Mais de 20% das interações nos debates no Twitter relacionados a Lula e Jair Bolsonaro são movidos por robôs— ou seja, contas automatizadas que simulam ser de pessoas reais, mas são operadas por máquinas. Foram analisados 5,4 milhões de tuítes.
As interações motivadas pela ação de robôs corresponderam a 22,1% das postagens no Twitter de perfis ligados ao campo da esquerda, alinhados ao PT; outros 21,9% à esfera de direita conservadora, ligados à Bolsonaro; e 16,1% ao campo do centro e 3,99% à centro-esquerda, mas sem predomínio de nenhum candidato em particular.
O levantamento foi realizado pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre 22 de junho e 23 de julho, e divulgado na quarta-feira (25), informa reportagem do Congresso em Foco.
A pesquisa analisou postagens que compartilharam conteúdo relacionado aos presidenciáveis. O estudo não entrou no mérito se os candidatos têm alguma influência sobre o uso dos perfis fake.
Para o professor Amaro Grassi, responsável pela pesquisa, o estudo é um primeiro alerta para a influência que robôs podem ter durante a campanha eleitoral. “A campanha nem começou, mas já temos um cenário bastante marcado por robôs. Podemos esperar nas próximas semanas uma atividade muito forte nesse sentido”, disse.
O professor ainda alertou que a interferência das contas automatizadas não é exclusiva de nenhum campo político e está bastante disseminado, tanto no espectro da esquerda como no da direita. A FGV lançou, nesta quarta, um projeto para acompanhar a movimentação nas redes sociais durante o período eleitoral.
Segundo o diretor da FGV/DAPP, Marco Aurelio Ruediger, esse cenário comprova a importância das redes nesta campanha eleitoral.
“Não sabemos como isso vai se traduzir no processo eleitoral, mas estamos preparados para fazer alinhamentos entre o debate político nas redes e as propostas dos candidatos”, afirmou.