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Corrupção, lavagem e organização criminosa: Temer é indiciado pela Polícia Federal

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O presidente Michel Temer (MDB) foi indiciado pela Polícia Federal, nesta terça-feira (16), por organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro no inquérito sobre o chamado “Decreto dos Portos”. Temer é acusado de integrar esquema de pagamento de propina para favorecer a empresa Rodrimar S/A, concessionário do Porto de Santos, ao editar o Decreto 9.048/2017 em maio do ano passado. Ele e mais dez pessoas constam do relatório final que a PF entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a investigação (veja a lista abaixo). A assessoria do Palácio do Planalto ainda não comentou o indiciamento alegando ainda não ter tido acesso ao relatório final.

A filha do presidente, Maristela Temer, está entre os indiciados. Mas, no caso dela, o indiciamento a enquadra exclusivamente como suspeita de lavagem de dinheiro. Além dos indiciamentos, a PF pede a prisão preventiva de João Baptista Lima Filho, o Coronel Lima, amigo e braço-direito de Temer em assuntos particulares, além de outros três investigados. Eles estão proibidos de deixar o país (confira na lista abaixo) e tiveram os bens bloqueados, inclusive Temer, informa reportagem do Congresso em Foco.

O assunto atormenta Temer, parentes e aliados há meses, e pode fechar o cerco ao presidente a partir de 1º de janeiro de 2019, quando ele deixa o mandato e perde a blindagem do foro privilegiado. O relatório já foi encaminhado pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso, relator do caso, para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que tem prazo de até 15 dias para se manifestar sobre as conclusões da PF. Barroso já havia autorizado a prorrogação do tempo de investigação por quatro vezes.

Iniciada em 2017 a partir de delação premiada de executivos do Grupo J&F (dono da JBS), a investigação se debruçou sobre a suspeita de que o decreto de Temer – atrelado à edição da medida provisória editada em 2013, quando Temer era vice-presidente – serviu como contrapartida ao recebimento de propina paga pela Rodrimar.

A negociata da chamada “MP dos Portos”, segundo as investigações, foi intermediada pelo ex-assessor especial da Presidência da República Rodrigo Rocha Loures (PMDB), suplente de deputado pelo Paraná que passou a ser chamado de “deputado da mala”. Além de Temer e Rocha Loures, executivos da Rodrimar também são investigados.

Em 29 de abril, Loures foi filmado pela PF fugindo por uma rua de São Paulo com uma mala com R$ 500 mil em espécie e virou réu devido ao episódio. Blindado por deputados da base em duas votações de plenário, Temer, a quem foi atribuído o dinheiro, foi beneficiado pela legislação vigente e só pode ser investigado por ato cometido no exercício do mandato, e mesmo assim com autorização da Câmara. Com as negativas da Câmara, a continuidade do processo contra o presidente só terá curso quando ele deixar o mandato.

Rocha Loures foi o principal articulador do decreto. Ex-homem de confiança de Temer, o ex-deputado atuou como intermediário entre o presidente e empresas do setor portuário. Segundo a PF, os emedebistas integram o núcleo político do esquema de corrupção e devem responder pelos três crimes (corrupção, lavagem e organização).

Amigo de Temer há mais de 30 anos, Coronel Lima foi assessor militar do presidente quando o emedebista foi Secretário de Segurança Pública de São Paulo, na década de 1980, além de sócio na empresa de arquitetura e engenharia Argeplan. Segundo a PF, a firma foi utilizada como forma de disfarce para o recebimento de propina em esquema que envolveu outro sócio, Carlos Alberto Costa, em nome de Temer. Carlos também foi indiciado pelos três crimes.

