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Gestão Bolsonaro tira verba de auxílio a famílias pobres e compra trator para aliados

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O governo Jair Bolsonaro (PL) destinou para a compra de tratores um recurso de R$ 89,8 milhões que deveria ser direcionado para mitigar o impacto da pandemia da Covid-19 em comunidades pobres. Os equipamentos agrícolas viraram símbolo de clientelismo político na atual gestão.

De acordo com esta matéria publicada pela Folha, os tratores foram comprados pelo Ministério da Cidadania no âmbito de uma ação voltada a famílias de extrema pobreza da zona rural.

A operação envolveu drible a uma determinação do TCU (Tribunal de Contas da União), pressão para acelerar a liberação de recursos da União e criação, por portaria, de uma estrutura de mecanização no Sistema de Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em especial no programa de Fomento Rural.

A aquisição de 247 equipamentos foi efetivada no apagar das luzes de 2021. Ocorreu antes mesmo de a pasta definir a relação de municípios beneficiados, o que denota a ausência de critérios técnicos.

A diferença agora é a digital do governo federal. Os recursos para essa compra são do próprio orçamento da União.

As movimentações na Cidadania para direcionar dinheiro para maquinários começaram em meados do ano passado, segundo relatos e documentos obtidos pela reportagem.

Em junho, o TCU autorizou que sobras de orçamento resultantes da transição do programa Bolsa Família para o Auxílio Brasil pudessem ser liberadas. A decisão atendeu pedido da pasta da Cidadania.

Mas o tribunal condicionou sua utilização.

O dinheiro, diz o acórdão do TCU, “deverá ser direcionado exclusivamente ao custeio de despesas com enfrentamento do contexto da calamidade relativa à pandemia de Covid-19 e de seus efeitos sociais e econômicos e que tenham a mesma classificação funcional da dotação cancelada ou substituída”.

O governo Bolsonaro, entretanto, ignorou as duas coisas: os gastos não têm relação com a Covid e as compras são de investimentos, não de custeio. A relação entre as compras de tratores e o combate à Covid também tem sido questionada internamente por técnicos da pasta.

O crédito suplementar, de R$ 90 milhões, veio em 3 de novembro, em portaria do Ministério da Economia. O recurso foi vinculado à ação orçamentária “20GD – Inclusão Produtiva Rural”.

É nessa rubrica que está o programa Fomento Rural, que sempre foi operacionalizado em duas vertentes: apoio técnico aos agricultores e transferência de dinheiro para as famílias —sempre com foco na população rural pobre, inscrita no Cadastro Único.

O número de beneficiados desabou sob governo Bolsonaro, que preferiu comprar máquinas a atender milhares de famílias.

Em março, o então João Roma (Cidadania) assinou a portaria 755, que instituiu uma chamada Estrutura de Mecanização Agrícola (MAG-SAN) no Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan). Não houve nenhuma publicidade sobre a nova medida.

“O objetivo específico do MAG-SAN é prover a infraestrutura mecânica para famílias inscritas no CadÚnico e que possuam domicílio rural, com vistas à estruturação das atividades produtivas e contribuir para o incremento da renda e do patrimônio no âmbito dos programas e ações que compõem o Sisan, especialmente por meio do Programa Fomento Rural”, diz a portaria.

O ato diz que os equipamentos devem ser usados para ações como preparo do solo, semeadura, plantio, aplicação de adubos e fertilizantes, colheita e escoamento. A compra dos 247 maquinários inclui motoniveladoras e pá-carregadeiras.

Em 23 de março, a coordenadora-geral de Fomento, Andreza Colatto, assinou no sistema eletrônico do governo, às 16h31, o termo de recebimento dos equipamentos (embora eles estejam na empresa). Um minuto depois já aparece no sistema despacho que solicita a liquidação dos pagamentos.

A mesma coordenadora cita o calendário eleitoral para tentar agilizar as transferências, em despacho de 15 de abril.

“Esta área técnica fez gestão para receber de imediato todos os equipamentos para não só garantir o recebimento dos maquinários no prazo entabulado com o fornecedor, mas também para evidenciar esforços de que todos os bens sejam entregues até a data que culmina nos três meses que antecedem o pleito eleitoral”, diz o documento, assinado por Andreza Colatto.

Ela é filha do ex-deputado federal Valdir Colatto (MDB-SC), historicamente ligado ao agronegócio.

Para o professor Silvio Porto, da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), o investimento é totalmente incoerente com as necessidades das famílias do CadÚnico e com as realidades locais.

