Com mais que o dobro de tempo de exposição do que tiveram no primeiro turno, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual mandatário, Jair Bolsonaro (PL), voltam à televisão e ao rádio com suas propagandas nesta sexta-feira (7).
Cada um acumula mais de 22 minutos por dia. O tempo será ainda maior, já que as campanhas devem usar o espaço dos candidatos aliados ao governo do estado para buscar votos.
Como prevê a legislação eleitoral, o espaço será dividido igualmente entre Lula e Bolsonaro. No primeiro turno, por contar com uma aliança maior, o petista acumulou mais tempo, diz esta matéria originalmente publicada pela Folha.
Agora, ambos os candidatos terão 5 minutos por bloco do horário eleitoral. São dois espaços por dia no rádio (7h às 7h10 e 12h às 12h10) e na televisão (das 13h às 13h10 e das 20h30 às 20h40), de segunda a sábado.
O bloco da noite, no horário nobre da TV, teve audiência que variou de 32 pontos a 44 pontos, na semana passada, segundo dados do Kantar Ibope Media. Cada ponto representa 74.666 domicílios na Grande São Paulo.
Cada candidato tem ainda 25 inserções de 30 segundos, por dia, ao longo das programações. O mesmo tempo é destinado às campanhas para governo do estado.
É nesse espaço que as campanhas de Lula e Bolsonaro também pretendem aparecer.
Dos 24 candidatos que disputam o segundo turno em 12 estados, 10 apoiam o petista, 9 estão com Bolsonaro e outros 5 ainda não indicaram qual posição devem adotar em 30 de outubro.
O candidato petista ao Planalto tem mais possibilidades de pegar carona na propaganda de aliados locais. No Nordeste, Lula tem candidatos na disputa contra adversários que se declararam até agora neutros em quatro estados –Alagoas, Bahia, Paraíba e Pernambuco.
Em três estados, a disputa replica o embate presidencial, com partidos que fazem parte do leque de alianças dos dois candidatos à Presidência: Espírito Santo, São Paulo e Santa Catarina.
No Amazonas, o lulista Eduardo Braga (MDB) e o bolsonarista Wilson Lima (União Brasil) se enfrentam. Seus partidos, porém, não declaram apoio formal a nenhum dos candidatos ao Planalto.
Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, Lula e Bolsonaro concentraram esforços para aparecer e tentar eleger seus aliados. Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT) terão a mesma estratégia de se associarem aos padrinhos.
À frente no primeiro turno, quando teve 42,3% votos válidos, Tarcísio vai ceder tempo para Bolsonaro. A intenção é fazer uma dobradinha para fidelizar os eleitores de ambos. O tempo do ex-ministro da Infraestrutura no rádio e na TV será utilizado para ataques aos petistas e pautas de costume, o que foi evitado por Tarcísio no primeiro turno.
O presidente terminou o primeiro turno à frente do PT em São Paulo e teve 2,3 milhões de votos a mais que o seu candidato ao governo. Já Haddad teve 2,1 milhões de votos a menos que Lula no estado.
A prática de ceder tempo na propaganda é permitida, mas há limite. A lei autoriza que apenas 25% do tempo seja ocupado por apoiadores em inserções e blocos de propaganda na TV ou no rádio.
A punição para quem descumpre a regra, no entanto, é branda, lembra o advogado Marcelo Weick Pogliese, professor da Universidade Federal da Paraíba e advogado membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político.
O candidato que extrapola o limite é notificado para não repetir a propaganda irregular. “Por isso, muitos candidatos correm o risco. A legislação não tem uma sanção que assusta”, explica Weick.