Além deles, o filho de Carlos, o diretor da Argeplan Carlos Alberto Costa Filho, foi indiciado por lavagem de dinheiro, bem como o contador da empresa, Almir Martins Ferreira. Já Antônio Celso Grecco, sócio do Grupo Rodrimar, integrou o esquema e por isso deve responder por organização criminosa, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

Outro diretor do Grupo Rodrimar, Rodrigo Mesquita, foi indiciado por lavagem de dinheiro. O núcleo empresarial do esquema, de acordo com as investigações, é Gonçalo Borges Torrealba, sócio do Grupo Libra. Ele foi indiciado por organização criminosa, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

Reforma

O indiciamento de Maristela teve como principal elemento incriminatório uma reforma promovida em sua casa em São Paulo, entre 2013 e 2015. Com o avançar das investigações, a PF conseguiu dos empresários do grupo J&F a confissão sobre o repasse de R$ 1 milhão ao Coronel Lima em 2014.

O dinheiro, diz o relatório, era entregue na sede da Argeplan, de propriedade do coronel. A arquiteta responsável pela obra foi Maria Rita Fratezi, esposa do Coronel Lima – e, como o marido, também indiciada por lavagem de dinheiro, mas isenta dos outros dois crimes.

Diante do conjunto probatório, o relatório da PF aponta a prática dos crimes de corrupção passiva (artigo 317 do Código Penal), corrupção ativa (artigo 333 do CP), lavagem de dinheiro (artigo 1º da Lei nº 9.613/1998) e organização criminosa (artigo 1º da Lei nº 12.850/2013). O esquema criminoso, segundo as investigações, foi dividido em quatro núcleos (político, administrativo, empresarial/econômico e operacional/financeiro).

Veja a lista de indiciados:

1. Michel Miguel Elias Temer Lulia

2. Rodrigo Santos da Rocha Loures

3. Antônio Celso Grecco

4. Ricardo Conrado Mesquita

5. Gonçalo Borges Torrealba

6. João Baptista Lima Filho

7. Maria Rita Fratezi

8. Carlos Alberto Costa

9. Carlos Alberto Costa Filho

10. Almir Martins Ferreira

11. Maristela de Toledo Temer Lulia

Pedidos de prisão:

1. João Baptista Lima Filho

2. Carlos Alberto Costa

3. Almir Martins Ferreira

4. Maria Rita Fratezi

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CCJ do Senado irá debater projeto que permite mais controle em licitações

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A Comissão de Fiscalização e Controle (CTFC) aprovou na última semana projeto de lei que dá a estados, municípios e Distrito Federal mais abertura para exigirem das empresas vencedoras de licitações a adoção de regras para coibir irregularidades (PL 4687/2023).

O texto tem parecer favorável do relator, senador Efraim Filho (União Brasil), e agora segue para análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Atualmente, a Nova Lei de Licitações (Lei 14.133, de 2021) determina que os editais públicos prevejam a adoção de programas de integridade pelas empresas vencedoras nos casos de contratos de grande vulto — aqueles cujo valor é estimado em mais de R$ 239 milhões. O que o projeto aprovado pela CTFC faz é permitir que os estados, os municípios e o Distrito Federal exijam a adoção de programas de integridade em licitações de valor inferior ao previsto na lei federal.

Um programa de integridade é o conjunto de mecanismos e procedimentos internos que uma empresa deve adotar para coibir irregularidades na execução de contratos, incluindo códigos de conduta, auditorias e incentivo a denúncias.

Efraim Filho incluiu no projeto a previsão de vigência imediata da lei. O relator afirmou concordar que cabe a cada ente federado, considerando sua própria realidade, estabelecer o valor mínimo adequado dos contratos a partir do qual o programa de integridade deve ser exigido.

Fonte: Agência Senado

 

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“Desperdício de dinheiro público”, diz Cabo Gilberto sobre festival de música do G20

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O deputado federal, Cabo Gilberto (PL), apresentou requerimento ao Ministério da Cultura para obter mais informações o critério de escolha dos artistas que participaram do festival de música organizado pelo Ministério com a ajuda da primeira-dama Janja.

