Segundo estudo da Fundação Getulio Vargas Projetos (FGV Projetos), a pandemia do novo coronavírus deve impor perdas de até R$ 161,3 bilhões ao setor turístico brasileiro nos anos de 2020 e 2021. A estimativa é que o período de interrupção das atividades de turismo seja de cinco meses, contra uma projeção inicial de três meses. O turismo doméstico poderia recuperar a capacidade ociosa em 12 meses, mas o turismo internacional precisaria de 24 meses.
O deputado estadual e presidente da Frente Parlamentar de Empreendedorismo e Desenvolvimento Econômico da Paraíba, Eduardo Carneiro (PRTB), destacou que na Paraíba o setor vem enfrentando um forte impacto negativo devido à pandemia. “O momento atual do turismo é delicado para os empreendedores, o setor está ‘fechado’, diferente das outras segmentações não é possível realizar serviços de delivery nesse sentido. Os profissionais se desdobraram usando a criatividade para enfrentar o momento e planejar a retomada”, disse, destacando que a frente vem debatendo alternativas para o setor.
Para tentar preservar empregos e evitar fechamento de mais estabelecimentos, o Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes de Campina Grande (SindCampina), tem protocolo para apresentar as autoridades quando o Plano de Retomada do Comércio da Paraíba estiver em ação. Tem sido assim também para muitos empreendedores, que diante da crise se veem com uma única alternativa para se esquivar da crise causada pela pandemia do novo coronavírus: a criatividade.
A Relação Anual de Informações Sociais (Rais), apontava que as Atividades Características do Turismo geravam 2.679.324 vagas formais no final de 2018, número que se manteve em 2019. Com o avanço da pandemia da Covid-19, é esperada uma grande perda de postos de trabalho no setor, que devem perdurar parcialmente no período de retorno à normalidade. Segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), nos meses de março e abril de 2020, considerando apenas o segmento de “alojamento e alimentação”, o saldo de geração de empregos foi de 211.722 vagas a menos.
Na Paraíba, os festejos juninos atraem um grande número de turistas principalmente, no Maior São João do Mundo, em Campina Grande. A festividade gera em torno de R$ 200 milhões durante os trinta dias de duração e mais de 5 mil empregos. O cancelamento afeta os negócios locais: “Somando o cancelamento da festa no período junino e o distanciamento social causado pela pandemia do Covid-19 imaginamos um cenário de retração econômica”, pontuou o presidente do SindCampina, Divaldo Bartolomeu.
Leonardo Guedes é do segmento de embarcações no turismo em João Pessoa e Cabedelo, idealizador da Maresia, destaca que sentiu um impacto forte nos negócios, uma vez que não teve possibilidade de trabalhar de nenhuma forma. “Para nós que trabalhamos com passeios turísticos não sentimos um impacto inicial, foi total, não tivemos a possibilidade de trabalhar com portas fechadas. As embarcações são grandes e não temos sequer como alugar”, explicou.
“Sofremos com três meses de zero entrada e mesmo os barcos parados, requerem manutenção e tivemos que arcar com esses custos. Além disso, também entramos com as possibilidades do Governo Federal para manter os nossos funcionários, mas apesar disso tivemos que realizar algumas demissões”, disse.
Para encarar o momento e planejar a retomada, o SindCampina usou a criatividade e já desenvolveu um protocolo para apresentar as autoridades segmentado para os quatro restaurantes que possui. De acordo com o presidente do SindCampina, Divaldo Júnior, “Os protocolos se definem em três eixos de segurança sanitária bem definidos: Monitoramento e Informações, Distanciamento Social e Higiene, sendo aplicados de forma específica em cada modalidade de atendimento do setor de serviços de alimentação que se encontra com as atividades suspensa no momento: a la carte, self-service, rodízio e atendimentos em balcão”, explicou.
Leonardo também já têm planejado a retomada, adaptação ao ‘novo normal’ com medidas rígidas de higienização e disposição de álcool gel são algumas das ações que devem ser feitas. “Estamos planejando sim nossa retomada, pensando em adaptar nossa cultura nos passeios, tínhamos quadrilhas juninas nas embarcações, apresentações que muitas vezes propunha o toque. Pensamos em readaptar ao novo normal, com placas indicativas das regras, reforço nas medidas de higienização dos barcos como também, dos funcionários para que haja uma maior fiscalização nos clientes”, finalizou.
Reabertura na Paraíba – Eduardo Carneiro explica que o Plano de Retomada defendida pela Frente Parlamentar e pelo setor produtivo prevê o funcionamento de empreendimentos condicionados a algumas regras. A sugestão é que os estabelecimentos atuem com a limitação de entrada de pessoas em 50% da capacidade de público do estabelecimento, ficando a cargo de cada local até adotar um percentual ainda mais reduzido.
O funcionamento também aconteceria com controle de acesso e marcação de lugares reservados aos clientes, bem como o controle da área externa do estabelecimento, com o respeito a distância mínima de 1,5 metros entre cada pessoa.