O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB), decidiu que não será vice numa chapa com o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) nas Eleições 2022 e que sairá candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul.
Mourão, que foi vítima de gestos desrespeitosos de Bolsonaro, inclusive durante entrevistas que repercutiram internacionalmente, afirmou que, inclusive, já está decidindo qual será a sua nova legenda com vistas ao pleito deste ano. A informação foi divulgada pelo Estadão, nesta sexta-feira (11).
Questionado por jornalistas em frente ao Palácio do Planalto se estaria decidido a ser candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul, o general confirmou. “Isso, é por aí. Agora é só decisão de partido”, disse o vice-presidente, que é, hoje, o principal quadro do PRTB. O Estadão/Broadcast Político apurou que as duas opções de legenda que podem receber Mourão são o PP e o Republicanos.
Promessa
O general está, na verdade, apenas cumprindo a promessa que fez em continuar na gestão bolsonarista até o fim do mandato apesar de todas as situações vexatórias as quais foi exposto pelo presidente.
Hamilton Mourão, que foi comparado pelo presidente a um ‘cunhado que tem que ser aturado e não pode ser mandado embora’ e acusado de, por vezes, atrapalhar o Governo Federal, afirmou que Bolsonaro ganhou muitos votos graças a confiança que muita gente depositou e deposita no vice da chapa “JB-Mourão”.
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Com a decisão oficial de Mourão, Bolsonaro já discute nos bastidores quais nomes poderiam ajudá-lo a tentar reverter dois problemas graves que tem enfrentado ao longo da sua gestão: a queda contínua de sua popularidade dentre a população e o aumento progressivo da rejeição ao seu nome no país.
Uma vice
O bloco de apoio ao presidente na Congresso Federal, o Centrão, tem pressionado Bolsonaro para que ele escolha o nome de uma mulher, mais precisamente o da ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM), apontada por muitos como defensora ferrenha dos interesses de empresários ligados ao agronegócio, um dos mais ricos setores da economia brasileira.
Bolsonaro, por sua vez, segundo informações do Estadão, já teria comentado nos bastidores que se sentiria mais a vontade com um homem na condição de vice da sua chapa, dado que tem preocupado o filho, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que tem tentado convencer o pai a fazer a composição com a ministra para que a imagem de machista do presidente possa ser minimizada e ele pare de perder votos do eleitorado feminino brasileiro que é maioria no país.
O machismo atrelado à imagem de Bolsonaro é um dos pontos fracos apontados por uma pesquisa interna realizada por estrategistas contratados para a pré-campanha do atual presidente.