A pesquisadora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Karina Massei, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Monitoramento Ambiental (PPGEMA), está desenvolvendo um projeto de restauração ecológica de corais na Praia do Seixas, em João Pessoa. A ação ressalta o papel exercido pelos recifes de corais na proteção da costa e redução da erosão costeira.
O projeto tem as piscinas naturais do Seixas, em João Pessoa, como o campo de desenvolvimento experimental. Na ação desenvolvida por Karina Massei, serão instaurados no mar os fragmentos iniciais de corais, que visam a conservação do ecossistema marinho frente às alterações climáticas ocasionadas pelo aquecimento global.
O trabalho é referente à pesquisa de pós-doutorado de Karina, que está em andamento com supervisão da Profa. Cristiane da Costa Sassi, do Departamento de Sistemática e Ecologia da UFPB, coordenadora do Laboratório de Ambientes Recifais e Biotecnologia com Microalgas (Larbim/UFPB).
Para a restauração, a pesquisadora explicou que serão coletados fragmentos de diferentes espécies de corais que estiverem soltos no assoalho do recife do Seixas. Nessa etapa, serão analisados os parâmetros físicos, químicos e biológicos da área de berçário marinho.
Também será realizada a análise das medidas de cada fragmento de corais para, depois, colocá-los em estruturas biogênicas, que estão sendo projetadas dentro de uma parceria com o Lampião Maker, laboratório de prototipagem do Instituto Federal da Paraíba (IFPB).
“Este projeto de âmbito local vai ao encontro de um propósito maior. Estamos falando das Décadas do Oceano e da Restauração de Ecossistemas (2021-2030), ambas decretadas pela Organização das Nações Unidas, em virtude da necessidade de adotarmos medidas reais para o nosso planeta”, ressaltou Karina.
Segundo a pesquisadora, os corais são fundamentais para a vida marinha pela sua biodiversidade, além de serem fonte de substâncias utilizadas na indústria farmacêutica e cosmética. Ela comentou que esses animais estão sofrendo com os impactos causados pelo aumento da temperatura do oceano, o que gera o branqueamento dos corais.
“São animais formadores de recifes. Então, em comparativo, eles acabam exercendo um papel parecido com os das florestas tropicais para a fauna e flora. Cerca de 1/4 de todas as espécies de peixes dependem dos corais para sobreviver. Eles são bioindicadores para apontar a ocorrência de algum desequilíbrio no ambiente marinho”, explicou.
No momento, foi iniciado o levantamento de campo, avaliando a situação das espécies existentes na área escolhida para análise do recife. Além disso, estão sendo realizadas reuniões com a comunidade local, que estará junto no desenvolvimento da restauração ecológica.
Além da comunidade local e do IFPB, o projeto conta com a colaboração do projeto Coral Eu Cuido, grupo Caiaque PB, Clube do Mergulho, Primeiro Sol, Laboratório de Gestão em Águas e Territórios (Legat/UFPB), Instituto de Pesquisa e Ação (InPact) e Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), sendo contemplado pelo Programa de Bolsas de Pesquisa de Pós-Graduação.
“No caso do Brasil e o recife do Seixas, em específico, temos uma pequena variedade de corais. São 46 espécies de corais, mas 21 dessas espécies são endêmicas do Atlântico Sul, ou seja, são exclusivas do Brasil. Por essa razão, é necessário pensar que, dadas as mudanças climáticas que enfrentamos e a importância de preservar os corais, a necessidade de recuperar e restaurar essa área é urgente”, afirmou a discente.
Para Karina, a ideia é iniciar em uma escala local e, posteriormente, impulsionar o projeto para outros recifes, divulgando a noção de conservação do ecossistema marinho para mais pessoas.
“Não é só sobre restauração. Existe um papel de conscientização. Há um paradigma que precisa ser combatido. As pessoas precisam compreender que cuidar do assoalho marinho do fundo do mar tem que ser visto como cuidar da terra e do gado. O assoalho é o que vai nos dar a biomassa necessária para as gerações futuras”, disse.
Ela contou que a ideia do projeto se deu com o desenvolvimento de sua tese de doutorado, em que foi realizado o mapeamento, a geomorfologia e a identificação da fauna e flora do recife do Seixas no âmbito socioambiental.
“Pelo fato de eu já ter trabalhado e convivido com a comunidade local, torna-se muito mais fácil o fortalecimento e a agregação para que possamos, juntos, melhorar a eficácia da restauração”, comentou Karina sobre as expectativas positivas para o processo de restauração ecológica.
“É uma ciência nova e nós temos esse senso de urgência para sua aplicabilidade. A ideia é unir forças com instituições de ensino, jovens e pesquisadores de outras áreas para conseguirmos, em um curto espaço de tempo, ter respostas positivas”, completou.
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