Cerca de 70% das enfermidades que apareceram após a década de 1940 (últimos 81 anos) têm origem animal, segundo relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. A expansão agrícola e a interatividade entre homens e animais fizeram com que novas doenças surgissem e se disseminassem rapidamente. Já o estudo do Instituto de Zoologia da Grã-Bretanha e da Escola de Saúde Pública de Hanói, do Vietnã, mostra que mais de 2,5 milhões de pessoas morrem por ano em decorrência de doenças originadas em animais.
As zoonoses são um grande problema da atualidade e são necessárias ações efetivas para bani-las. Uma das alternativas para reduzir alguns tipos de doenças é cuidar dos animais domésticos. Nesta terça-feira (6), Dia Mundial das Zooneses, o deputado federal Rafafá (PSDB) destacou a importância da aprovação do projeto de Lei 2030/2021, de sua autoria, que estabelece o funcionamento de ao menos um hospital público veterinário nos estados e no Distrito Federal.
O parlamentar ressalta que este mês – Julho Dourado – tem o objetivo debater saúde de animais de rua e domésticos, prevenção de zoonoses e a conscientização contra o abandono. Para o deputado, o Brasil apresenta carência de serviços públicos para atendimento de animais domésticos e essa falta de acesso a tratamento veterinário agrava a proliferação de zoonoses. “Famílias dos mais variados níveis sociais apresentam necessidades de saúde, relacionadas a seus animais, e que muitas delas não possuem recursos suficientes para proporcionar uma adequada atenção de saúde, é relevante que o Poder Público assegure a oferta de serviços nessa área”, defendeu.
Dentre as principais zoonoses transmitidas por cães e gatos se destacam a raiva, a leishmaniose, a leptospirose, a toxoplasmose e as verminoses. Vale lembrar que as doenças podem ser transmitidas de animais selvagens ou domésticos para os humanos, mas a maioria dos casos tem origem nas criações de porcos, gado, ovelhas e outras espécies. De acordo com o estudo, há 56 zoonoses responsáveis por 2,5 bilhões de casos e 2,7 milhões de mortes por ano.
No Brasil, entre 2010 a 2020, foram registrados 38 casos de raiva humana, sendo que em 2014, não houve caso. Desses casos, nove tiveram o cão como animal agressor, vinte por morcegos, quatro por primatas não humanos, quatro por felinos e em um deles não foi possível identificar o animal agressor. A raiva é transmitida para o ser humano por meio da saliva de animais que estejam infectados com o vírus. Se um animal, inclusive cães e gatos, estiver infectado com a raiva e morder, lamber ou arranhar um indivíduo, ele pode acabar por desenvolver a doença.
Outro alerta importante feito pelo deputado Rafafá foi quanto ao abandono de animais, principalmente durante a pandemia, que cresceu 60%. “Muitos animais foram abandonados e isso facilita a proliferação de doenças. É urgente uma política de saúde animal no Brasil com a instalação de hospitais veterinários e ações efetivas de castração para que possamos controlar as possíveis transmissões de doenças”, destacou.
De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 46,1% dos domicílios têm pelo menos um cachorro. Já os gatos eram parte de 19,3% dos lares brasileiros. Ao todo, cães e gatos estão presentes em 47,9 milhões de domicílios. Do total de pessoas que possuem pets, 75,4% afirmaram ter vacinado seus cães ou gatos contra raiva no último ano.