Apelidado de “Janjapalooza”, o festival Aliança Global Festival Contra Fome e a Pobreza foi promovido no Rio de Janeiro durante encontro do G20 e contou com 29 artistas. Para bancar o evento, o Ministério da Cultura recebeu o apoio das estatais Banco do Brasil, BNDES, Caixa Econômica Federal, Itaipu e Petrobras.

“O desperdício de dinheiro público realizado pelo Ministério da cultura, em um momento de grave crise econômica, é um verdadeiro desrespeito aos cidadãos que arcam com a alta carga tributária do país”, disparou Cabo Gilberto.

 

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Escala 6×1: especialista aponta setores que poderão ser mais afetados pelas mudanças propostas

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Os debates sobre a Proposta de Emenda à Constituição que pretende reduzir a carga horária de trabalho de 44 para 36 horas semanais seguem em evidência no Congresso Nacional. Após o número mínimo de assinaturas de parlamentares ser atingido, o texto já pode tramitar. As discussões sobre os formatos de escala já tiveram início, mas é importante questionar um ponto: afinal, que setores serão mais afetados por essa medida?

Na avaliação do presidente do Sindicato dos Economistas de São Paulo, Carlos Oliveira Jr., a mudança afeta, sobretudo, os segmentos que funcionam de forma contínua, como áreas do setor de Comércio, por exemplo. Além desses, o especialista destaca áreas do setor de Serviços que também utilizam a escala 6×1 para manter as operações todos os dias da semana, como hotéis, restaurantes, padarias, transporte e logística.

Ele também considera algumas profissões específicas. “Operadores de caixa, repositores de supermercado, balconistas, trabalhadores de limpeza, segurança, profissionais de saúde, enfermeiros, técnicos de enfermagem, funcionários de transporte, pessoal que dá suporte em nível de tecnologia, em banco e atendimento também”, pontua.

Empregos nos setores mais afetados

De acordo com o Brasil61, dados da Pesquisa Anual do Comércio de 2022 do IBGE – divulgada neste ano, revelam que 10,3 milhões de pessoas estavam empregadas em empresas do setor de Comércio em 2022. Desse total, 7,6 milhões atuavam no varejo e 1,9 milhão no atacado. Quanto ao setor hoteleiro, de eventos e turismo a soma é de 3,7 milhões de profissionais, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH).

Escala 6×1: uma nova era ou risco para as relações trabalhistas?

Oliveira Jr. afirma que a proposta apresenta alguns pontos positivos para o empregado, como mais horas de descanso, por exemplo, mas ele também enxerga desafios para empresas que vão precisar elevar despesas, o que pode ser repassado ao consumidor final.

“Ela [empresa] tem que contratar mais pessoas para ocupar esse período. E aí vai elevar os custos. Pode impactar com relação a preço, como varejo, hospitalidade, onde a contratação de novos trabalhadores ou pagamento de horas extra pode ser um desafio financeiro. Para empresa de menor porte, a mudança pode ser inviável, pois, além do custo adicional, há o desafio de adaptar escalas e gerir equipe maior”, explica.

Salário dos setores mais afetados

Ainda de acordo com o IBGE, a média salarial do setor de Serviços foi de 2,3 salários mínimos mensais, em 2022. Ao se considerar o salário mínimo daquele ano, o valor total equivale a R$ 2.787,60. Em relação ao Comércio, a remuneração chegou a uma média de 2,4 salários mínimos.

A proposta conta com, pelo menos, 171 assinaturas de deputados para começar a tramitar. A mudança pode ter forte impacto sobre os direitos trabalhistas no Brasil, que são historicamente protegidos por uma legislação robusta.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) já estabelece um limite para a jornada semanal de trabalho de 44 horas, com um descanso mínimo de 24 horas consecutivas. Embora a CLT permita certas flexibilizações — como escalas alternativas de trabalho e pagamento por hora. Mas para Barbosa, o cenário mais drástico da mudança, caso a PEC venha a ser aprovada, seria o aumento da informalidade e do desemprego.

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