O PSDB oficializou a pré-candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência da República.
Alckmin foi confirmado como pré-candidato, já que o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, desistiu das prévias partidárias após desentendimento interno.
— Por enorme amor a causa pública e compromisso com o Brasil, não estamos lançando candidatura, porque isso será na convenção, mas definido o candidato, vamos trabalhar com grande empenho para ter o melhor projeto para o Brasil.
Alckmin falou à imprensa em coletiva, na sede do PSDB, em Brasília, após reunião da Executiva Nacional do partido.
Perguntado se a ausência de Lula na disputa presidencial poderia fortalecer o cenário para Alckmin, o governador afirma que os candidatos são “instrumentos do povo”.
— Nós não somos candidatos contra o PT, contra o Lula ou quem quer que seja. Nós somos candidatos para ser instrumento do povo brasileiro, da mudança, para o pais poder avançar.
O pré-candidato afirmou que Brasil tem tudo para se recuperar.
— Vamos trabalhar com afianco. O Brasil tem tudo para se recuperar. Mas não vai ser com voluntarismo, vai ser com trabalho, perseverança, mas tem tudo para se reencontrar e ser uma grande nação.
Propostas
Alckmin disse ainda que, se eleito, irá propor a reforma da Previdência em seu primeiro ano de governo. Além disso, o tucano anunciou uma de suas primeiras propostas para a área econômica: uma nova forma de correção dos fundos sociais do governo, como o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), o seguro-desemprego e o abono salarial.
— Tenho convicção de que a reforma tem ser feita no primeiro ano de mandato.
Ao ser questionado se isso também incluia a reforma da Previdência, ele disse que sim.
— Não só a reforma da Previdência, mas outras reformas. Será uma reforma no regime geral de Previdência Social.
Alckmin destacou também uma das primeiras contribuições do economista Pérsio Arida para sua campanha. O ex-presidente do Banco Central vai ser coordenador a área econômica e está desenhando, segundo a reportagem apurou, uma nova forma de atualização para os fundos sociais.
— Quero destacar também que o Pérsio Arida que vai coordenar a área econômica. Uma das discussões que tivemos diz respeito diretamente aos trabalhadores do Brasil: seja da agricultura, seja da indústria, seja de serviços. Temos o FGTS, que faz parte desse apoio. Temos verificado que o trabalhador brasileiro tem sido espoliado ao longo tempo. É quase um Robin Hood às avessas, ou seja, o trabalhador financiando empresas, até através do FI-FGTS, empresas questionáveis do ponto de vista dos recursos públicos.
A ideia dos tucanos é utilizar outros índices econômicos para tornar esses benefícios mais vantajosos para os trabalhadores e para o próprio governo, que utiliza esses fundos como parte do orçamento federal. A proposta surgiu principalmente por conta da discussão sobre o que fazer com o FGTS, que tem perdido em rentabilidade até mesmo para a poupança. Hoje o FGTS é atualizado a juros de 3% ao ano mais taxa referencial.
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Alckmin explicou que, pela sua proposta, o FGTS seria remunerado a partir da Taxa de Longo Prazo (TLP).
— Uma das nossas propostas é o FGTS ser remunerado pela TLP. Se o trabalhador tivesse aplicado R$ 1 real no FGTS em janeiro de 1995, ele teria hoje R$ 4,70. Se ele tivesse aplicado no Certificado de Depósito Interbancário (CDI), teria hoje R$ 20,70. Se ele tivesse aplicado na caderneta de poupança, teria R$ 9,40.
Tasso Jereissati na campanha
Alckmin, anunciou que o coordenador-geral de sua campanha será o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). O parlamentar cearense foi presidente interino no partido no ano passado e se notabilizou por liderar o grupo dos “cabeças pretas”.
Em 2017, Jereissati travou disputa pública com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que tentava se manter no controle do partido mesmo após ser atingido por denúncias da delação da JBS. Jereissati e Aécio trocaram farpas pela imprensa e, desde então, deixaram de ser próximos.
O 2º vice-presidente do PSDB, deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP) explicou que Tasso vai trabalhar no programa de governo.
— Como o Tasso não é candidato porque ele tem mais quatro anos de mandato (no Senado), Alckmin solicitou que ele fizesse essa mediação (na campanha). Ele (Tasso) vai trabalhar em cima do programa de governo.
Tasso também causou polêmica no PSDB, no ano passado, quando colocou no ar, em cadeia de rádio e televisão, uma propaganda partidária tucana na qual o PSDB fazia uma espécie de mea-culpa por ter aderido ao “presidencialismo de cooptação” do governo Michel Temer.
Na ocasião, o partido rachou e Tasso defendeu à imprensa que a sigla precisava se aproximar do “pulsar das ruas”. Questionado se esse pensamento seria priorizado também na campanha de Alckmin, Tripoli respondeu positivamente. “Eu acho que o caminho é por aí”, disse à reportagem.
Coincidentemente, o senador Aécio Neves foi uma das ausências na reunião da Executiva do PSDB, realizada nesta terça-feira, na sede do PSDB em Brasília. A direção da legenda decidiu hoje referendar, oficialmente, a pré-candidatura de Alckmin à Presidência. Isso porque o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, desistiu das prévias partidárias após desentendimento interno.
Como ex-presidente do PSDB, Aécio Neves tem cadeira na Executiva Nacional do partido. Apesar disso, o senador mineiro não apareceu na coletiva de imprensa convocada para formalizar a pré-candidatura de Alckmin. No evento, a maioria dos membros da direção da sigla se posicionaram atrás de Alckmin como forma de demonstração de apoio.
Alckmin aproveitou a coletiva para falar de suas propostas econômicas. Ele voltou a defender uma reforma tributária.
— O modelo tributário que temos permite sonegação enorme e é entrave ao crescimento econômico do Brasil. Tem um estudo que mostra podemos ter ganho de 1% ou 2% do PIB só com a reforma tributária.
Ele evitou, no entanto, rivalizar com o PT.
— Não somos candidatos contra o PT; somos candidatos para ser instrumentos de mudança para o povo brasileiro.