O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na quinta-feira, 14, um documento assinado em conjunto pelas principais centrais sindicais do país com propostas para retomar o desenvolvimento do Brasil a partir de 2023. No evento, que contou com a presença do ex-governador Geraldo Alckmin e a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, os sindicalistas manifestaram apoio ao nome do ex-presidente para liderar o projeto de reconstrução do país. Para Lula, a união das centrais marca um momento inédito no país.
“O que está acontecendo aqui hoje é uma novidade na minha vida política. Eu sou sindicalista, sou amigo de todos vocês, mas nós nunca tivemos uma campanha com as centrais sindicais juntas para apoiar uma candidatura a presidente”, afirmou Lula.
O documento entregue nesta quinta-feira foi elaborado na Conferência da Classe Trabalhadora, que reuniu as centrais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, Intersindical, Pública e CSB. O ex-presidente afirmou que as propostas do documento vão muito além das reivindicações que os sindicatos costumavam apresentar quando ele governava o país. “Vocês apresentaram uma pauta que não é de reivindicação, é quase um programa de governo, quase um programa de reconstrução deste país”, elogiou ele.
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin falou sobre a força que o Brasil precisa ter para sair do quadro atual. “Nesse momento de desemprego, de estômago vazio, de inflação, de morte, é nesse momento que o Brasil se agiganta. Quero dizer a vocês que venho somar o meu esforço humilde, mas de coração e entusiasmo, à luta sindical, que deu ao Brasil o maior líder popular deste país, Luiz Inácio Lula da Silva”.
Apoio das centrais sindicais
Ao sinalizarem apoio ao projeto para reconstruir o Brasil, as lideranças das centrais sindicais criticaram a destruição promovida pelo governo Bolsonaro ao longo dos últimos três anos, que resultou em desemprego, perdas dos direitos, destruição da indústria nacional, fome, miséria e aumento da população de rua.
“Em 2011, a nossa categoria tinha 107 mil trabalhadores na base. Em fevereiro de 2022, temos na nossa base 68 mil trabalhadores. Portanto, perdemos 37% dos empregos que nós tínhamos. Cada emprego perdido na indústria representa uma perda de outros sete na cadeia produtiva. O Brasil precisa urgentemente crescer e gerar emprego”, disse Moisés Selerges, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, afirmou que o país precisa de um projeto nacional de desenvolvimento sustentável com emprego de qualidade, com mudança de governo. “A nossa luta é derrotar o Bolsonaro. Temos que ter um país com desenvolvimento, um país que cresça e dê futuro aos nossos filhos e nossos netos. Um país que nos faça sentir orgulho. Queremos um projeto nacional de desenvolvimento sustentável, com geração de empregos de qualidade, que faça o desenvolvimento chegar a todos os cantos deste país, que leve a cada família a oportunidade”, declarou, presidente da Força Sindical.
Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), destacou a importância da representatividade de mulheres e negros na luta sindical e por um futuro melhor para o Brasil. “Quero cumprimentar a Conclat, as mulheres da saúde, as mulheres negras. Todos sabemos da discriminação. Estamos aqui em uma atividade fundamental, hoje é um dia de luta”, declarou.
Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), lembrou as mais de 660 mil mortes provocadas pela Covid-19, criticou o negacionismo, e afirmou que o encontro dos sindicalistas com Lula é um abraço na esperança. “Diria o mestre Paulo Freire, a esperança é revolucionária. O sentido deste encontro é a gente abraçar a esperança, porque a vida importa muito. 662 mil vidas foram subtraídas pelo negacionismo. O saqueamento que está sendo feito nesse país é porque esse governo não quer dar atenção ao debate público do orçamento, eles querem é trabalhar por debaixo do tapete, com orçamento secreto”, criticou Adilson.
O presidente da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), Oswaldo Augusto de Barros, também fez uma homenagem aos mortos pela Covid-19 no Brasil. “Mostrar compaixão a essas famílias, mostrar que o sofrimento daqueles que perderam seus parentes é o sofrimento da classe trabalhadora”, declarou.
Falando em nome da Intersindical Central da Classe Trabalhadora, a secretária-geral Nilza Pereira discutiu o acesso dos jovens à educação superior. “Meu filho mais novo teve o privilégio de passar na faculdade e poder cursar, privilégio que pouquíssimos filhos da classe trabalhadora não têm conseguido. Precisamos dos programas sociais de verdade, que incentivem os jovens a estudar, que os incentive a ter esperança”.
O presidente da Pública, a central sindical dos servidores públicos, José Gozze, falou sobre os desafios vividos pelos funcionários do Estado neste momento. “O Estado não faz mais a recuperação salarial, sequer temos negociações coletivas. Os aposentados, além de não ter reposição, estão tendo desconto nas pensões. Mais grave, o governo tentou rasgar o artigo 6º da Constituição com a reforma administrativa, levando o serviço público para a iniciativa privada. Imaginem o SUS na mão dos planos de saúde, as escolas públicas nas mãos dos conglomerados. O Brasil de hoje não serve aos brasileiros”, disse.
Por sua vez, o secretário de Organização da CSB (Central de Sindicatos Brasileiros), Paulo Oliveira, pediu que o Ministério do Trabalho seja recriado em caso de uma vitória de Lula. “O Brasil mergulhou em um dos piores momentos da história após o impeachment. Temos um governo que não prioriza o trabalhador, que não prioriza o povo e reformas que abalaram os direitos dos trabalhadores. Mas surgiu uma esperança. É nesse cenário que as centrais sindicais se unem. Pedimos a recriação do Ministério do Trabalho”, finalizou.
O presidente da CUT, Sérgio Nobre, encerrou as manifestações das centrais chamando os trabalhadores à luta. “Claro que esse momento, de encontro com o presidente Lula, tem o objetivo de animar a nossa tropa. Se a gente quer preparar a vitória em outubro, a gente precisa ter uma agenda muito importante pela frente. Precisamos de um 1º de Maio forte para começar, digno do momento que estamos vivendo. E sair daqui para organizar em cada local de trabalho os comitês de luta em defesa da democracia e da vida, apoiar a população que está desempregada e passando fome”, declarou.
“É plenamente possível a gente ter um país mais justo, um país mais solidário. É plenamente possível acabar com a miséria neste país, gerar os empregos que a classe trabalhadora tanto precisa, colocar o povo mais humilde nas universidades, fazer as pessoas tomarem café, almoçar e jantar todo santo dia, fazer o povo usufruir as coisas que eles produzem”, destacou Lula.
Assessoria