A coligação que nacionalmente dá sustentação à tentativa de reeleição do presidente Jair Bolsonaro, formada por PL, PP e Republicanos, só deve se repetir em cinco estados nas eleições de outubro
Os partidos que formam o núcleo duro do centrão têm estratégias distintas e enfrentam dissidências, em alguns casos fortalecendo palanques de nomes que apoiam o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com esta matéria publicada pela Folha, as três siglas estão 100% alinhadas apenas no Rio de Janeiro, no Paraná, no Amazonas, em Mato Grosso do Sul e no Amapá, estados nos quais endossam os mesmos candidatos a governador.
Quatro deles apoiam abertamente Bolsonaro, mas só um é filiado aos partidos que formam a trinca do centrão: Cláudio Castro (PL), que disputa a reeleição no Rio de Janeiro. Outros dois concorrem a governos estaduais pela União Brasil e um pelo PSDB. No Amapá, por outro lado, os três partidos estão com Clécio Luís (Solidariedade), candidato a governador que fez uma coligação ampla e é eleitor declarado de Lula.
Em dez estados, ao menos um dos partidos que ancoram a coligação de Bolsonaro estarão em palanques pró-Lula.
Mesmo depois de emitir uma resolução em 2 de agosto determinando o veto a alianças com o PT em todo o país, o PP estará no mesmo palanque de petistas em oito estados. As parcerias incluem sete estados em que o candidato a governador anunciou apoio e fará campanha casada com Lula.
Um dos casos mais emblemáticos é o do Ceará, onde o PP decidiu endossar o candidato a governador Elmano de Freitas (PT). A aliança foi vetada pelo diretório nacional do PP, mas os dirigentes locais acionaram a Justiça Eleitoral e conseguiram uma liminar para garantir a parceria.
O PP também estará na coligação de quatro candidatos a governador do PSB: Danilo Cabral (PE), João Azevêdo (PB), Carlos Brandão (MA) e Renato Casagrande (ES). Em Mato Grosso, o deputado federal, líder ruralista e candidato ao Senado Neri Geller (PP) vai liderar o palanque de Lula, tornando-se uma das principais pontes do petista com o agronegócio. A candidata ao governo será Márcia Pinheiro (PV).
Presidente em exercício do PP, o deputado federal Cláudio Cajado (PP-BA) destaca que o partido proibiu apenas as alianças com candidatos a governador do PT, mas o veto não se estende às demais legendas aliadas a Lula.
“Não teria como o partido proibir aliança com os demais partidos de esquerda. Fazer isso seria inviabilizar nossa campanha nos estados e a eleição de deputados federais”, afirmou ele.
Além de apoio a candidatos a governador que estão com Lula, o PP estará em palanques liderados por nomes que se mantêm distantes da eleição presidencial.
O principal deles é o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), candidato à reeleição. A despeito das pressões do Palácio do Planalto para apoiar a candidatura do ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), o partido preservou o apoio ao tucano.
O Republicanos, outro partido que apoia Bolsonaro, também estará em um palanque do PT, mas no Rio Grande do Norte. A legenda decidiu apoiar a reeleição da governadora Fátima Bezerra (PT).
Em outros quatro estados —todos no Nordeste—, a legenda apoiará candidatos a governador de outros partidos que localmente apoiam a candidatura de Lula para a Presidência. Dois desses palanques lulistas são liderados pelo PSB. Em Pernambuco, o Republicanos manteve a aliança de eleições passadas e apoia a candidatura de Danilo Cabral (PSB) ao governo e a de Lula à Presidência.
Na Paraíba, o partido fechou apoio à reeleição do governador João Azevêdo (PSB), eleitor declarado de Lula. Presidente do Republicanos no Estado, Hugo Motta liberou suas bases para a eleição nacional.
No Maranhão, o partido estará com Weverton Rocha (PDT), que, apesar de ter bolsonaristas em seu palanque e ser filiado ao partido de Ciro Gomes, já anunciou apoio a Lula. Em Sergipe, o partido está com o candidato a governador Fábio Mitidieri (PSD), que também apoiará o petista.
Nos demais estados, o Republicanos endossará candidatos a governador que apoiam Bolsonaro ou adotaram postura de neutralidade. Nesse último grupo estão nomes como ACM Neto, na Bahia, e Capitão Wagner, no Ceará, ambos da União Brasil.
O PL, por sua vez, estará em palanques que não dão apoio aberto a Bolsonaro em dois estados. No Amapá, a sigla está com Clécio Luís (Solidariedade), ex-prefeito de Macapá com trajetória em partidos de esquerda que inclui filiações a PT, PSOL e Rede.
A adesão da legenda a Clécio foi costurada por Davi Alcolumbre (União Brasil), candidato ao Senado da chapa, aliado do deputado federal Vinícius Gurgel, principal nome do PL no estado.
Para não figurar no palanque de partidos que apoiam Bolsonaro, a federação de PT, PC do B e PV optou por dar apoio informal a Clécio, mas vai endossar João Capiberibe (PSB), não Alcolumbre, ao Senado.
Outro estado em que o PL estará apartado do núcleo duro bolsonarista é Roraima, onde a sigla aderiu à candidatura de Teresa Surita (MDB) ao governo, em chapa que tem o apoio do PSB. Ela enfrentará o governador Antonio Denarium (PP), ferrenho aliado do presidente.
Com 14 candidatos a governador, o PL terá chapa pura em cinco estados: Santa Catarina, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Sergipe. Em outros seis, terá o apoio de outras siglas, mas não PP e Republicanos.
As exceções são o Rio de Janeiro, onde as três legendas do centrão estão juntas em torno de Castro, além de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, onde o PL firmou aliança com o Republicanos.