O DEM iniciou uma ofensiva para deixar de ser rotulado como Centrão. A estratégia do partido, que fará nesta quinta-feira, 30, uma convenção nacional, foi montada para reagir ao desgaste cada vez maior da imagem de fisiologismo grudada no Centrão desde a época em que o então deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), hoje preso, comandava o bloco na Câmara.
Sob o mote “O Brasil não pode parar”, a convenção do DEM, em Brasília, defenderá a agenda econômica com foco nas reformas da Previdência e tributária, mas, nos discursos, dirigentes do partido manterão uma distância regulamentar do Centrão. A campanha para “desligar” a sigla do grupo também terá destaque nas redes sociais.
Classificado pelo presidente Jair Bolsonaro como “velha política”, o Centrão foi alvo, no domingo, das manifestações de rua em defesa do governo. O bloco informal reúne partidos como DEM, PP, PL (ex-PR), PRB, MDB e Solidariedade e é formado por cerca de 230 dos 513 deputados, informa reportagem do Estadão.
O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), é visto como articulador político do grupo, que já impôs uma série de derrotas ao Palácio do Planalto, como a retirada do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) das mãos do ministro da Justiça, Sérgio Moro, e a aprovação do Orçamento impositivo.
Na tentativa de se desvincular do Centrão, dirigentes do DEM lembram que, em julho de 2016, após Cunha renunciar à presidência da Câmara – alvejado pela Lava Lato –, Maia venceu o então deputado Rogério Rosso, do PSD de Kassab, na disputa pelo comando da Casa. À época, a vitória de Maia foi considerada uma derrota do Centrão e de Cunha, que apoiavam Rosso.
“Somos o partido moderador, que tem se alinhado com o governo na agenda econômica, mas não na pauta de costumes”, observou o deputado Efraim Filho (DEM-PB). “Então, não vamos deixar de apoiar propostas do governo, se tivermos identidade com elas, porque o Centrão é contra, e vice-versa. Não temos alinhamento automático.”
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