O afago do governo, que liberou recursos para as bases eleitorais de parlamentares, não foi eficiente para melhorar a disposição da Câmara em votar a reforma da Previdência.
O Palácio do Planalto e interlocutores do presidente Jair Bolsonaro (PSL) no Congresso informaram as bancadas partidárias sobre o pagamento de aproximadamente R$ 1 bilhão em emendas parlamentares nos próximos dias, sendo R$ 711 milhões de emendas individuais de congressistas e R$ 319 milhões de emendas de bancadas estaduais.
Na formulação do Orçamento, os congressistas têm direito de destinar recursos para obras e ações em suas bases eleitorais. Em alguns casos, o governo é obrigado a fazer a quitação — são as chamadas emendas impositivas.
Para evitar críticas de que estaria buscando apoio com práticas usadas em governos anteriores, a gestão Bolsonaro liberou os recursos de maneira proporcional, contemplando inclusive a oposição, informa reportagem da Folha.
Outros líderes de sigla alinhadas questionam, nos bastidores, a decisão, pois não veem vantagem em votar projetos do governo se o Planalto não privilegia a base. Mesmo no MDB, legenda mais contemplada pela liberação de emendas, o apoio à proposta de reforma da Previdência nada se alterou.
Levantamento feito dentro da bancada do partido aponta que, dos 34 deputados, apenas 3 votariam pela PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que endurece as regras de aposentadorias e pensões.
O ministro general Santos Cruz (Secretaria de Governo) deve se reunir nesta semana com interlocutores do presidente no Congresso para destravar as nomeações.
A falta de diálogo é outra reclamação frequente na Câmara. Ministros, segundo deputados, não estão recebendo parlamentares e prefeitos para reuniões, o que agrada à base governista.
A turbulenta entre Planalto e Congresso também se reflete na dificuldade para encontrar um nome ideal para a PEC. Deputados cotados, como Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), rejeitam o posto.
Líderes mais experientes na Câmara defendem que um deputado do PSL possa assumir a relatoria da proposta. Assim, o peso de aprovação do texto fica com o partido de Bolsonaro e caem as chances de o relator fazer grandes alterações.
Em outra frente pela PEC, o ministro Paulo Guedes (Economia) se reúne nesta quarta (13) com os líderes da Câmara na residência oficial de Maia.
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