O ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), foi enquadrado como réu no âmbito da Operação Calvário que investiga o desvio de verbas públicas no Estado da Paraíba.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, acatada pela Justiça nesta terça-feira (6), a campanha de Romero, quando então candidato a prefeito de Campina, teria sido bancada por propinas pagas por Daniel Gomes da Silva (controlador da Organização Social Cruz Vermelha e ex-administrador do Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, de João Pessoa).
A propina, diz a denúncia, seria uma ‘contrapartida’ para expandir a atuação da rede criminosa “por meio do ecossistema de empresas manietadas pela joint venture criminosa, o que torna inequívoca a estratégia do grupo: fazer refém as estruturas de Poder e de lá fazer jorrar recursos ou criar ambiente para a defesa de suas causas ou pautas pessoais e corporativas”.
Na denúncia, o Ministério Público afirma existir “prova razoável da prática dos crimes de corrupção ativa e passiva dos denunciados já mencionados, pois os elementos indiciários apontam para a materialidade e a autoria delitivas dos crimes descritos na denúncia e imputados a cada um dos denunciados, restando nítida a presença de elementos indiciários que afiram crimes voltados a lesar o patrimônio público objetivando o enriquecimento ilícito de pessoas privadas com atuação na gestão pública municipal”.
Durante delação premiada, Daniel Gomes confirmou que o ex-prefeito Romero Rodrigues “em comunhão de esforços e unidade de desígnios, com o segundo denunciado (JOVINO MACHADO DA NÓBREGA NETO) solicitou e recebeu para si, diretamente e antes de assumir a função de prefeito de CAMPINA GRANDE, mas em razão dela, vantagem indevida consistente na importância de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) a título de adiantamento de propina, antes das eleições de 2012”.
Ainda segundo a denúncia, o valor teria sido pago “Este valor foi pago, segundo o MPPB, “integralmente antes do pleito municipal de 2012, em duas parcelas, utilizando-se para tanto do 2º denunciado (JOVINO MACHADO DA NÓBREGA NETO) que no mês de ano de 2012 (ano das eleições municipais), viajou para a cidade do Rio de Janeiro, como representante dos interesses políticos do grupo liderado pela família CUNHA LIMA, em Campina Grande, mas, também valendo-se da condição de aliado do Governador do Estado RICARDO COUTINHO, vez que ocupava o cargo de Coordenador Jurídico do Governo, com o intuito de encontrar com DANIEL GOMES DA SILVA, a fim de solicitar deste valor indevido em razão da futura função que o primeiro denunciado ROMERO RODRIGUES VEIGA ocuparia”.
O Ministério Público pede punição ao ex-prefeito com perda de cargo, emprego, função pública ou mandato eletivo, além da devolução de R$ 150 mil (cento e cinquenta mil reais).