Biografia retrata Anitta superpoderosa e revela os bastidores das brigas e namoros da cantora; Livro chega às lojas neste sábado e fala da aposentadoria dela em 2023
“Escrevi a música que vai mudar as nossas vidas”. Quando Anitta falou essa frase para a mãe, Miriam, e para o irmão, Renan, nenhum dos dois botou fé. O ano era 2013 e, embora já fosse conhecida no mundo do funk carioca, a cantora ainda não tinha explodido nacionalmente. Justamente, o que aconteceria naquele ano, com aquela música: “Show das Poderosas”.
Naquele momento, não foi apenas a família que não levou Anitta a sério. Empresários e a própria gravadora Warner não acreditavam na canção que virou o grande hit do ano com o seu “Pre-pa-ra”. Mas Anitta bateu o pé e bancou com com dinheiro do próprio bolso o clipe inspirado no vídeo de “Run the World (Girls)”, de Beyoncé: em preto e branco e com um único cenário, um palco, informa publicação da página F5, da Folha.
Essa é uma das histórias contadas em “Furacão Anitta” (R$ 29,90, 192 págs., Agir), biografia da cantora escrita pelo jornalista Leo Dias e lançada neste sábado (30), quando a artista comemora 26 anos. Embora ele diga que se trate de uma biografia não autorizada e que não é amigo de Anita –apesar de serem próximos e de se falarem constantemente— o livro apresenta, na maior parte do tempo, visões positivas da cantora.
Ao final das 192 páginas de textos e fotos, a conclusão que a obra quer passar é que Anitta é quase uma superheroína de desenho: tem uma inteligência acima da média, não mede esforços para conseguir o que quer, é a grande responsável pelo seu próprio sucesso e conseguiu vencer muitos “vilões” ao longo da sua carreira.
Os poucos “defeitos” pontuados são o seu jeito explosivo e as muitas brigas em que já se envolveu (com muitos nomes conhecidos, aliás). Em todos esses casos, contudo, Anitta quase sempre tem razão, segundo aponta Dias, que não deixa clara a versão dos outros envolvidos. Segundo ele, houve citados que não quiseram comentar, caso do pai de Anitta e da empresária Kamilla Fialho.
Dá até para duvidar se não foi a própria Anitta que sugeriu a publicação do livro, como parte de mais uma de suas jogadas de marketing.
Há também uma revelação que promete causar frisson: a cantora já teria tudo planejado para deixar os palcos em 2023, quando chegará aos 30 anos, e o “Show das Poderosas” completa uma década.
Segundo Dias, esta decisão é planejada desde o início de sua trajetória artística. “Ela não quer ser refém da fama”, escreve ele. A ideia de Anitta é construir um legado agora para, em um futuro próximo, poder se dedicar à família e aos futuros filhos.
Para isso, ela já começou a investir em outras frentes de trabalho. A principal, segundo o biógrafo, é trabalhar como palestrante e consultora. Atualmente, ela já cobra R$ 150 mil para falar em empresas, preço que pode ficar mais caro se for um bate-papo com funcionários. E também já tem atuado como consultora de artistas iniciantes ou que estão em crise. Os sertanejos Gustavo Mioto e Matheus e Kauan já teriam contratado os serviços de Anitta.
“A vida é um ciclo. Uma hora eu vou cair. Isso é certo. E, nessa hora, não quero ninguém esperando de mim o contrário. Sabe o Pelé? Você viu o Pelé decair? Ninguém viu. Ele foi rei. Ele brilhou. E tchau. Deu lugar para outro. É isso. Depois de mim, virá outra. Não tem por que eu ficar disputando com essa outra. Não vou ganhar nunca essa disputa. É fisicamente impossível…”, diz a cantora no livro.
BISSEXUALIDADE E AMORES
Dividido em 13 capítulos, “Furacão Anitta” começa com seu avós maternos, Pedro Júlio e Gloriete Macedo, que migraram de Guarabira (a 98 km de João Pessoa, na Paraíba) para o Rio de Janeiro em busca de melhores condições de vida.
Segundo Dias, foi o avô materno um dos primeiros a ver e incentivar o talento musical da neta, quando ainda usava o nome de registro, Larissa de Macedo Machado. Pedro Júlio chegou a tocar em bandas na noite de Guarabira, mas teve de deixar a carreira de lado para sustentar a numerosa família.
A biografia também fala da infância da futura estrela em Honório Gurgel, bairro de classe média baixa na zona norte do Rio, onde ela cresceu e se transformou em Anitta —nome escolhido por influência da minissérie “Presença de Anita” (Globo), de 2001.
A obra mostra que o pai, Mauro Machado, separado da mãe após ser pego com outra mulher, foi ausente na vida da artista e que, desde cedo, ela era uma garota popular, estudiosa e muito determinada com o objetivo de ser “rica e famosa”.
Foi por influência do pai, aliás, que Anitta, criada pela mãe na religião católica, se tornou praticante do candomblé. Segundo o biógrafo, a cantora frequenta um terreiro no Rio de Janeiro e é amiga próxima do pai de santo Sérgio, seu confidente e conselheiro.
A biografia, no entanto, vem chamando a atenção da mídia pelo grande espaço que dá às histórias dos bastidores do mundo artístico, especialidade de Leo Dias, que ficou famoso ao contar fofocas das celebridades —ele tem uma coluna no jornal O Dia, do Rio, e apresenta o Fofocalizando, no SBT.
