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“Desafio é mostrar o pensamento de Celso Furtado às novas gerações”, diz Rosa Freire D´Aguiar

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O economista Celso Furtado deixou sua terra natal (Pombal, PB) para entrar na história e cultura brasileiras. Falecido em 20 de novembro 2004, é considerado um dos maiores intelectuais públicos do país. Participante de uma linhagem de autores como Antônio Cândido, Florestan Fernandes e Sérgio Buarque de Holanda, comprometidos com a ideia de pensar o Brasil, Celso Furtado completaria 100 anos em 2020.  Rosa Freire D´Aguiar, viúva do ex-ministro e criador da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), visitou esta semana a reitora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), professora Margareth Diniz, para planejar as homenagens ao autor de “Formação Econômica do Brasil”, uma obra clássica do economista. Na entrevista abaixo, Rosa Freire diz que o maior desafio é apresentar o pensamento de Celso Furtado às novas gerações.

Ascom/UFPB: A senhora está divulgando a obra “Diários Intermitentes de Celso Furtado – 1937-2002”, com ênfase na trajetória dele. Como a senhora pode recortar a recepção da obra de Celso Furtado neste período, relativamente longo?

Rosa Freire d´Aguiar: De fato como você diz a obra pega um período longo de 65 anos da vida dele – desde os 18 anos, bem jovenzinho até poucos anos antes dele morrer. O Celso não era propriamente um diarista, no sentido de ele chegar em casa e anotasse o que acontecia. Ele recorria aos diários quando estava em momentos de muita angustia, ansiedade, aflição por alguma coisa não estava andando bem ou nas providências políticas ou negociações – por exemplo no caso da Sudene que foram muito difíceis as negociações para aprovar a lei da Sudene em 1959; ou então quando ele viajava e descobria coisas novas. Nestes momentos ele recorria ao diário. Tudo isso monta uma espécie de retrato da época em que ele viveu.

Ascom/UFPB: O Celso Furtado tem um capítulo impar na política, na economia e na cultura brasileiras. Na sua percepção qual o momento mais significativo, mais marcante, em que ele se sentia, digamos assim, mais importante para a Nação?

Rosa Freire d´Aguiar: Importante, não sei. Teve vários momentos, por duas vezes ele foi ministro de Estado, ele foi chamado para criar o plano tri-anual no final do governo João Goulart. Mas o que eu posso dizer é que ali onde o Celso deu o mais dele, teve mais ânimo e empenho e também competência, foi na criação da Sudene. A Sudene foi idealizada por ele, foi implantada por ele e dirigida por ele de 1958 até 1964. E foi uma luta muito grande, porque o projeto do Celso era absolutamente racional e que escapava, digamos assim, das manobras políticas, de uma certa condescendência de políticos do Nordeste, e eu incluo a Paraíba nesta minha frase, que faziam corpo mole e não queriam que a lei fosse aprovada porque iam perder o controle das verbas federais; depois tinha a coisa dos donos de engenho, dos latifundiários. Essa gente toda não podia ouvir falar de reforma agrária, que estava no plano da Sudene. E você quando você falava em reforma agrária muita gente achava que era comunismo e não era, nunca foi. Eu diria que ali, durante aquela experiência, o Nordeste foi uma espécie de momento síntese da vida dele como homem público.

Ascom/UFPB: A Sudene é uma grande marca nesse processo e ainda hoje ela tem momentos de alta e momentos de baixa. Na sua leitura, pelo seu acompanhamento da vida de Celso, a senhora avalia que no momento em que vivemos – de ascensão do neoliberalismo – tem espaço para um pensamento como o de Celso Furtado?

Rosa Freire d´Aguiar: Acho que em primeiro lugar teria que separar duas Sudenes. A Sudene até 1964, quando o Celso esteve lá, e a Sudene pós-1964. Por que eu digo isso? Não é uma questão de pessoas. Claro que teve Superintendente de extremo interesse pelo Nordeste, mas é que a estrutura governamental mudou. A Sudene na época de Celso era equivalente a um Ministério. Então o Celso tinha status e despachava direto com o presidente da República; ele era representante – vis- à- vis, de nove estados nordestinos. Depois de 64 a Sudene passou a ser uma repartição de um Ministério. Ela se encaixou no ministério de Obras Públicas, no ministério de Aviação, no ministério do Planejamento e no ministério da Integração Nacional, mas sempre como uma repartição, uma autarquia dentro de um ministério. Isso muda. O superintendente da Sudene não tem mais acesso ao presidente da República, ele tem que se reportar ao ministro. Então o plano dele é um plano com muito menos força política.  Isso eu acho que mudou muito. Se a Sudene hoje tem seus altos e baixos, talvez essa seja uma das razões – quer dizer, a estrutura governamental da Sudene mudou e já mudou há muito tempo. Se o pensamento de Celso tem validade hoje eu vou dizer que sim. Não vou dizer que todo o pensamento dele, porque Celso tem uma obra grande, mais de 30 livros publicados, alguns quase de combate político, mas os livros dele de teoria, de história econômica e os que explicam a questão regional, a questão do Nordeste, são de uma atualidade grande. Eu às vezes pego e tenho a impressão que foram escritos há um mês atrás, de tão atual. Porque não estão necessariamente descrevendo uma realidade de momento. São muito mais livros de diagnósticos, de propostas para solucionar alguns graves problemas nacionais. E obviamente que isso continua, até porque Celso foi um teórico do subdesenvolvimento e embora a palavra não se use mais hoje em dia, o subdesenvolvimento continua sem parar no Nordeste, nas periferias das grandes cidades. Não estou falando só do Nordeste, estou falando do Rio de Janeiro, onde moro, na periferia e nos bairros chiques você ver as pessoas dormindo nas ruas, sendo mal atendidas nas repartições e nos serviços públicos. Quem quiser pensar em resolver estes problemas terá que passar necessariamente pela obra do Celso.

