Como identificar sinais de agressão ou outros maus tratos nas pessoas que possuem Transtorno do Espectro Autista (TEA)? Na semana passada, um jovem de 18 anos, com autismo, foi resgatado pela Polícia Militar, no bairro Colinas do Sul, em João Pessoa, com indícios de ter sofrido agressão, sendo o principal suspeito o seu pai. A fonoaudióloga, com expertise em TEA, Tatianna Wanderley, explica como amigos, parentes e até vizinhos podem identificar tais sinais, que devem resultar em denúncia.
“Alguns jovens que se encaixam no espectro autista, quando em crise, apresentam irritação, gritos, birras intensas e agressividade no comportamento. Essas crises, muitas vezes, chegam a tal ponto que a agressividade é voltada para si mesmo, ou seja, a própria pessoa vive os prejuízos da violência. Mas, isso não significa que estejam sendo submetidos a agressão. Um olhar crítico e mais apurado na rotina da pessoa com TEA, principalmente observando a sua postura quando não está em crise, ajuda a saber quando ela está sendo agredida por outra pessoa ou sofrendo maus tratos”, afirma a especialista.
Segundo Karine Barros, psicóloga pós-graduada em terapia cognitivo comportamental em crianças e adolescentes, é importante observar o comportamento do jovem dentro dos ambientes que ele costuma frequentar normalmente. “Se o rendimento escolar deu uma caída, se a interação dele está apresentando um quadro de regressão, se ele não era um jovem agressivo e passou a apresentar esse comportamento, observar a alimentação, se o ciclo de sono está alterado e principalmente hematomas. Tudo isso são comportamentos e sinais que mudam drasticamente em um curto período de tempo, dentro ou fora do círculo pessoal”, explicou a psicóloga do time da Rede Fono Com Amor.
No caso que envolveu a PM, em João Pessoa, na semana passada, um dos sinais observados foi justamente a ausência no ambiente escolar, por diversos dias. Percebendo isso, representantes da Secretaria de Educação do Estado acionaram a Polícia.