A Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados, em Brasília, realizará uma audiência pública para discutir os planos de investimentos dos aeroportos de João Pessoa/Castro Pinto e Campina Grande/João Suassuna que, junto a outros quatro aeródromos do bloco Nordeste, foram arrematados pela empresa espanhola Aena.
De acordo com informações divulgadas pelo Governo do Estado da Paraíba, para o aeroporto Castro Pinto estão previstas melhorias no terminal de passageiros, pontes de embarque, sistema de inspeção de bagagens, pátio, nivelamento de faixa preparada, áreas de segurança e recuperação de pavimentação. Já para o aeroporto Presidente João Suassuna, a empresa prevê investimentos no terminal de passageiros, estacionamento, táxi, pátio, área de segurança e recuperação de faixa preparada. As obras devem ser iniciadas no final do ano e concluídas até 2023.
A audiência, que seria realizada nesta quarta-feira (1º) e sofreu adiamento, acontecerá por sugestão do deputado Felipe Carreras (PSB-PE). Ele afirma, segundo informações postadas pela Agência Câmara, que o resultado do leilão de 12 aeroportos, promovido em março, superou a outorga estipulada pela gestão que era de R$ 2,1 bilhões.
“O ágio foi de 986% e ao todo R$ 2,38 bilhões foram arrecadados na operação. O certame mostrou o apetite internacional no programa de privatizações do Planalto, uma das apostas para a recuperação da economia”, afirma Carreras.
Segundo o deputado, os estrangeiros foram as “estrelas” do leilão. “A estatal espanhola Aena venceu a disputa para administrar seis aeroportos no Nordeste, considerado o lote mais atrativo.”
Carreras afirma que a Aena pagará ao governo brasileiro R$ 1,9 bilhão pelo direito de explorar essas seis instalações durante os próximos 30 anos. “É o maior investimento já feito pela Aena fora da Espanha, e a primeira vez que administrará sozinha um aeroporto no exterior.”
Preocupações
De acordo com informações publicadas pelo Brasil de Fato, nos primeiros 12 meses presente no Aeroporto Internacional de Recife – Guararapes, a gestão da empresa espanhola Aena foi alvo de insatisfações uma vez que, por ser estrangeira, praticamente ignorou e desprezou valores locais provocando situações como, por exemplo, a do abandono de um painel artístico do pernambucano Lula Cardoso Ayres (1910-1987) que, mesmo sendo tombado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), foi negligenciado pela empresa que o expôs ao sol e à chuva sem os menores cuidados.
Ainda em se tratando do primeiro ano de gestão da Aena, foi registrada a cobrança de taxas com base em informações que os lojistas do aeroporto Guararapes sequer tinham acesso, fazendo com que fossem pagos o condomínio e o percentual sobre vendas de modo diferente do que havia no contrato, uma vez que as cobranças passaram a ser feitas a partir de um percentual referente a voos e passageiros que passavam pelo aeroporto, sem serem informadas tais bases de dados aos lojistas que, por sua vez, teriam se visto impossibilitados de discutir e defender seus interesses por se tratar de uma empresa estrangeira que teria apresentado difícil acesso administrativo.
Ainda no Guararapes, por decisão unilateral da empresa espanhola, foram registrados casos em que lojistas presentes no aeroporto há mais de 15 (quinze) perderam suas respectivas lojas e se viram obrigados a transformar a situação em uma batalha judicial.