A discussão em torno da mobilidade urbana e a busca de soluções pela falta de estacionamento no Centro da capital paraibana, mais especificamente na região do Parque da Lagoa (Parque Solon de Lucena) unificou na manhã desta quarta-feira (7) os debates e discursos dos vereadores das bancadas governista e da oposição, durante sessão plenária na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP).
O tema teve início com o líder oposicionista na Casa, vereador Leo Bezerra (PSB), que ocupou a tribuna para alertar sobre o risco de fechamento do restaurante Cassino da Lagoa, localizado no Parque Solon de Lucena, por falta de espaços de estacionamento, causada depois das obras de revitalização no local. “Um símbolo da Lagoa, da nossa cidade, corre o risco de fechar. O Cassino faz parte da nossa história”, alertou Leo Bezerra.
O possível fechamento do Cassino da Lagoa por falta de estacionamento passou a ser tratado por quase todos os parlamentares presentes à sessão, que se revezaram nos apartes. O vereador Thiago Lucena (PMN) destacou que o problema não era só de estacionamento, mas também pela crise econômica que tem contribuído para o fechamento de outros restaurantes na cidade. Já o vereador João Almeida (Solidariedade) disse que a mobilidade urbana não existe em João Pessoa. “O Cassino da Lagoa não é apenas um restaurante, mas um símbolo da cidade. A reforma da Lagoa foi excelente, mas não tem estacionamento no local”, lembrou Almeida.
O vereador Leo Bezerra anunciou que seria elaborado um requerimento a ser assinado por todos os vereadores pessoense destinado ao prefeito Luciano Cartaxo (PSD). “Precisamos achar uma solução para que o Cassino não venha a fechar. E isso não é uma questão política, partidária ou da oposição. Este é um assunto de todos os vereadores”. A iniciativa do requerimento também recebeu os apoios dos vereadores Damásio Franca (PP) e Bruno Farias (PPS).
“O Cassino um símbolo de uma cidade romântica. Dos nossos pais e avós. Não podemos rasgar a história, já que o Cassino foi palco de fatos políticos e sociais. Temos que encontrar uma solução e rediscutir toda a questão da mobilidade urbana em torno da Lagoa. Temos que ver a situação de todos os comerciantes da região da Lagoa”, avaliou Bruno Farias.
O vereador Bosquinho (PSC) disse que a discussão sobre a falta de estacionamento no Centro da cidade, de fato, não atinge somente o Cassino da Lagoa, mas todo o comércio do Centro da cidade. “O Cassino da Lagoa é tão importante para nós quanto o Hotel Tambaú, por exemplo. Nossos cartões postais. Mas temos que achar uma saída para salvar este patrimônio da nossa cidade”, garantiu Bosquinho.
O líder do prefeito Luciano Cartaxo na CMJP, vereador Milanez Neto (PTB), ampliou a discussão: “Me acosto à luta pela preservação do Cassino da Lagoa. O problema do estacionamento na região da Lagoa e do Centro Histórico é um fato. Mas a prefeitura tem realizado obras para reaquecer o Centro Histórico, mas estou pronto para fazer o debate, porém preservando uma obra importante que foi a revitalização da Lagoa”.
De acordo com Milanez, o prefeito Luciano Cartaxo, nos últimos anos, tem feito obras importantes na região do Centro Histórico, valorizando essa área da cidade., como as que foram feitas, por exemplo, na Galeria Augusto dos Anjos, no Conventinho, na Praça da Independência, na Praça da Pedra e na própria Lagoa. “Cartaxo tem sido um grande benfeitor do Centro Histórico, mas temos que discutir a falta de estacionamento”.
O Cassino da Lagoa
O prédio do Cassino da Lagoa é de 1935. Foi construído na administração do governador Argemiro de Figueiredo. Ele faz parte da história da cidade de João Pessoa e foi inaugurado como restaurante em 1969: são quase meio século recebendo a sociedade paraibana. Nunca funcionou como um cassino, mas foi reduto de políticos, empresários, jornalistas. Acompanhou as mudanças na sociedade pessoense e “viu” o passar das gerações.
Considerado um prédio charmoso do Parque Solon de Lucena, o Cassino da Lagoa foi palco de alguns momentos históricos da capital, a exemplo de 1950, quando o paraibano Assis Chateaubriand, fundador dos Diários Associados (jornais, rádios e depois tevês em todo o Brasil), para emoldurar discurso de sua campanha senatorial, inaugurou no Cassino a primeira transmissão de tevê da Paraíba.