A participação ativa do senador José Maranhão (MDB) na sucessão estadual representa um fato inédito na política da Paraíba. Aos 84 anos, Maranhão é um dos poucos homens de sua geração e de gerações posteriores em plena atividade política.
Ele se apresenta como virtual candidato a governador e consegue mexer no xadrez da campanha que se aproxima de forma a influenciar eleitores dos mais novos aos mais velhos em todos os recantos do Estado, informa reportagem do Correio da Paraíba.
De acordo com o historiador José Octávio de Arruda Melo, Maranhão já desbancou alguns dos políticos mais longevos na vida pública- com mandato e influência no quadro eleitoral-, a exemplo de Venâncio Neiva (primeiro governador republicano) e José Américo de Almeida, por exemplo. Venâncio foi governador entre 16 de novembro de 1889 e 27 de novembro de 1891. Montou uma oligarquia e nomeou parentes e aderentes de toda sorte no Governo.
Segundo José Octávio, Venâncio Neiva não deixou herdeiro político, mas uma leva de parentes em cargos estratégicos no Governo, principalmente no Fisco. “Até 1960, o fisco ainda estava repleto de parentes de Venâncio”, comentou José Octávio.
Venâncio foi deposto e substituído por Álvaro Machado, que também montou a própria oligarquia.
Em 1904, lembra o historiador, o pessoal de Venâncio no Governo se uniu aos alvaristas. Em 1918, Venâncio se elegeu senador e foi reeleito até 1930. “Passou toda a República Velha no poder”, disse José Octávio. Após deixar o poder, Venâncio continuou influenciando na política da Paraíba, até morrer no dia 17 de fevereiro de 1939, no Rio.
José Américo de Almeida morreu no dia 10 de março de 1980, aos 93 anos. Foi governador, ministro e senador. Foi embaixador do Brasil no Vaticano e pré-candidato a presidente da República em 1938. Exerceu forte influência no cenário nacional.
Américo influenciou sem disputar
Em 1928, segundo texto do site da Fundação Getúlio Vargas (FGV), José Américo iniciou sua participação na gestão de João Pessoa à frente do governo da Paraíba.
“Como secretário estadual do Interior, implantou forte tributação sobre o comércio entre o interior paraibano e o porto de Recife, até então livre de impostos, com o objetivo de reforçar as finanças estaduais e fortalecer o porto de Cabedelo. Tal medida acabou por gerar grande descontentamento entre fazendeiros do interior do Estado, entre os quais o coronel José Pereira, cuja influência política se estendia a outros Estados nordestinos”, diz o texto.
“Zé Américo se afastou da política em 1958 derrotado por Ruy Carneiro numa disputa para senador”, disse José Octávio, frisando que, mesmo derrotado e afastado da política, José Américo continuou influenciando politicamente até morrer. Apoiou o golpe militar de 1964 e conseguiu influenciar na vitória e nomeação de dois governadores pelo regime militar: Ivan Bechara e Tarcísio Burity, ambos na década de 1970.
Outro político de idade avançada lembrado por José Octávio foi Pedro Gondim. Foi vice do governador Flávio Ribeiro, no fim da década de 1950 e início da década de 1960. Assumiu o governo interinamente, com o afastamento de Ribeiro por problemas de saúde.
Renunciou ao governo para se candidatar no pleito seguinte, em 1960, e derrotou Janduhy Carneiro. Apoiou o golpe militar para concluir o mandato. Em 1966, repassou o cargo a João Agripino e foi eleito deputado federal, mas foi cassado. Foi anistiado em 1979. Em 1982, disputou cadeira de senador e foi derrotado por Marcondes Gadelha.
Depois, não influenciou em mais nada na política, até morrer. Mas deixou herdeiros: a filha, Nilda Gondim, ex-deputada federal e hoje suplente de senadora; e os netos Vital Filho, ex-vereador de Campina Grande, ex-deputado estadual e federal, ex-senador e hoje ministro do TCU; e Veneziano Vital, ex-vereador e ex-prefeito (duas vezes) de Campina, e hoje deputado federal.