A Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) realizou, na tarde desta terça-feira (3), sessão especial para debater, com a participação de professores e alunos universitários, além de representantes de várias entidades religiosas, a “Diversidade Religiosa e Laicidade do Estado”. O tema foi proposto pelo vereador Marcos Henriques (PT).
A mesa da solenidade foi composta pelo vereador petista; vereadora Sandra Marrocos (PSB); coordenador do Curso de Ciências das Religiões da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), professor Carlos André; integrante do Conselho Nacional da Igualdade e Promoção Racial (CNPIR) e da Casa de Cultura Ilê Asé D’Osoguiã (IAO), Edmar Barbosa (Mãe Tuca); integrante do Movimento Negro Evangélico, Aline Martinelles; vice-coordenador do Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (FonaPer), professor Lusival Antônio Barcellos; e pelo vice-diretor do Centro de Educação da UFPB, Swany Soares.
Na tribuna, Marcos Henriques colocou, entre outras questões, que “seria contraditório pensar em diversidade, em tolerância, em construção harmônica, quando o Estado é aparelhado e colocado a serviço de uma ou apenas de algumas profissões de fé”. Segundo ele, “no momento atual, de profundas crises, é lamentável que as intolerâncias estejam à flor da pele e as pessoas estejam se posicionando umas contra as outras, negando a diversidade, perseguindo e criminalizando o diferente, simplesmente porque o sistema capitalista se apropriou dos medos da coletividade para difundir, uma de suas características mais comuns, que é a dominação, para justificar perseguições, violências e as intolerâncias”.
Na ocasião, Sandra Marrocos defendeu que a espiritualidade é uma coisa individual de cada ser humano. Para ela, cada um tem que ter clareza que a diversidade religiosa não pode ser debatida apenas no âmbito das religiões. “A laicidade é fundamental e não representa a ausência de religião. Muito pelo contrário. É o diálogo de todas as religiões”, comentou. A parlamentar acredita que devemos olhar para um cidadão e cidadã, independente do seu credo e individualidade.
– Professores e representantes de entidades falam sobre o tema
O professor Carlos André, estudioso da área com diversos trabalhos escritos e pesquisados acerca do tema, lembrou que o Estado defende que o cidadão tenha sua religião e é contra o ataque a outras religiões. “A laicidade é, na verdade, uma bandeira da paz. É possível na democracia as religiões conviverem, desde que o Estado seja laico”, argumentou.
Para o professor, a maior luta é garantir que a intolerância seja cada vez menor, pois a religião está cada vez mais instrumentalizada politicamente, no mundo todo, por interesses materiais e de dominação. Ele considera importante a participação da Câmara no debate por se tratar de uma instituição que transmite cultura de paz pela sua inserção social.
“Essa Casa não acolhe cor, não acolhe credo. É uma Casa Cultural onde entra quem quiser. Entra católico, evangélico, negro, pardo e branco”, esclareceu “Mãe Tuca”, defendendo, ao mesmo tempo, que a questão da laicidade seja discutida e levada para os outros ambientes e comunidades.
Aline Martinelles, do Movimento Negro Evangélico, entende que a diversidade importa a toda a humanidade e o amor é a força que une a sociedade. “A fé é um lugar de partilha e acolhida”, ressaltou.
O professor Lusival Barcellos disse que a diversidade cultural precisa estar pulsando nas pessoas. Ele defendeu a realização de concurso público para professor de ensino religioso em âmbito municipal e estadual.