O deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) avaliou uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que revela que 23% dos jovens brasileiros não trabalham e nem estudam (jovens nem-nem), na maioria mulheres de baixa renda. O percentual é um dos maiores entre nove países da América Latina e Caribe. Enquanto isso, 49% se dedicam exclusivamente ao estudo ou capacitação, 13% só trabalham e 15% trabalham e estudam ao mesmo tempo.
“O Brasil nega oportunidade no início da vida. Os investimentos não acontecem nos anos mais sensíveis do desenvolvimento humano e quando chega na juventude, realmente fica muito difícil tirar esse déficit todo. O segredo é dar vaga na creche. Antes de acreditar que a gente vai conseguir dar oportunidade ao jovem quando ele completa 15 anos, existe uma etapa inicial que está esquecida. É preciso cuidar dessa estrutura básica, com um mínimo de saúde e dignidade. Temos que lembrar ainda que não se consegue distribuir oportunidades iguais sem valorizar os professores”, destacou Pedro.
O estudo revela que as razões para esse cenário são problemas com habilidades cognitivas e socioemocionais, falta de políticas públicas, obrigações familiares com parentes e filhos, entre outros. “O que falta a esses jovens é justamente uma educação de qualidade, sobretudo, nos primeiros anos de ensino. Isso reflete no futuro desses jovens que sem preparação, sentem dificuldade para ingressar no mercado de trabalho”, destacou Pedro.
De acordo com a pesquisa, embora o termo nem-nem possa induzir à ideia de que os jovens são ociosos e improdutivos, 31% dos deles estão procurando trabalho, principalmente os homens, e mais da metade, 64%, dedicam-se a trabalhos de cuidado doméstico e familiar, principalmente as mulheres. “Ou seja, ao contrário das convenções estabelecidas, este estudo comprova que a maioria dos nem-nem não são jovens sem obrigações, e sim realizam outras atividades produtivas”, diz a pesquisa.
Creches – Pedro destacou mais uma vez a importância no aumento da oferta de creches no Brasil para que mais mulheres possam ter condições de trabalho e assim, garantir aos filhos uma educação desde os primeiros anos de vida. “É uma enorme discrepância que a União detenha os recursos enquanto aos municípios cabe a responsabilidade para cuidar das crianças. Levantamento recente apurou que mais de 200 mil crianças de até três anos estão fora das creches por falta de vagas nas sete maiores capitais brasileiras e isso precisa ser mudado com urgência”, alertou o parlamentar.
É de autoria de Pedro o Projeto de Lei 7.643/2017, que institui o Programa Nacional de Apoio à Manutenção de Crianças Carentes em Creches (ProCreche) e o Fundo Nacional de Apoio à Manutenção de Crianças Carentes em Creches (Funcrehe). A intenção da proposta é o aumento da oferta de vagas em creches para o fortalecimento da educação.
Já o Projeto de Lei de nº 7.187/2017, também de autoria do parlamentar paraibano, visa à ampliação do número de creches. Para isso, a proposta é que cada novo campus universitário das instituições federais de educação superior tenha uma nova creche para atendimento de crianças de zero a três anos de idade.