EXCLUSIVO: Atendendo despacho do então conselheiro Marcos Antônio da Costa (falecido), auditores do Tribunal de Contas do Estado realizaram levantamento sobre possível superfaturamento / sobrepreços na aquisição de material médico-hospitalar, feita pela Organização Social (OS) Instituto de Psicologia Clínica Educacional e Profissional (IPCEP), em administração da gestão do Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, em Santa Rita.
A auditoria teve como foco principal contrato de gestão nº 158/2018, sob a supervisão da Secretaria de Estado da Saúde, à época sob o comando de Cláudia Veras, firmado com a empresa Nordeste Medical, Representação, Importação e Exportação de Produtos Hospitalares Ltda.
Após a auditoria, foi verificado superfaturamento / sobrepreço no montante de R$ 1.022.614,07 (um milhão, vinte e dois mil, seiscentos e quatorze reais e sete centavos) na aquisição das mercadorias hospitalares e divergências nos códigos dos produtos fornecidos ao Estado.
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A denúncia que culminou na auditoria foi formulada ao Tribunal de Contas do Estado da Paraíba pela empresa Fixar Comércio de Produtos de Limpeza e Informática LTDA, apontando suposto direcionamento de licitação e superfaturamento na aquisição de produtos hospitalares.
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Segundo a denúncia, ao tomar conhecimento do processo de licitação, a Fixar Comércio enviou proposta ao IPCEP ofertando para atender a demanda do pregão o valor de R$ 202 mil, com pagamento de 30% de entrada e o restante (70%) mediante a entrega do material. O denunciante diz ainda que ao tomar conhecimento da proposta, uma empresa concorrente no pregão – Nordeste Medical – , teria entrado em contato com uma terceira empresa – Maartec – fabricante dos produtos distribuídos exclusivamente pela Fixar Comércio, “em tom bastante ameaçador, exigindo que a empresa retirasse a proposta do processo, em razão dos preços serem inferiores ao seu”.
Dias após a “ameaça”, a Fixar Comércio teria sido surpreendida com a informação de que, mesmo ofertando o melhor preço e condições, o IPCEP teria contratado a empresa Nordeste Medical para o fornecimento dos produtos, no valor de R$ 294 mil, serviço com valor aproximadamente 44% mais que oneroso que o ofertado pela denunciante. A Nordeste Medical não teria sequer informado ao IPCEP as marcas e fabricantes dos produtos que seriam entregues.
“Passado que condena”
IPCEP já foi punido pelo TCE a devolver R$ 2,8 milhões por outras irregularidades
Em dezembro de 2018, o Tribunal de Contas do Estado imputou débito à Organização Social IPCEP no valor de R$ 2.822.668, 90, por “irregularidade da gestão de recursos atinentes a contratos firmados, em 2015, pela Secretaria de Estado da Saúde”.
Conforme decisão do TCE, “Adalberto da Silva Ribeiro, um dos responsáveis pelo IPCEP, foi condenado devolver aos cofres públicos a importância de R$ 488.687,95. Ele respondeu, entre outras irregularidades, por pagamentos incorretos à empresa A. Fortes Ltda. e, ainda, por gastos indevidos com plantões médicos, passagens aéreas e locação não comprovada de equipamentos hospitalares.
A Isis Regina Unfer Pereira, também responsável pelo IPCEP, o TCE impôs o débito de R$ 2.333.980,95 em decorrência do mesmo leque de irregularidades a que ela acresceu a não comprovação de estoques e despesas não documentadas com a empresa JP Desenvolvimento e Treinamento de Pessoal Ltda. Ambos os dirigentes ainda sofreram multa pessoal de R$ 5.000,00.
O processo, sob relatoria do conselheiro Nominando Diniz, decorreu de Inspeção Especial do TCE às contas de 2015 da Secretaria de Estado da Saúde. Na oportunidade, o Tribunal encaminhou cópia dos autos ao Ministério Público Comum “para as providências no âmbito de sua competência, inclusive, quanto ao acompanhamento do processo de desqualificação do IPCEP como organização social”. A mesma cópia foi encaminhada, com idêntico objetivo, ao Ministério da Justiça.”
O Contrato
O IPCEP foi contratado pelo governo de Ricardo Coutinho para terceirizar a gestão do Hospital Metropolitano de Santa Rita. O Governo do Estado celebrou contrato com a Organização Social no valor de R$ 198 milhões, com vigência entre 8 de novembro de 2018 até 7 de novembro de 2020.
Calvário
Na Paraíba, a Operação Calvário, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, investiga núcleos de uma organização criminosa acusada de desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e peculato, por meio de contratos firmados entre o Governo do Estado da Paraíba e Organizações Sociais.