Além de ser um espaço que mantém preservados resquícios da Mata Atlântica, o Parque da Bica acolheu em sua área, desde janeiro até setembro, sete filhotes de animais de várias espécies, sendo um guaxinim, uma lontra, duas serpentes “corn snakes”, duas jaguatiricas e um bicho preguiça, todos resgatados de apreensões resultantes de tráfico ou vítimas de queimadas e caça. Também foram registrados os nascimentos de duas saracuras, dois filhotes de guaxinim, um de macaco bugio, um de macaco galego, quatro cascavéis, além de dois jacarés coroa, o que contribui para a preservação de espécies e do Meio Ambiente.
O Parque da Bica recebe animais oriundos de apreensões realizadas pela Polícia Ambiental, que são encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), onde há decisão, diante da situação do animal, qual encaminhamento será dado a ele.
“Nós recebemos animais vítimas de tráfico, como as serpentes apreendidas numa ação da Polícia Ambiental junto com o Conselho Regional de Medicina Veterinária, que foi para o Cetas e, após triagem, vieram para o Parque da Bica. Nós recebemos também uma lontra e um guaxinim que vieram de Alagoas por já termos essa parceria, que acredita no nosso trabalho. São filhotes que perderam a mãe por queimadas ou por caça e daí precisam viver sob os cuidados humanos”, disse Thiago Nery, médico veterinário do Parque.
O veterinário ressalta ainda a importância do trabalho realizado no local para a preservação de animais. “Uma das guaxinins que reproduziu também já fez doação de sangue a um outro guaxinim de Recife, e o macaco-prego galego é um animal extremamente ameaçado de extinção. Normalmente, os animais chegam ao Parque bem debilitados porque nem sempre os órgãos de resgate conseguem achar o animal assim que a mãe morre, daí a necessidade de um profissional ficar dedicado quase que exclusivamente àquele animal, alimentando-o a cada 3 horas”.
Thiago Nery explica que, como os animais acabam vivendo sob os cuidados humanos, boa parte deles acaba perdendo um pouco do instinto que teriam na natureza e acabam se tornando não aptos à soltura, pois o animal passa a enxergar o ser humano como ponto de apoio. “Se solto na natureza, o primeiro caçador que encontrar ele vai querer chegar junto por não temer a presença dele, além disso, alguns outros animais não podem ser colocados no meio ambiente porque são resultados de tráfico e não pertencem à região, e esses são outros animais que também não podem voltar ao meio ambiente por causa da ação do homem”, destacou o veterinário.
Com a pandemia da covid-19, o Parque ficou fechado aos visitantes e apenas funcionando com trabalhos internos, no sistema de rodízio de funcionários. Após a terceira etapa de flexibilização promovida pela Prefeitura, os técnicos voltaram ao ritmo de trabalho normal, obedecendo todas as medidas de higiene, dividindo ao máximo as atividades para continuar os trabalhos de recintagem dos ambientes e o enriquecimento ambiental para manter o bem-estar dos animais, mas, por enquanto, o Parque permanece fechado ao público.