Há mais de 200 dias parado, o setor de eventos, altamente impactado com a pandemia da Covid-19, tenta chamar a atenção do poder público para a situação. São artistas, produtores, colaboradores e empresários do ramo que amargam o que chamam de “descaso do governo”. “Pretendemos usar todas as mídias para tentar sensibilizar a sociedade sobre a causa e não está descartado um dia de mobilização”, destaca o empresário Fábio Henrique, da Colônia Produções e presidente da APAGE – Associação Paraibana de Produtores e Profissionais de Grandes Eventos, criada para representar os trabalhadores do segmento.
“O sentimento é de total desprezo e falta de respeito da classe política por nós. Cumprimos a tentativa de diálogo e estamos, inclusive, avaliando outros passos”, avalia Fábio.
Ele comenta que a justificativa para a proibição dos eventos é o fato de não poder haver aglomerações, porém aponta que as cenas do cotidiano mostram o contrário. Ele comenta, inclusive, a realização de eventos políticos, inclusive em casas de shows e eventos, que estão impossibilitadas de funcionar. Nestes casos, o público reunido está sendo similar ao que é comportado em uma casa de shows.
“Somos profissionais, lidamos com todo tipo de risco. Estamos preparados para voltar. Em tempos normais, já somos fiscalizados por dezenas de órgãos, e nesse momento nem essa chance nos é dada, como aos demais setores da economia”, aponta. Além disso, Fábio Henrique também ressalta que os produtores e profissionais não tiveram acesso a créditos ou incentivos, pois os bancos exigem uma relação de seis meses de faturamento e eles já estão há sete meses parados.
O empresário lembra que aconteceram reuniões com o secretário Executivo de Gestão da Rede de Unidades de Saúde, Daniel Beltrami e com o secretário de Saúde de João Pessoa, Adalberto Fulgêncio. “Com Beltrami foi só para cumprir tabela, pois cabe às prefeituras flexibilizar os setores, ele só ratificou e ficou à disposição. Já com a gestão municipal, nos tratam de forma indiferente e o prefeito sequer apareceu causando ainda mais desconforto e revolta”, ressalta.
Nos teatros – Já Antônio Alcântara, vice-presidente da APAGE e proprietário da Incena Produções, explica que em outras cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, eventos com 50% da capacidade do local já foram liberados. “Em Recife, pod exemplo, podem abrir locais com até 1500 pessoas”, conta. “Temos o segundo maior teatro do Brasil, por que não liberar para mais pessoas, com álcool gel na porta, uso de máscara, entrada por uma porta e saída por outra, horário para começar e terminar?! Vemos na orla os bares lotados! Eu trabalho principalmente com eventos em teatro e sei que dá para ter um rigor ainda maior, já que os locais contam com cadeiras numeradas”, explica.
Outra observação de Alcântara é que este tipo de evento não pode ser agendado sem saber se o local estará liberado. “Tudo depende de agenda do local, do artista, de passagem aérea e outros custos. O governo do Estado liberou o teatro Pedra do Reino para 200 pessoas, é o primeiro passo, mas o poder municipal está muito omisso, não dá resposta e fica ‘tocando com a barriga’”, lamenta.
Propostas – Os produtores e profissionais de grandes eventos reivindicam a flexibilização para realização de grandes eventos com público de 50% da capacidade; reabertura de teatros, da Fundação Espaço Cultural (Funesc), arenas e clubes com os protocolos de saúde e aprovação de layout pela Prefeitura para cada evento.
A APAGE conta com aproximadamente 200 representantes. O instagram é @apagepb.oficial