A quem interessa a falta de investimento no Bolsa Atleta na Paraíba? A pergunta é do ex-secretário estadual de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel), Ruy Carneiro, lembrado como um dos gestores que aprimoraram o funcionamento deste programa de incentivo aos atletas paraibanos e que hoje está com pagamentos atrasados e sem previsão de regularização por parte do Governo do Estado.
Ruy cita uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da Paraíba (TCE-PB), que mostrou não ter sido realizado nenhum investimento no programa em 2017. “Os valores pagos foram de anos anteriores, de bolsas concedidas em 2015, por exemplo. Há descontinuidade no incentivo aos atletas”, observa Ruy.
O documento do TCE diz o seguinte: “Ora, estamos beirando o início do ano de 2018, e os atletas estão percebendo ainda o incentivo correspondente aos resultados obtidos em 2015, sendo notório o descaso do gestor com relação a um dos objetivos institucionais da SEJEL, além de o investimento estar bem abaixo da previsão orçamentária para o corrente ano”.
Para Ruy, a falta de compromisso com o Bolsa Atleta revela uma visão estreita da gestão estadual com as transformações que o esporte pode proporcionar à vida das pessoas, principalmente os atletas de origem humilde e que precisam da ajuda do Estado para treinar e participar de competições. “Sem pagar o Bolsa Atleta, o Governo do Estado está destruindo sonhos e matando o futuro de muitos jovens, que querem vencer na vida por meio do esporte e levar o nome da Paraíba para o Brasil e para o mundo”, lamenta.
Em 2008, quando estava à frente da Sejel, Ruy aprimorou o Bolsa Atleta através da Lei 8.481 e do Decreto 29.053. O novo projeto criou Bolsas Estudantis, Bolsas Institucionais, Rendimento Nacional e Rendimento Internacional. O atleta deveria se inscrever no programa pleiteando benefício específico e comprovar, frequentemente, seus resultados nas competições disputadas.
Em 2007, o número de desportistas atendidos pelo Bolsa Atleta na Paraíba era de 288. O projeto de Ruy Carneiro elevou esse número em 52,4% – em 2009, eram 439 contemplados. “Hoje este número não deve chegar aos 300 beneficiados que, repito, estão sem receber”, conclui Ruy.