“Há dispersão dessas famílias no município, o espaço agrícola que elas têm para produzir é muito pequeno [para uso dos maquinários].”

“Mesmo que houvesse espaço, há muitas outras coisas para fomentar a produção alimentar”, disse ele, que é diretor de sistemas alimentares e agroecologia do Instituto Fome Zero.

Porto cita o financiamento de cisternas familiares como uma das respostas muito mais estruturantes e rápidas no desafio da segurança alimentar dessa população. O programa federal com esse fim foi esvaziado no governo Bolsonaro.

“O fato é que se trata de uma ação totalmente descabida. Claramente são politicagens sem conexão com a realidade.”

A pasta só estabeleceu a quantidade de equipamentos por estado. O maior beneficiado é a Bahia, estado do próprio ex-ministro João Roma, pré-candidato ao governo estadual pelo PL, mesmo partido de Bolsonaro.

Roma negou irregularidade. A pasta não respondeu aos questionamentos da reportagem.

A empresa contratada, no entanto, é a mesma beneficiada pelas emendas: a chinesa XCMG, cuja sede no Brasil fica em Pouso Alegre (MG). A Cidadania aderiu, em 7 de dezembro, a atas de registro de preços resultantes do pregão realizado pelo Desenvolvimento Regional em 2020.

Roma é quem assina, como ministro na ocasião, o despacho para liberar a compra, em 27 de dezembro de 2021.

Já nos dois dias seguintes, o governo efetivou empenhos no valor total de R$ 89,9 milhões em favor da empresa, como se vê no Portal da Transparência. O contrato com a XCMG, no entanto, só foi assinado em 30 de dezembro.

As máquinas estão paradas no pátio da XCMG, segundo documentos do governo obtidos pela Folha.

A Cidadania não concluiu as exigências técnicas para escoar os equipamentos aos municípios, como a própria definição de cidades e os termos de doação às prefeituras que ficarão responsáveis pelos equipamentos.

A empresa não recebeu os pagamentos, e técnicos da pasta têm questionado as lideranças políticas sobre o atendimento dos trâmites legais. Apesar disso, há dentro da pasta pressão para que o dinheiro seja depositado para a XCMG.

Enquanto gasta R$ 89,9 milhões na compra de tratores, a Cidadania ainda ignorou pedido da área técnica da pasta para incluir mais 45 mil famílias de extrema pobreza que vivem no campo em iniciativa de transferência de recursos diretos.

Essa ação, dentro do Fomento Rural e citada no processo dos maquinários, custaria R$ 108 milhões e não foi atendida até agora.

João Roma disse à Folha que não houve desvio de finalidade na utilização dos recursos, pois a compra de máquinas agrícolas é uma ação que integra a área de fomento rural e que, portanto, atende as pessoas do programa.

O pré-candidato a governador negou que tenha privilegiado a Bahia. Afirmou que a escolha se deu por critérios técnicos, entre eles o tamanho do território e da população baiana.

Sobre a preferência na compra das máquinas e não por incluir novas famílias no programa, afirmou que “uma ação não exclui a outra” e que não se pode “sacrificar por completo” outras ações.

​A XCMG foi procurada e não respondeu.

HISTÓRICO

Jun.2021
Acórdão do TCU permitiu ao Ministério da Cidadania o uso de dinheiro a partir de sobra do Bolsa Família exclusivamente para ações de custeio para enfrentamento pandemia e seus reflexos.

Nov.2021
Governo abre crédito suplementar de R$ 90 milhões direcionado à ação orçamentária “Inclusão Produtiva Rural”. Não se trata de emendas parlamentares, mas de orçamento da própria União.

7.dez.2021
Cidadania adere a atas de registro do Ministério do Desenvolvimento Regional que tem a empresa XCMG como fornecedora de equipamentos, como tratores.

27.dez.2021
João Roma, então ministro da Cidadania, autoriza contratação da XCMG pelas atas de registro.

28 e 29.dez.2021
Ministério faz 37 empenhos no valor total de R$ 89,8 milhões em favor da XCMG para a compra dos equipamentos agrícolas.

30.dez.2021
Pasta assina contrato com a empresa

22.mar.2022
Portaria 755 cria estrutura de mecanização agrícola no âmbito do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em especial do Fomento Rural. Novo modelo permite a compra de equipamentos como retroescavadeiras, pá-carregadeiras e caminhões.

