A paraibana Silvana Pilipenko, de 53 anos, que morava na Ucrânia há 27 anos, conseguiu escapar, junto com a família, da zona de ataques e seguir em direção à Crimeia, na Rússia.
Há, pelo menos, 25 dias, Silvana não conseguia fazer contato com a família que mora em João Pessoa, na Paraíba, mas, o filho, Gabriel Pilipenko, conseguiu informar que os pais estão bem e, em comemoração, postou uma foto deles em seu perfil na rede social dizendo chamando-os de: “My heroes”.
Silvana morava com o marido, Vasyl Pilipenko e a sogra, de 86 anos de idade, em Maripuol, um dos principais alvos de ataque das tropas russas.
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Em seu perfil nas redes sociais, Silvana, conseguia narrar a sua visão sobre a guerra e os ataques da Rússia contra o povo ucraniano. E, em um dos seus relatos, ela contou sobre o medo, a escassez de produtos em supermercados e, principalmente, sobre a solidariedade latente entre os ucranianos.
Confira uma das postagens:
“A guerra tem várias facetas e uma delas é a fome e a sede.
Hoje saímos para comprarmos alimentos e a maioria dos supermercados estavam fechados, os poucos abertos estavam com escassez de produtos. Eu havia feito uma lista, que nem foi seguida, tão pouco concluída. Conseguimos comprar algumas poucas coisas, e também 4 botijões de água com gás. Nós estamos economizando tudo o que temos, porque não sabemos até quando essa situação se estenderá.
No supermercado as pessoas se entreolham, e se ocasionalmente se tocam, há uma solidariedade silenciosa. Há um respeito recíproco, há um entendimento simultâneo; há um bater de coração diferente, um cuidado manso e delicado. A parte linda da guerra é ver o amor aparecer, ainda que acanhado.
Alguns olharam para mim, como a se perguntar: o que faz aqui uma estrangeira? Eu gostaria de responder: – Aprendendo, como você.
A cidade está calada, as pessoas caminham com passos decisivos e apressados, o frio continua.
A noite chega, já é a terceira, e antes de adormecer tenho a certeza que falarei com Deus e lhe pedirei que não permita sermos atingidos, que essas paredes suportem, que esse teto de concreto não caia sobre nós, e, se cair, o Senhor nos salvará conforme a sua linda misericórdia.
Oro por todas as pessoas ucranianas, inclusive os soldados, muitos ainda imaturos para viverem uma guerra de verdade; oro pelas crianças inocentes que nada compreendem, mas choram sem saber do porquê; oro pelos idosos, que mereciam viver essa fase da vida com dignidade e calmaria; oro pela paz entre essas nações, onde as armas sejam abaixadas, as mãos estendidas e apertadas entre si.
Oro por muitas coisas e sei que Deus está a inclinar os Seus ouvidos em nossa direção, porque Ele cuida daqueles que o ama e é essa a minha certeza para seguir adiante sem questionar a fé.”
Confira imagem: