.
Combate à desinformação
Mesária há 13 eleições, a professora vem de família grande e tem primos e primas que já atuaram como mesários, colaborando com a Justiça Eleitoral. Nos últimos tempos, ela conta que redobra o trabalho pessoal para reafirmar a credibilidade do sistema de votação eletrônico no Brasil e que procura combater mentiras e dados falsos que influenciam parte do eleitorado.
“A urna eletrônica, alem de dar celeridade ao processo eleitoral, é extremamente segura, e não há possibilidade nenhuma de fraude ou de alguma invasão. Nosso processo eleitoral é seguro, e eu vejo de dentro ele funcionar. Sempre expliquei que, ao chegarmos [à seção], já imprimimos a zerésima, e, ao final, contamos quantas pessoas votaram e a quantidade de votos no Boletim de Urna”, exemplifica.
A dedicação de Damiana se soma à sua preocupação em estimular o interesse do eleitorado mais jovem. “Gostaria de dizer aos jovens que é muito gratificante ajudar o processo eleitoral a acontecer. Vale muito a pena! Além de ser reconhecido como cidadão, você é bem visto na sua comunidade como uma pessoa que está ali para ajudar”, incentiva.
Ajudar a democracia
A paraibana diz perceber, atuando como mesária, muitos eleitores descrentes, mas ressalta que o cidadão-eleitor é a parte mais importante na tarefa de eleger os representantes da população para governar o país, os estados e os municípios: “Eu gosto de desempenhar esse papel. É uma forma de eu ajudar a democracia acontecer. Sempre digo para os meus colegas que, sem os mesários, o processo eleitoral seria impossível. É muito importante fazermos esse trabalho na ponta, juntamente com os eleitores”.
A atuação de Damiana rendeu um reconhecimento por parte da Justiça Eleitoral. Ela foi agraciada pelo TRE da Paraíba no ano passado, durante uma eleição suplementar, com um título de agradecimento pelo tempo de colaboração nas eleições. “Fiquei muito agradecida e honrada por ter sido reconhecida pela Justiça Eleitoral e pelos eleitores como prestadora de serviços em meu trabalho como mesária. Isso me meu mais ânimo para continuar servindo”, frisa.
Confira aqui a notícia sobre a homenagem.
Série Mesários
Esta história faz parte da série Mesários – A Justiça Eleitoral Mora ao Lado. Os textos estão sendo publicados desde fevereiro, mês em que a Justiça Eleitoral comemorou 90 anos. A ideia é mostrar que a atuação para garantir o processo democrático por meio das eleições só é possível graças às mesárias e aos mesários que participam ativamente do processo eleitoral em todo o país.