 

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Para construir aliança ampla e eleger Hugo Motta, Arthur Lira se esquiva de debate sobre aborto

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O deputado federal paraibano Hugo Motta (Republicanos) está sendo utilizado como “desculpa” para que o atual presidente da Câmara dos Deputados, em Brasília, Arthur Lira (PP-AL), possa se esquivar do debate sobre aborto que voltou à tona nesta semana a partir da aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que propõe acabar com a prática legal legal no Brasil.

A PEC foi aprovada na quarta-feira (27/11) pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados por 35 votos a 15.

A tática utilizada por Arthur visa manter o apoio do Governo e dos demais quadros políticos que são contra a proposta do fim do aborto legal e que podem prejudicar o projeto de Arthur e Motta.

Atualmente, a Constituição já assegura a todos os brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, mas não há uma definição do momento em que esse direito começa a vigorar.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 164/12, dos ex-deputados Eduardo Cunha (RJ) e João Campos (GO), estabelece, como lembra a Agência Câmara, que o direito à vida será considerado a partir da concepção do feto.

Na prática, o texto proíbe o aborto em casos hoje autorizados em Lei. No Brasil, o procedimento só é permitido em três situações: risco de morte para a gestante, gravidez resultante de estupro e anencefalia fetal (má-formação do cérebro).

A relatora, deputada Chris Tonietto (PL-RJ), havia apresentado parecer favorável à PEC no último dia 13. “A expressão ‘desde a concepção’ é um fato científico, em 1988 não se colocou porque era redundante falar disso”, argumentou a relatora.

Com a decisão da CCJ, a PEC 164/12 seguirá agora para análise de uma comissão especial e, depois, do Plenário da Câmara. Para ser aprovado no Plenário, o texto precisará dos votos favoráveis de pelo menos 308 parlamentares, em dois turnos.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

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Associação dos Tribunais de Contas e Efraim debatem reformas do processo administrativo

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O presidente da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), Edilson Silva, e o vice-presidente de Relações Político-Institucionais, Cezar Miola, participaram de um encontro com o senador Efraim Filho (União Brasil), nesta quarta-feira (27/11), no Senado Federal. Na pauta, o Projeto de Lei 2481/2022, que reforma o processo administrativo, e o PLP 141/2024, que propõe mudanças na Lei de Responsabilidade Fiscal.

A Atricon apresentou uma Nota Técnica contendo sugestões de alteração no texto do PL 2481/2022, que trata da reforma do processo administrativo. As discussões concentraram-se na proteção da autonomia dos Tribunais de Contas, essencial para a independência no exercício do controle externo. Entre as contribuições, a entidade propôs que a Lei do Processo Administrativo (LPA) se aplique, fora do Poder Executivo, somente às funções administrativas não finalísticas (atípicas). Essa sugestão foi incorporada pelo senador Efraim Filho, relator do projeto, ao relatório legislativo.

Efraim destacou o papel da Atricon no aprimoramento do projeto. “Que fique registrado para eventuais debates jurídicos: os Tribunais de Contas foram a entidade que mais se debruçou sobre esse tema, de forma acertada, para se resguardar. […] Em nome da presidência da Atricon, também foi acolhida essa demanda trazida por eles”, informou.

Já sobre as alterações na Lei de Responsabilidade Fiscal, previstas no PLP 141/2024, o objetivo é definir casos em que os valores de parcerias ou contratações firmadas pelo poder público não serão contabilizados no limite de despesas com pessoal.

 

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Comissão aprova projeto que reduz contribuição previdenciária de policial militar inativo e pensionista

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A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (27/11), o Projeto de Lei 1451/23 que restringe a incidência da contribuição previdenciária de policiais e bombeiros militares inativos e pensionistas apenas ao que exceder o teto do Regime Geral de Previdência Social, hoje de R$ 7.087,22.

Em razão da reforma do sistema de proteção social dos militares realizada em 2019, a alíquota da contribuição de ativos e inativos para pensões militares aumentou de 7,5% para 10,5% da remuneração total. Pensionistas de militares, antes isentos, passaram a recolher pelo menos 10,5% do benefício total.

“Faz justiça com os veteranos da Polícia e Bombeiro Militar que tanto contribuíram com a sociedade brasileira, mesmo com o risco da própria vida para pagar previdência só o que passar do teto do INSS, como era antes”, disse o autor da proposta, deputado federal Cabo Gilberto (PL).

Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo, já sendo aprovado pelas comissões de Segurança, Previdência, Finanças e Tributação, e agora será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

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