O atentado sofrido pela vice-presidente da Argentina Cristina Kirchner elevou o nível de alerta da equipe de segurança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT ao Palácio do Planalto. Na avaliação de policiais federais que atuam na operação, o episódio reforça a necessidade de alto aparato para proteger o petista que, em uma escala de risco de 1 a 5, foi classificado desde o início da campanha com o mais alto nível de risco.
Proteção: de atiradores de elite a policiais infiltrados: o que a PF planeja para a segurança da campanha de Lula
O comboio de viaturas que acompanhou Lula em Belém na manhã desta sexta-feira, 2, até um evento onde se encontrou com povos da floresta, no Parque dos Igarapés, já foi maior que o da noite de quinta-feira, quando participou de um comício. Também foi reforçado o emprego de agentes de grupo tático, policiais com treinamento específico para atuar em situações de alto risco. O aumento será replicado também em São Luís (MA), onde Lula tem compromissos nesta sexta-feira.
A equipe de segurança do ex-presidente ainda vai discutir, primeiro, internamente, e depois com o próprio Lula, se há necessidade de solicitar mais agentes para integrar o grupo de federais que acompanha o candidato. Atualmente, são 50 policiais federais, fora os apoios solicitados às superintendências da PF nos estados durante as viagens e ajuda das polícias militares locais.
Caso haja entendimento de que é necessário mais estrutura — seja de agentes ou de equipamentos —, a coordenação da segurança levará a solicitação à cúpula da corporação, em Brasília, no início da próxima semana. Delegados envolvidos na segurança de Lula e o comando da PF tem discordado sobre a quantidade de policiais envolvidos na proteção do petista. Para o comando da instituição, há certo exagero nas solicitações feitas pelos policiais que acompanham Lula. Por outro lado, a equipe do candidato entende que o cenário de radicalização política do país e o alto nível de classificação de risco de Lula justificam um amplo esquema de segurança.
Na avaliação de integrantes da equipe do candidato petista, o atentado a Kirchner reforça o argumento de alerta máximo em todos os eventos de campanha e ratifica a importância de esquema de segurança compatível com o risco, uma vez que casos concretos de violência têm acontecido.
Após avaliarem o vídeo do momento da agressão à vice-presidente argentina, estes policiais afirmam que situações como essa podem ser evitadas com atividade de inteligência — infiltração de policiais junto ao público —, constante percepção de ameaça em qualquer atividade política e área minimamente controlada inclusive em locais públicos, com agentes posicionados atentos a movimentação do público.
Lula soube do atentado a Cristina na noite de quinta-feira enquanto se descolava de carro do local do comício até o hotel. Ao chegar no hotel, tratou do episódio com a equipe de segurança.