Ascom/UFPB: No próximo ano a gente tem o centenário de Celso Furtado. E a senhora inclusive conversava com a reitora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Margareth Diniz, que o desafio é levar a obra dele para a juventude. Como a senhora imagina fazer isso?

Rosa Freire d´Aguiar: Bem, isso é um pouco o que me move. Quer dizer, o que me alegra é quando tem um lançamento, um debate. Eu fui a vários lançamentos e debates recentes e quando eu chego vejo que tem gente jovem interessada em saber um pouco do Celso, quem ele foi, o que escreveu me deixa muito feliz. Eu estive há pouco em Ouro Preto onde teve um encontro regional de economia e tinha centenas de estudantes lá. A ideia é sempre fazer em recintos universitários porque aí você chega as novas gerações. A criação de prêmios Celso Furtado é uma iniciativa boa porque você move os estudantes jovens, da graduação ou mestrado e doutorado a escrever sobre Celso e para isso eles tem que ler a obra dele. Então esse tipo de atividade universitária é a melhor forma de homenagear, porque o jovem já tem alguma maturidade para ler os textos dele – que são de um economista, de um historiador. E a partir daí eles vão em frente e pelo menos alguma coisa do pensamento dele pode continuar.

Marcus Alves/Ascom-UFPB

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Expectativa: deputados devem reconduzir Adriano Galdino à Presidência da ALPB em Sessão nesta 3ª

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Uma nova eleição para Mesa Diretora da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) acontecerá nesta terça-feira (26/11). O pleito ocorre após a aprovação do projeto de resolução 303/2024, que modificou o Regimento Interno da Casa e instituiu uma nova eleição para a Mesa.

A medida acontece após a Procuradoria-Geral da República (PGR) acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que a reeleição antecipada do deputado estadual Adriano Galdino (Republicanos) como presidente da Casa Legislativa seja oficialmente anulada para o biênio 2025/2026. Segundo a PGR, a antecipação da dita eleição fere “os princípios da alternância do poder político e da temporalidade dos mandatos”.

O parlamentar acredita que não haverá surpresas na recondução da Presidência da Assembleia e expressou confiança em eleição por unanimidade.

A permanência dos membros também tem aprovação do governador João Azevêdo (PSB). De acordo com o gestor, existe tranquilidade em relação ao tema, uma vez que, em reunião com o presidente da ALPB, já havia exposto o desejo de que a composição da Mesa Diretora continuasse da mesma forma.

Além de Galdino são componentes da atual Mesa Diretora da ALPB os deputados: Felipe Leitão, Cida Ramos e Taciano Diniz, Fabio Ramalho, Tovar Correia Lima, Eduardo Carneiro, Anderson Monteiro, Jane Panta, Sargento Neto, Galego de Sousa, Eduardo Brito e Júnior Araújo.

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Na 4ª: Jampa Innovation Day acontece em JP com presença de especialistas nacionais e internacionais

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A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) recebe, pela primeira vez, o ‘Jampa Innovation Day’, por meio do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas (PPGEPS) e com parceria da ONZE19 Innovation Lab, RIS Potencializadora de Negócios e Projetos, We.Ease, e com o patrocínio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (FAPESQ). O evento ocorrerá no dia 27 de novembro, das 8h às 18h, no IlhaTech, situado na rua Sandoval de Oliveira, 22, Torre, João Pessoa/PB.

Os interessados em participar do evento devem ficar atentos: toda a comunidade acadêmica tem acesso gratuito até o dia 26 de novembro, mas estão com as últimas vagas para resgate de ingressos. Para garantir o ingresso, basta acessar o site oficial do evento e utilizar o e-mail institucional no momento da inscrição. Já para a comunidade externa, os ingressos possuem valores variados, que podem ser consultados no mesmo link.

