Dia desses, o cacique Gilson Wera Mirim, 30, brigou com o chefe de outra tribo num grupo de WhatsApp com lideranças indígenas. A “grande polêmica”: evangelizadores em aldeias são bem-vindos?
“Ele diz que é totalmente contra. Mas liberou que passassem ‘Nada a Perder’ para o pessoal dele. Que é isso? Cinemão gospel dentro [do povoado]? Não entendi mais nada”, reclamou Gilson.
“Nada a Perder” é a cinebiografia do bispo Edir Macedo. Gilson até acha que os indígenas sob sua guarda nada têm a perder em aceitar os ingressos que lhes foram oferecidos “por uns pastores” para assistir à história do líder da Igreja Universal do Reino de Deus, destaca reportagem da Folha.
“O que eu não aceito é placa de igreja dentro [da aldeia]”, diz ele, prócer de uma tribo em São Vicente (litoral de SP).
A questão é que muitos caciques aceitam —e a troca das casas de reza, típicas da cultura indígena, por igrejas gera um debate sobre até que ponto a liberdade religiosa vira predadorismo proselitista.
No Censo de 1991, das 295 mil pessoas que se declararam indígenas, 13,5% se disseram evangélicas. Corta para o levantamento feito pelo IBGE em 2010: 25,5% evangélicos entre 821,5 mil indígenas.
A proporção de evangélicos é maior do que a média nacional, de 22% no último Censo. Hoje já são 33% dos indígenas seguindo essa fé, segundo pesquisa Datafolha de 2017.
Denominações de vários tamanhos tentam se aproximar dos povos indígenas. Uma das maiores, a Universal, é craque no assunto. Em 2017, levou a uma aldeia na Paraíba seu projeto IntelliMen, “para formar homens inteligentes e melhores em tudo”, como explica o site do programa. “Não prometemos superpoderes como levantar ônibus com um dedo ou voar —mas estamos trabalhando nisso.”
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