A Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC) revisou de 5,6% para 5,9% a previsão de retração no volume de receitas do setor de serviços, em 2020. A estimativa tem como base os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de maio, divulgada nesta sexta-feira (10/07) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Confirmada a previsão, o setor terciário pode registrar o pior desempenho anual na série histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 2011.
“Ao contrário de outros setores da economia, como o comércio, os serviços não apresentaram reação em maio”, destaca o presidente da CNC, José Roberto Tadros, referindo-se ao resultado positivo da última Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada há dois dias pelo IBGE. Segundo Tadros, além da evolução recente do nível de atividade dos serviços, pesaram na projeção negativa para o setor as expectativas quanto ao desempenho da economia nos próximos trimestres.
De acordo com a PMS, o volume de receitas do setor de serviços encolheu 0,9% em maio, em relação a abril, já descontados os efeitos sazonais – a quarta retração mensal consecutiva do setor, que já acumula queda de 18,8% desde março. Os serviços voltados ao consumidor final, como aqueles prestados às famílias (+14,9%), e até mesmo as atividades de transportes (+4,6%) reagiram positivamente após atingirem o “fundo do poço” em abril. Contudo, serviços predominantemente prestados entre as empresas, como os de informação e comunicação (-2,5%), além dos profissionais e administrativos (-3,6%), impediram o início da reação das atividades terciárias como um todo.
Turismo volta a crescer
As atividades turísticas medidas pela PMS voltaram a apresentar crescimento em maio, após quedas históricas em abril, avançando 6,6%. Porém, de acordo com o economista da CNC Fabio Bentes, quando comparado aos demais setores da economia, o Turismo é o que se encontra mais distante do nível de atividade verificado antes da pandemia (-66% em relação a fevereiro deste ano). “Assim como nas pesquisas do IBGE relativas à indústria e ao comércio, as empresas que compõem as atividades turísticas enfrentaram a fase mais aguda da crise pandêmica no mês de abril”, afirma o economista.
A CNC calcula que, em quatro meses, o segmento de turismo perdeu R$ 121,97 bilhões. “A tendência é que o faturamento real do setor encolha 39% em 2020, com perspectiva de volta ao nível pré-pandemia somente no terceiro trimestre de 2023”, projeta Fabio Bentes. Do ponto de vista do emprego, os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelaram que, entre as 21 principais atividades econômicas, os subsetores de alojamento e alimentação fora do domicílio, responsáveis por mais da metade (57%) da ocupação no Turismo, eliminaram 275,7 mil postos formais de trabalho entre os meses de março e maio deste ano, acumulando, naquele trimestre, uma retração de 13,7% no seu nível de ocupação.
O Turismo tem sido um dos setores mais impactados pela crise provocada pelo surto de covid-19, sobretudo com o fechamento das fronteiras em diversos países, o que fez reduzir drasticamente o fluxo de turistas no País desde março.