Na sessão ordinária híbrida da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) desta terça-feira (24), a vereadora Eliza Virgínia (PP) usou a tribuna para defender o ministro da Educação, Milton Ribeiro. A parlamentar também se colocou favorável ao ensino técnico e à liberdade de expressão.
“Fico perplexa com a fala de certos vereadores da Casa e muito mais perplexa com a desonestidade intelectual de alguma parte da imprensa que fala mentiras e fake news. Quando se vai a público para dizer, em uma manchete, que o ministro da Educação disse que pessoa com deficiência atrapalha na sala de aula, isso vira um absurdo de fake news”.
Eliza acrescentou que esse tipo de abordagem mereceria reprimenda por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) fazendo uma alusão à recente determinação de busca e apreensão nas casas do cantor Sérgio Reis e do deputado Otoni de Paula, dois bolsonaristas que defenderam manifestações populares contra o STF. Ela também repudiou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de desmonetizar plataformas conservadores e citou especificamente o caso de Bárbara, do canal Te Atualizei, do YouTube. “O que foi que fez ela? Replicou e comentou as falas dos próprios ministros comentou recortes de jornais, de Veja, de IstoÉ. Inclusive, indico o Brasil Paralelo onde tem um vídeo chamado ‘Os Onze Supremos’. É muito importante e interessante ver a origem dos ministros e seus currículos”, sugeriu a vereadora.
Eliza Virgínia também afirmou que se um dia chegar na Câmara Federal mudará a forma de escolha dos ministros do Supremo. “Pra mim, tem que ser juiz de carreira e suas famílias e entes queridos não poderão ter escritórios de advocacia porque é muito bom você ter um escritório de advocacia e ter o seu juiz preferido da sua família para julgar o caso que você está defendendo. Isso quem diz são os próprios ministros. Não estou dizendo mentira nenhuma. Estamos vivendo neste estado de sitio de temeridade. Estou falando aqui e não sei se posso ser presa ao sair. Posso ser incluída no inquérito das fake news”, ironizou a vereadora.
Após introduzir o tema com as críticas a setores do judiciário, Eliza passou à defesa do ministro da Educação: “Ele separou em três momentos a educação para pessoas com deficiência em nosso Brasil. Antigamente, não existia uma atuação e se desprezavam as pessoas com deficiência. Algumas escolas especializadas foram criadas e depois veio a era da inclusão, o inclusivismo, com o qual as escolas tiveram que se adaptar. Aconteceram muitos problemas e falta de mão de obra especializada. Agora, ele quer dar opção aos pais escolherem entre as escolas inclusivas, com profissionais, como intérpretes e cuidadores, sala de recursos, mas se sua criança não se adaptar, você pode escolher escolas especiais. Qual é o problema disso? Tem criança que não se adapta. Talvez, se evolua muito mais numa escola específica. É simplesmente isso. Mas a tendenciosa imprensa e algumas pessoas sempre vão no sentido pejorativo da palavra e quando ele diz que faltam técnicos e que tem muitas pessoas com diplomas fazendo outros tipos de serviços que não da profissão escolhida, é verdade. Tem uma grande empresa aqui que teve que importar pessoas: técnicos em eletricidade e marceneiros”, comentou
Para a vereadora o ensino técnico pode garantir emprego e rendimento para a maioria da população. “Coisas simples que se você aprender você ganha dinheiro sozinho. A gente recebe nos nossos gabinetes milhões e milhões de currículos de auxiliar administrativo. Também recebemos de técnico radiologista, marceneiro, eletricista. Nós precisamos dessas profissões e o que adianta ter um diploma e não conseguir trabalhar? Veja no Sine, todo dia há inúmeros empregos para pessoas qualificadas. Nos países da Europa, há muitos técnicos. Eu conheci técnicos da Telemar que trabalhavam muito mais e eram essenciais igualmente aos engenheiros. Nós temos que mudar essa visão e tirar o preconceito de dizer que só quem ganha dinheiro e quem tiver um diploma universitário. Se você for um excelente técnico, jamais vai ficar sem emprego”, afirmou a parlamentar.
Afeganistão e liberdade de expressão
A vereadora também falou sobre a atual conjuntura do Afeganistão que foi tomado pelo talibã. O grupo extremista cerceou a liberdade de expressão e eliminou diversos direitos às mulheres. Ela se disse temerosa que o Brasil possa passar por um momento de ditadura parecido aos do Afeganistão e Cuba, incluindo até a Austrália, que determinou novamente o lockdown, impedindo vizinhos se visitarem o país devido a novo avanço da Covid-19.
“No Afeganistão, mulheres estão sendo proibidas de trabalhar, de estudar e pessoas não podem demonstrar seu patriotismo. Aqui no Brasil, esse cerceamento de liberdade de expressão existe e se prende militante, presidente de partido e deputado federal, que tem sua imunidade parlamentar garantida no artigo 53 da nossa Constituição. Ele pode dizer quaisquer palavras e não ser punido por isso, desde que dentro do decoro parlamentar. Mesmo assim, o STF colocou um inquérito inconstitucionalmente. Quem teria que fazer era o Ministério Público (MP). Ele (STF) é a vítima, vai inquirir, vai investigar e ele próprio vai julgar?”, arguiu.