O encontro tem como objetivo capacitar a comunidade universitária, empreendedores e líderes corporativos, abordando temas essenciais como inovação aberta, transferência de tecnologia, desenvolvimento e internacionalização de startups, e inovação socioambiental, trazendo ao palco especialistas nacionais e internacionais para um dia de networking e aprendizado de alto nível.

O Jampa Innovation Day destaca-se não apenas como um espaço para a troca de experiências enriquecedoras entre startups, empresas e instituições acadêmicas, mas também pelo seu compromisso com o impacto social. Todo o lucro arrecadado com a venda de ingressos será destinado à ONG Milagres do Sertão, contribuindo para a transformação das condições de vida de comunidades na Paraíba.

Para mais informações sobre a programação, cronograma do evento e organizadores, acesse a página do Jampa Innovation Day, bem como o perfil do evento no Instagram.

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Paraíba registra, neste ano, 1.544 nascimentos prematuros a menos que em 2022; veja

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Neste ano, a Paraíba registrou 5.427 nascimentos prematuros, um número inferior aos 6.971 registrados em 2022. A campanha Novembro Roxo, que visa a conscientização sobre a prematuridade, tem como tema em 2024 ‘Cuidados maternos e neonatais de qualidade em todos os lugares’. No Brasil, 1 a cada 10 nascimentos ocorre antes das 37 semanas, colocando o país entre os dez com maior índice de partos prematuros no mundo. Em 2022, foram registrados 303.447 nascimentos prematuros, e os dados preliminares de 2023 indicam uma leve redução, com 303.144 casos. Até o momento, em 2024, foram notificados 245.247 partos prematuros.

Visando promover uma rede de apoio às famílias, o Ministério da Saúde lançou, em setembro último, a Rede Alyne, que atua para qualificar o cuidado materno-infantil e garantir atendimento integral às mulheres e recém-nascidos em todo o Brasil.

A prevenção do parto prematuro é essencial para a redução da mortalidade infantil e depende, principalmente, de um pré-natal de qualidade ofertado pela Atenção Primária à Saúde (APS), com acompanhamento contínuo pela Estratégia Saúde da Família (ESF) e encaminhamento à atenção especializada se detectada uma gestação de risco. Quando o nascimento prematuro ocorre, é fundamental que esses bebês recebam cuidados e acompanhamento rigorosos para reduzir a morbimortalidade neonatal.

De acordo com a coordenadora-geral de Atenção à Saúde das Crianças, Adolescentes e Jovens, Sonia Venancio, políticas públicas e protocolos bem estruturados são essenciais para proporcionar um cuidado de qualidade: “Com assistência neonatal qualificada, é possível melhorar as condições de saúde desses bebês, promovendo um início de vida mais seguro e saudável, o que impacta positivamente também as famílias e a sociedade como um todo”.

Embora muitos bebês prematuros se desenvolvam bem, o parto antes das 37 semanas pode expor o recém-nascido a diversas intercorrências devido à imaturidade de seus órgãos e sistemas. As principais complicações incluem dificuldades respiratórias, problemas cardíacos, gastrointestinais, de imunidade, oculares, auditivas e imaturidade no sistema nervoso central.

As principais causas para um bebê nascer de forma prematura envolvem condições maternas, gravidez na adolescência, histórico de parto prematuro, gravidez múltipla, estilo de vida que favoreça o parto prematuro, como o uso de álcool, cigarro e drogas ilícitas, cuidados pré-natais inadequados e infecções. A realização de exames do pré-natal, como de imagem e de sangue, permite a identificação precoce de condições de saúde materna e fetal que podem ser tratadas para evitar complicações. Em situações de alto risco, como hipertensão e diabetes gestacional, o monitoramento especializado é essencial para reduzir o impacto dessas condições sobre a gestação.

Ações

A Rede Alyne oferece suporte a estados, municípios e ao Distrito Federal, com recursos direcionados para fortalecer o pré-natal, o atendimento durante a internação e o acompanhamento no pós-alta – essenciais para a prevenção de complicações associadas à prematuridade. O programa também promove o fortalecimento dos serviços de alto risco para gestantes e puérperas em situação de vulnerabilidade, que são os Ambulatórios de Alto Risco (Agar), bem como oferece incentivo financeiro para os ambulatórios dos bebês egressos de UTI Neonatal (A-SEG).

Outra iniciativa do Ministério da Saúde é o envio de assessores técnicos aos territórios para apoiar e monitorar as práticas de saúde, além de garantir a execução das políticas, como no caso da estratégia do Método Canguru – cuidado humanizado ao recém-nascido que fortalece o vínculo entre mãe e bebê e reduz complicações comuns em bebês prematuros e ou de baixo peso.

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