Um dos capítulos, por exemplo, fala só sobre a lista de artistas com quem a cantora já se relacionou amorosamente. Estão nela Luan Santana, André Marques, Eduardo Sterblitch (conhecido por fazer o Freddy Mercury Prateado no programa Pânico na TV), Fábio Porchat, Neymar (caso que foi amplamente noticiado no Carnaval deste ano) e até o estilista Pedro Lourenço. A cantora também já teve affairs com celebridades internacionais como Niall Horan, do One Direction, e o piloto inglês Lewis Hamilton.
Além disso, Leo Dias detalha outros namoros longos da cantora com pessoas menos conhecidas e o seu casamento com o empresário Thiago Magalhães, que durou menos de um ano. O relacionamento dos dois era, segundo pessoas próximas contaram ao biógrafo, “tóxico e baseado em assédio moral” da parte dele. Anitta também teria percebido que Magalhães queria usá-la como escada para ficar famoso.
O livro revela ainda que a cantora é bissexual e que a revelação foi um choque para a sua mãe, Miriam. Dias, porém, não cita nenhum relacionamento de Anitta com outra mulher.
“Furacão Anitta” conta também que a cantora tem um grande amor pouco conhecido do público: o empresário Daniel Trovejani. Eles se conheceram quando ela tinha 16 anos e, desde então, mantiveram contato próximo. Já namoraram várias vezes e atualmente ele também é o braço direito de Anitta em sua produtora. Dias afirma na biografia que uma das tarefas mais difíceis ao desenvolver o livro foi entrevistar Trovejani.
Um dos empecilhos para o relacionamento dos dois seria a aversão do empresário à fama. De acordo com jornalista, Miriam, mãe da cantora, tem certeza que a filha e Trovejani ainda vão ficar juntos.
BRIGAS E FOFOCAS
“O meio artístico é cheio de falsianes. Muita gente que se odeia pelas costas vive aos beijinhos na frente dos holofotes. Anitta se vangloria de ser a ‘sincerona’, mas também é boa malandra e sabe muito bem fazer a política da boa vizinhança.”
É assim que Leo Dias começa o capítulo Muy Amigas. São dez páginas em que ele relata as brigas mais famosas em que a cantora já se envolveu. São tantas as polêmicas que, segundo ele, dariam para escrever um livro só sobre o assunto.
Confusões com Preta Gil, Claudia Leitte, Ivete Sangalo, Pabllo Vittar, Simaria (da dupla com Simone), Pitty e até os cantores internacionais Maluma e Iggy Azalea são contadas na publicação. Em muitos casos, Anitta voltou às boas com quem brigou.
Em outro trecho da publicação, Dias relata a desavença da cantora com a atriz Bruna Marquezine, 23, situação que ganhou grande repercussão no Carnaval deste ano após Anita ter supostamente beijado o jogador Neymarno mesmo camarote em que estava a ex dele, na Marquês da Sapucaí, no Rio.
Segundo Dias, Anitta e Bruna não se bicam desde 2014, quando a banda One Direction veio tocar no Brasil. Na ocasião, a cantora ficou com Niall Horan, membro da banda, e a atriz teria flertado com outro integrante do grupo Harry Styles.
Segundo Dias, Marquezine não ficou com o músico, mas a paquera saiu na imprensa, o que não era bom para ela, já que na época namorava Neymar. A atriz teria desconfiado que Anitta seria responsável por vazar a informação para a mídia, o que azedou a relação das duas.
O biógrafo também detalha, em outros capítulos, as brigas da artista com empresários, primeiro com a Furacão 2000, que a agenciou no início da carreira, e depois com a K2L, mais especificamente com Kamilla Fialho, uma das sócias da empresa.
Segundo o livro, foi Fialho quem sugeriu mudar o estilo funkeira de Anitta e a incentivou a fazer as suas primeiras plásticas, no nariz e no seio, e lançou a cantora para além do nicho a que estava inserida. Mas suspeitas de roubo e falta de controle sobre a própria carreira fizeram Anitta desfazer a parceria.
A cantora entrou com um processo na Justiça em 2014 acusando Fialho de desviar dinheiro —segundo Dias, perícia contratada por ela apontou que o valor do rombo chegava a quase R$ 2,5 milhões. Fialho justificou os gastos dizendo uma frase que ficou famosa na imprensa: “Anitta é fruto de muito jabá.”
Após uma série de derrotas judiciais, a cantora percebeu que seria mais rentável fazer um acordo com Fialho e propôs uma conversa com a “inimiga”. O acordo foi assinado em setembro de 2018, com Anitta pagando R$ 9 milhões a K2L, valor que foi dividido entre Fialho e os outros dois sócios da empresa.
Procurada, Kamilla Fialho diz já ter resolvido seus problemas com a cantora e afirma que o autor fez um “compilado de mentiras” e que ela não é a mulher retratada por ele: “Sim, o nome é meu, Kamilla Filaho! Mas graças a Deus essa não sou eu, essa é a personagem criada por uma mente muito debilitada”.
Como parte do acordo fechado com a empresária, Anitta voltou a ser dona das músicas que tinham sido registradas por Fialho, inclusive, um dos seus grandes sucessos, “O Show das Poderosas”.