Discreto, com um perfil técnico e comedido em declarações públicas, o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), foi puxado para o meio do ringue presidencial após Jair Bolsonaro (PSL) tentar consertar a frase em que chamou todos os governadores do Nordeste de “paraíbas”.
Depois da reação negativa ao teor da conversa que vazou durante encontro com correspondentes internacionais há uma semana, Bolsonaro afirmou, no dia seguinte, que tinha feito uma crítica específica ao governador paraibano e ao do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), por viverem o “esculhambando e se apropriando de obras federais”.
“É uma atitude inaceitável para um presidente da República. Eu não desço a esse nível. Essa é a grande questão. Eu não desço a esse nível de disputa”, diz Azevêdo.
O pessebista lembra que, na Paraíba, não há nenhuma obra federal iniciada neste ano. “Não há nem convênio. Zero. Todas as obras que estão aqui em andamento são dos governos anteriores”, afirma.
O governador, boa parte dos paraibanos e até a oposição local foram pegos de surpresa com o remendo do presidente. Ao contrário de seu padrinho, o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), que acumula inimigos e é afeito a declarações fortes contra adversários, Azevêdo não é considerado um político de enfrentamento, destaca reportagem da Folha.
Ele estava vistoriando uma obra no interior quando Dino o telefonou perguntando, em tom de brincadeira, quem era o pior governador dos dois. Azevêdo não entendeu a pergunta. Ainda não sabia do declaração do presidente.
“A Paraíba entrou nessa discussão muito mais numa tentativa de consertar a frase absurda dita de uma forma pejorativa”, declara.
Mesmo antes de o presidente o apontar como inimigo público, Azevêdo menciona que, em quase sete meses de gestão, já foi retaliado diretamente pelo governo federal em duas ocasiões.
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