Profissionalizantes, inspiradores e terapêuticos. Palavras usadas pelos alunos para descrever as aulas dos cursos promovidos pela Prefeitura de João Pessoa nos Centros de Referência da Cidadania (CRCs). Nesse semestre, iniciado no mês de julho, a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) disponibilizou 600 vagas. Os participantes terão direito ao certificado, além de aumentar as possibilidades de melhorar o orçamento pessoal ou familiar.
De acordo com dados da Diretoria de Inclusão Produtiva e Organização Popular (Dipop), no primeiro semestre de 2022 foram certificadas 670 pessoas. Nesse semestre se inscreveram 437 pessoas, distribuídas nos oito CRCs, localizados nos bairros do Cristo Redentor, Funcionários II, Jardim Veneza, Mangabeira, Trincheiras (Saturnino de Brito), Roger, Torre (Sinhá Bandeira) e Costa e Silva.
Os cursos são nas áreas de Pintura em Tecido, Fuxico, Crochê, Apliquê, Bordado em Fita, Beleza e Estética (barbeiro/manicure/corte de cabelo e escova), Informática Básica, Informática Básica para Idosos, além das atividades físicas, através do Programa Bem-Estar. “Os cursos mais procurados nesse semestre foram Barbeiro e Manicure. Durante o curso nós estimulamos a participação dos alunos nas feiras e também nos eventos realizados pela Sedes nas comunidades”, explicou Dorgival Vilar, secretário de Desenvolvimento Social de João Pessoa (Sedes).
Segundo a professora de Artes, Luciana Arruda, que atua nos Centros de Referência de Mangabeira e Sinhá Bandeira, as pessoas que buscam as aulas de Arte, em geral, são mulheres, donas de casas que buscam uma renda extra para o orçamento doméstico. “As pinturas podem ser replicadas em pano de prato, almofadas, tapetes, passadeiras, bolsas ou camisetas”, explicou.
Para ela, os cursos também auxiliam muitas dessas mulheres na sua vida pessoal, que em virtude da pandemia perderam entes queridos, trabalho ou desencadearam processos de adoecimento como depressão. “As aulas são verdadeiras sessões de terapia. Vão muito além das técnicas de pintura. Aqui nos conversamos, rimos, choramos. Os cursos são ricos. Não geram apenas renda, geram vida”, detalhou.
Aprimorando técnica – Um bom exemplo é a dona de casa Adriana Maria da Conceição, moradora de Mangabeira, que está fazendo o curso pela segunda para aprimorar a técnica e encontrar a roda de mulheres para trocar experiências. “Aqui a gente sempre tem algo a aprender. Eu vim buscar o curso porque estava desempregada e num processo de depressão”. Ela pretende participar de feiras para vender os produtos. Adriana estampa as pinturas em panos de prato, que vende ao preço de R$ 10,00 a R$ 20,00. O valor depende do tamanho do desenho e dos acessórios utilizados como a barra de cochê.
Ozinalva de Souza, também moradora do bairro de Mangabeira, buscou fazer os cursos nos CRCs para ocupar o tempo com uma atividade produtiva, fortalecida pelo gosto de encontrar as colegas de curso. “Depois que perdi meu filho de apenas 29 anos, recentemente vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), quase entrei num processo de depressão, agravado no período da pandemia quando todos ficamos muito sós. Aqui temos um sentimento de acolhimento”, disse.
No curso de Manicure e Sobrancelhas, ministrado por Maria da Silva, conhecida por todos como ‘Silvinha’, os sentimentos de mudança de vida e união também estão presentes. Animada, Silvinha divide com a turma a felicidade de superar um câncer de mama. “É gratificante, a turma é muito boa e interessada em aprender e aplicar o que aprendeu. São mulheres, mães que buscam uma renda extra para o sustento da família. Elas vêm de vários bairros como Valentina Figueiredo, Grotão, Cristo Redentor, Jardim Veneza debaixo de sol ou chuva”, contou.
Jovens e adultos – O professor de Informática, Márcio Lira também está satisfeito com suas turmas. “Uma das turmas é para jovem e a outra para idosos. A resposta é muito boa. Os jovens já nasceram na era digital e não têm dificuldades no aprendizado. Com os mais velhos nós trabalhamos técnicas de repetição e compensamos com a animação e vontade de aprender”.
Essa referência cabe bem para o aluno Artur Marinho, de 60 anos, que todos os dias vem do bairro de Gramame, no Colinas do Sul, de bicicleta para assistir as aulas no bairro de Mangabeira. “Quando chove venho de ônibus, mas não perco um dia. As aulas têm me ajudado a melhorar o conhecimento que eu já tinha e facilitado o meu aprendizado no curso de Comunicação, Turismo e Arte, que faço na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O professor nos impulsiona e inspira a aprender. É paciente e divertido”.
Dulcineia Pereira, de 67 anos, também gosta muito dos cursos no CRC, tanto que é remanescente do curso de Datilografia e tantos outros. Ela citou Artes, Confeitaria, Artesanato, Papel Jornal, Corte e Costura. “Quando saio de casa deixo todas as preocupações lá. Aqui sou outra pessoa. Converso, brinco e aprendo. É uma terapia. Um aprendizado constante”, festejou.