Lena Guimarães – Correio da Paraíba
Como as primeiras irregularidades reveladas ao Brasil foram as relacionadas aos desvios da Cruz Vermelha na saúde do Rio de Janeiro, e só depois foram expostas as da Paraíba, restou o entendimento de que o Ministério Público de lá fez o trabalho sozinho.
Pelo que conta o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), promotor Otávio Paulo Neto, a entrada do MPPB ocorreu em meados de 2018, tão logo o STF decidiu que a competência para atuar em questões relacionadas ao contrato do Estado com a Cruz Vermelha era estadual.
Para desvendar o comportamento da Cruz Vermelha foi montada uma força-tarefa reunindo o MPRJ, o MPPB e o MPGO. Otávio Paulo Neto diz que esse grupo não foi desfeito, pelo contrário, continua no caso, examinando tudo antes de “depositar na Justiça os achados”.
Esse grupo tem recebido o apoio, que o Coordenador do Gaeco reconhece como valioso, do MPF, MPT, CGU, TCU e TCE. Quem deve nesse caso tem que se preocupar, porque são instituições com equipes técnicas preparadas e comprometidas com o esforço de barrar a corrupção no País.
O MPT, pelo procurador Eduardo Varandas, foi o primeiro a questionar a terceirização das gestões de hospitais. Levou o debate até ao STF e recentemente defendeu que também sejam investigados os contratos com organizações sociais para gestão de escolas.
O TCE também alertou sobre a Cruz Vermelha. O conselheiro Nominando Diniz, ainda no início de 2017, questionou a “quarteirização” de serviços que a organização social aceitou prestar para o Estado, e seus custos elevados. No início de dezembro passado os auditores novamente apontaram irregularidades e recomendaram rescisão do contrato.
O prejuízo para o Estado ainda está sendo dimensionado, em meio a apuração sobre pagamento de propina e doações para campanha política. Otávio Paulo Neto diz que pelo relatório dos auditores, a soma é alta, até porque a Cruz Vermelha recebeu R$ 1,2 bilhão na Paraíba.
O grupo da Operação Calvário foi reforçado com mais três promotores. A expectativa é de que não demorem a esclarecer se houve corrupção e quem participou.
TORPEDO
“Foi uma excelente inciativa do Ministério Público a criação desse grupo para intensificar as investigações. A Operação Calvário ainda tem muito o que desvendar nesse caso envolvendo a Cruz Vermelha e tenho certeza que os promotores irão realizar um excelente trabalho.”
Do deputado Tovar Correia Lima (PSDB), elogiando o MPPB por reforçar grupo de trabalho que atua na Operação Calvário.
Sem trégua
Com o fim dos 15 dias de suspensão dos trabalhos na Assembleia para adequação da tribuna às necessidades especiais da deputada Cida Ramos, a oposição se prepara para o debate sobre a CPI da Cruz da Vermelha.
A questão
O requerimento precisará de 12 assinaturas para ser protocolado, mas os discursos estão liberados e os oposicionistas prometem discutir o contrato com a Cruz Vermelha e perguntar: Por que o Estado tem medo de CPI?