A polêmica envolvendo a empresa paraibana Braiscompany, que promete ao cliente interessado a entrada no mercado de criptomoedas “com segurança e sem complicações“, tem crescido tanto nos últimos dias que já ganhou proporção nacional.
A empresa tem vivido um verdadeiro caos desde que passou a ser investigada pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) pela suposta prática de irregularidades e não repasse de remunerações que teriam sido garantidas em contrato junto a investidores.
A Braiscompany, que se apresenta em seu site oficial como “a maior gestora de criptoativos da América Latina“, tem origem paraibana, na cidade de Campina Grande, e cresceu tanto que chegou a montar escritório na imponente região da Faria Lima, no centro financeiro de São Paulo. Porém, a aparente decisão de manter as aparências em um período de grave crise que pareceu atingir a empesa começou a abalar as estruturas do império que passou a ser alvo de críticas públicas, desconfianças e até de processos e investigação judicial.
O caso
A crise da empresa começou a se tornar pública quando investidores começaram a reclamar, ainda no mês de novembro de 2022, através da internet acerca de atrasos nos pagamentos das remunerações que lhes tinham sido garantidas documentalmente.
Vale a pena lembrar que segundo informações divulgadas pelo site O Antagonista, várias denúncias teriam sido feitas contra a mesma empresa desde o ano de 2019, porém, nenhuma delas teriam recebido a devida atenção por parte das autoridades competentes. Pelo menos, não até recentemente.
O problema foi crescendo porque, segundo informações que circulam em sites especializados em criptomoedas, a Braiscompany além de atrasar os saques dos investidores também estaria se omitindo em dar respostas aos investidores sobre a crise que vinha enfrentando.
Abutre
De acordo com informações veiculadas pelo site especializado em criptomoedas, o Livecoins, um cliente da Braiscompany, desesperado por não conseguir sacar seus rendimentos na empresa, procurou um fundo abutre para adquirir seus direitos contratuais no valor de R$ 100 mil.
A inusitada oferta, registrada na plataforma da OLX, em Campina Grande, chamou atenção de investidores da empresa.
Os chamados fundo abutre são aqueles investidores de risco que compram dívidas de clientes de empresas com problemas. Como pagam aos clientes um valor abaixo do mercado, eles assumem o ônus de reaver a totalidade contratual na justiça.
No domingo (05/02), um investidor da Braiscompany resolveu apelar para a prática, após não conseguir seu dinheiro de volta.
Na oferta publicada pela OLX, o cliente diz ter um contrato de R$ 100 mil, disposto a vendê-lo por metade do valor, ou seja, R$ 50 mil. Além de aceitar no pagamento cartões e até cheque, o investidor de Campina Grande estava disposto a aceitar até carro e moto pela oferta.
Na segunda-feira (06/02), contudo, o anúncio foi removido da página, embora os prints ainda circulem entre clientes.
Justiça
Para piorar a própria situação, a empresa decidiu não comparecer a uma audiência que havia sido marcada para tentar resolver de modo amigável e extrajudicial as dívidas da Braiscompany junto aos seus investidores.
O procedimento, conta O Antagonista, foi instaurado em 26 de janeiro e o MP tomou providências extrajudiciais com vistas à conciliação, inclusive com a designação de audiência na quinta-feira (02/02), à qual a Braiscompany não compareceu.
O vereador Odon Bezerra, de João Pessoa, chegou a confirmar durante entrevista ao @portaldacapital que a Casa Legislativa e o MPPB manifestam preocupação com a situação dos investidores que teriam sido lesados através de uma ocorrência que inquieta a sociedade. (Veja vídeo ao final da matéria)
Justiça II
Na segunda-feira (06/02), a Justiça, através de uma decisão do juiz 2º Juizado Especial Cível de Campina Grande, Algacyr Rodrigues Negromonte, indeferiu pedidos de investidores para que a Braiscompany lhes devolvessem valores referentes a investimentos realizados junto a empresa.
De acordo com informações divulgadas pelo Polêmica Paraíba, em sua justificativa, o magistrado teria afirmado que “dados os tecnicismos próprios da matéria, faz-se necessária a oitiva prévia da parte promovida”.
A decisão do juiz, no entanto, não significa o início de um tempo de paz para a empresa, pelo contrário, uma vez que agora ela enfrenta vários outros processos e começou a ser informada de datas das primeiras audiências que devem começar a ocorrer já a partir do próximo dia 28 de fevereiro.
Justiça III
O advogado Artêmio Picanço, que representa pelo menos 30 (trinta) clientes que se sentem lesados pela empresa e que sofrem com o não repasse dos investimentos prometidos desde o último mês de novembro de 2022, promete processos para reaver cerca de R$ 10 milhões, inclusive, relativos a valores que deveriam ser liberados pela Braiscompany por ocasião do encerramento de alguns contratos.
Confira o vídeo: